sábado, 28 de setembro de 2013

Dilma recupera o que não chegou a perder


Dilma na ONU: "Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra." Imagem: Timothy Clary/AFP
Dilma na ONU: “Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra.” Imagem: Timothy Clary/AFP
Diante dos resultados das últimas pesquisas, Dilma não recuperou o que realmente não chegou a perder. Recuperam a razão, isso sim, aqueles que receberam o bafo das manifestações de junho e embarcaram numa onda que morreu na praia sem trazer nada de bom para a sociedade. Naquele primeiro momento, quando a mídia assumiu o controle do tsunami que derrubaria todos, inclusive o governo federal, as pesquisas surgiram sincronizadas ao JN e às manchetes dos jornalões. A presidenta despencou na avaliação de seu governo e a direita chegou a sonhar que ela nem terminaria o atual mandato.
O povo brasileiro – e quando falo em povo, me refiro a mais de 200 milhões e não a alguns milhares de coxinhas – nunca derrubará um governo que elegeu por ampla maioria, assim, de graça, conduzido por bandeiras fascistóides. Primeiro porque o povo não é politizado. Não se guia por ideologias e nem tem o hábito do debate político. O povo segue seu instinto mais fundamental: a vida melhorou nos últimos 10 anos. E isto é real. Não estamos falando de eletrodomésticos e viagens de avião apenas, mas das perspectivas mais elementares: Hoje, só não tem emprego quem não quer, não precisa ou não pode trabalhar; só não frequenta as salas de aula quem não quer, não precisa ou não pode estudar. Sem falar nas universidades, nas cotas…
No atual cenário, não há ninguém que chegue a ameaçar a reeleição de Dilma. A não ser que surja uma catástrofe diretamente causada ou mal administrada pela presidenta. O que, cá entre nós, depois de seu retumbante discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, é muitíssimo pouco provável que aconteça.
A direita ainda pensa que perdeu “provisoriamente” sua poltrona no Planalto – acidente de percurso, que já vai completando 12 e muito provavelmente chegará aos 16 anos. É a mesma postura adotada na época da escravidão. Dividem a sociedade em Casa Grande e Senzala e entendem que o cargo de Presidente da Republica lhes pertence por “direito e tradição”.
O que a direita produziu de útil ao país nos últimos anos? O pastel de vento apelidado de mensalão que um escroto lançou em 2005 e no qual a mídia embarcou como se estivesse na década de 60 e que, independente do seu desfecho, não vai ameaçar a reeleição de Dilma. Este é o problema da oposição: prefere o golpe a se reconstruir em bases sólidas, oferecendo ao país uma alternativa real de projeto de governo. São tão conservadores, que não renovam seus quadros há mais de uma década. Perdedor de carteirinha, campeão recordista de rejeição, quem estará na disputa em 2014? Serra. Pela quarta vez! E em São Paulo? Alckmin pela quinta vez! Ou seja: a oposição só vai dar lugar ao novo quando seus atuais candidatos se tornarem cadