sábado, 11 de julho de 2015

Aécio Neves e Cássio Cunha Lima representam o golpe e o descompromisso com o Brasil

Por Davis Sena Filho — Palavra Livre
ESQUIZOFRENIA OU LOUCURA MESMO?

No dia 7 de julho, o senador de Minas Gerais e do PSDB, Aécio Neves, afirmou os seguintes “atos falhos” em entrevistas às rádios Gaúcha e Itatiaia: 1) “Nós somos o principal partido de oposição ao Brasil”; 2) “A convenção me reelegeu neste domingo presidente da República”; e 3) Nesse momento de conspiração, qualquer conversa vira conversa pra derrubar presidente”.


Agora vamos à pergunta que não quer calar: “Aécio Neves é golpista ou não?” Resposta: “É”. E a reforço: “Irremediavelmente, o neto do político legalista e antigolpista, Tancredo Neves, transformou-se em um radical de direita, pois inconformado com a derrota eleitoral para Dilma Rousseff, em 2014. Daqui a pouco, ele se transforma em um personagem pitoresco, mas que deve ser levado a sério, principalmente pelas instituições republicanas que dão sustentação ao Estado de Direito e à soberania do povo.
As frases pronunciadas por Aécio Neves denotam que o tucano está a vivenciar um momento quase esquizofrênico no que tange ao seu rancor e inconformismo por não estar sentado na cadeira da Presidência da República. Ele realmente está disposto a derrubar uma presidenta legalmente constituída, com 54,5 milhões de votos dados pelo povo brasileiro. Por causa disso, o político mineiro se torna perigoso para a estabilidade democrática e, apesar de seus afãs e descontroles emocionais, a verdade é que ele coloca em prática o que fala, bem como foi capaz de se aventurar na Venezuela, acompanhado de um bando de patetas e trapalhões, com o propósito de criar uma crise internacional e, consequentemente, questionar a diplomacia do Governo Dilma, além de provocar o mandatário venezuelano.
Para realizar seus desmandos e inconsequências político-partidárias, tal playboy de Ipanema e Leblon tem o apoio de grande parcela de parlamentares da oposição, da imprensa dos magnatas bilionários e, pasmem(!), de setores direitistas do Ministério Público, da Polícia Federal e do Judiciário, ou seja, servidores públicos que aproveitam seus cargos para ilegalmente fazer oposição, e, inclusive, intervir politicamente, inapropriadamente, nos programas do Governo, porque o propósito é impedir que Dilma Rousseff governe e administre o País. Impedir que mandatários governem é golpe, e, portanto, tais golpistas tem de ser denunciados e combatidos.
Porém, duas coisas me chamam a atenção em Aécio Neves, o senador derrotado do PSDB à Presidência da República por Dilma Rousseff, do PT: a primeira é que em sua agenda política o desenvolvimento do Brasil inexiste; e a segunda é que ele, como todo homem de direita e que defende os interesses das classes dominantes nunca pronuncia a palavra povo. Aécio, a exemplo do senador paraibano e igualmente tucano, Cássio Cunha Lima, é privatista, entreguista, defensor dos interesses da iniciativa privada, mas viveu a vida inteira a ocupar cargos públicos e deles a tirar seu sustento e prestígio perante o sistema de poder. É privatista, mas vive sob o guarda-chuva do Estado.
O tucano evita pensar sobre o País para debater o Brasil. Esta evidência deixa claro e transparente que o PSDB e a Casa Grande não tem propostas de governo e projeto de País, porque quem não pensa e debate realmente não tem o que oferecer ao povo brasileiro. Se não fosse Getúlio Vargas e os trabalhistas que governaram posteriormente, essa gente burguesa e provinciana estaria ainda no campo, a contar cabeças de gado, plantar alguma coisa para exportar e mandar seus filhos estudar na Europa, para depois odiar o Brasil, explorar seu povo e servir como testa de ferro dos interesses dos países considerados desenvolvidos. A “elite” brasileira ainda não saiu da era colonial — do ciclo da cana de açúcar.
Até hoje a burguesia brasileira e a pequena burguesia (classe média) se recusam a pensar o Brasil, pois somente reclamam e desprezam o País, mas tem como referência meia dúzia de países, muitos deles a passar nitidamente por um processo de decadência, que essa gente medíocre e portadora de um imenso complexo de vira-lata considera como suas cortes. Seria até engraçado, se não fosse trágico e ridículo. Igualmente desta forma os políticos conservadores procedem, porque são sujeitos que apenas defendem interesses de grupos empresariais, que estão por trás de suas carreira. 
É desta forma que também se comportou Aécio Neves em 2014, no decorrer de sua campanha desrespeitosa e vocacionada para o acinte, a agressão verbal, a manipulação e a distorção das realidades e dos fatos, porque o objetivo era realmente não debater o Brasil, por falta de proposta e projeto para o País mais importante da América Latina, que, segundo Barack Obama, “é de expressão e força global”, a calar a boca da repórter da Globo News, Sandra Coutinho. Aliás, se o Brasil não fosse poderoso, a direita brasileira não estaria tão histérica e, com efeito, não se importaria tanto por estar fora do poder há mais de 12 anos. Ponto.
Na coletiva à imprensa, maliciosamente e matreiramente, a repórter de cabeça colonizada e com um indisfarçável complexo de vira-lata quis colocar a presidenta Dilma em uma saia justa, prontamente rejeitada por Obama, que disse à repórter, empregada dos Marinhos, que o Brasil tem importância mundial e não apenas regional. O problema é que o mandatário estadunidense talvez não saiba que tal jornalista é apenas uma ventríloqua do pensamento retrógado, colonizado e reacionário da família Marinho, dona das Organizações(?) Globo, uma das maiores e mais poderosas oligarquias midiáticas do mundo, que há décadas atrasa o desenvolvimento do Brasil e prejudica seu povo.
Passados nove meses das eleições, os tucanos do PSDB (existem também tais aves no DEM e no PPS) continuam em sua desditosa campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff. Não há absurdo e desfaçatez maior. Além do senador Aécio Neves, que anda furioso, ao tempo que inconformado com sua derrota, agora a sociedade brasileira tem de aturar as estrepolias e traquinagens do senador igualmente tucano, o paraibano Cássio Cunha Lima, que, junto com o mineiro, tornou-se um incendiário da política brasileira, que não mede consequências, porque também não tem compromisso com a democracia e com a estabilidade institucional do País.
E não é que o senador paraibano se tornou um dos principais porta-vozes do golpe? Logo ele, que tem um passado político nada elogiável, bem como é filho do falecido governador, Ronaldo Cunha Lima, que atirou com arma de fogo no ex-governador Tarcísio Burity, em um restaurante de João Pessoa, cujo crime nunca foi punido pela Justiça.
Inacreditável é ver e ouvir de um homem, com tantos esqueletos no armário, acusações infundadas e perversamente engendradas contra a presidenta Dilma, porque o propósito é derrubá-la do poder por via judicial, como ocorreu com o presidente do Paraguai, Fernando Lugo. A verdade é que o Brasil é a sexta economia do mundo, possui uma democracia consolidada e não cabem mais golpes de estado, porque políticos, filhinhos de papai da casa grande, recusam-se a aceitar o resultado de uma eleição livre, soberana e democrática por causa de seus sonhos, devaneios e caprichos.
Cássio Cunha Lima demonstra total falta de discernimento, pois parece desconhecer sua própria realidade, bem como o histórico político de sua vida, sendo que, em 2007, foi cassado pela Justiça Eleitoral de seu Estado por abuso de poder econômico e político, bem como destituído do cargo de governador da Paraíba por cometer tais ilegalidades. Em 2008, o TSE ratificou a decisão do TRE.
E não é que o senador paraibano se tornou, de repente e por conveniência, o catão da mídia de mercado, ao tempo que o arauto da moral, da ética e dos bons costumes, além de porta-voz do golpe? Surreais são as acusações de Cássio Cunha Lima contra a presidenta Dilma Rousseff, cujo governo foi o que mais prendeu os corruptos e ladrões do dinheiro público. Esta realidade é fato, porque nos tempos de FHC — o Neoliberal I —, o procurador-geral da República era chamado de engavetador-geral, inclusive pela imprensa alienígena, que viceja no Brasil e que também se mostra inconformada com a derrota de Aécio Neves. No tempo de FHC, rico não era preso. Fato.
Este é o catão da Paraíba, que aposta no impeachment de uma presidenta eleita legalmente! Logo ele, que foi cassado por ser acusado de ter distribuído 35 mil cheques a pessoas carentes, no decorrer de sua campanha eleitoral de 2006, por intermédio do programa da Fundação Ação Comunitária (FAC), braço assistencialista vinculado ao governo paraibano. Os cheques, de acordo com as denúncias do Ministério Público, totalizaram a soma milionária de R$ 4 milhões. Isto tudo em plena campanha...
O relator do processo no TSE, juiz Eros Grau, negou o recurso a Cássia Cunha Lima, e disse: “Houve marcante descontrole na distribuição de valores financeiros na proximidade do pleito”, para logo o magistrado completar: “Há exemplos expressivos nos autos. Pagamento de plano de saúde, festival de repentistas, que não configuram assistência à pessoa em carência extrema”. Todos os demais ministros da Corte compartilharam com o voto do relator Grau, o que, sobremaneira, confirma o dolo cometido na época pelo governador paraibano para ser eleito.
Cássio é também acusado de nepotismo, irregularidade que foi comprovada. Depois de conseguir eleger Romero Rodrigues (PSDB) prefeito de Campina Grande, o arauto dos bons costumes empregou como assessora especial de gabinete a sogra Iolanda Alves de Azevedo, bem como sua namorada, Jacilene Azevedo, foi nomeada para um cargo na Câmara Municipal da mesma cidade. O tucano também não esqueceu seu cunhado, Jackson Azevedo, e o empregou como supervisor de Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Campina Grande. Seu primo, Flávio da Cunha Lima, funcionário do Senado, também foi agraciado, pois nomeado chefe de seu gabinete. Não importa se essas pessoas ocupam ainda os cargos, mas foram beneficiadas por meio do nepotismo, que é proibido pela legislação.
Então é assim, no Brasil: pessoas que guardam esqueletos no armário saem da penumbra e deitam falação, com a finalidade de judicializar a política e criminalizar autoridades legalmente constituídas e que não incorreram em crimes de responsabilidades, a exemplo de Dilma Roussef e de Lula. Se não fosse a parafernália midiática pertencente à casa grande, o PSDB não passaria de um partido de tamanho médio, porque derrotado quatro vezes consecutivas em eleições presidenciais, bem como, reitero, não tem projeto de País e programas de governos, que visem à emancipação do povo brasileiro e à independência e soberania total do Brasil.
A verdade é que Aécio Neves e seus aliados, que radicalizaram o discurso e suas ações políticas, perceberam que o tucano mineiro só vai sentar na cadeira da Presidência da República se escolher o caminho do golpe institucional, como ocorreu no Paraguai. Seria uma vergonha para o povo brasileiro se tamanha desfaçatez e banditismo político acontecesse, pois ilegal, porque rasga a Constituição e manda para o espaço a democracia brasileira, que a duras penas está a se consolidar, após o Brasil ficar sob as amarras de 21 anos de ditadura militar, apoiada por grandes empresários e também por coxinhas paneleiros de classe média, que, ignorantes, não compreendem o momento histórico vivido pelo Brasil, em busca de independência e autonomia, de seu desenvolvimento e do acesso à igualdade de oportunidades.
Citei alguns equívocos do senhor Cássio Cunha, mas Aécio Neves, em Minas Gerais, cometeu um número maior de graves erros políticos e administrativos. Certamente que esses malfeitos são conhecidos e vicejam como notícias na blogosfera progressista, até porque os grandes meios de comunicação privados dos magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas censuram a si mesmos, bem como não permitem, de forma alguma, que notícias contra seus aliados tucanos e a oposição em geral, inclusive setores reacionários do MP, da Justiça e da PF, sejam veiculadas, publicadas e repercutidas.
Afinal, no Brasil quem somente comete crimes é o lado do Governo Trabalhista. Aliás, todos os governos trabalhistas da história, segundo os inquilinos da casa grande. A direita brasileira, herdeira da escravidão e há cinco séculos dona dos bancos, das empresas e das terras, não comete crimes, não efetiva golpes de estado e não luta para que o status quo seja preservado indefinidamente. Não. De jeito nenhum. A verdade é a seguinte: não vai ter golpe. Como também todos sabem que Aécio Neves e Cássio Cunha Lima representam o desejo de golpe e o descompromisso com o Brasil. É isso aí.

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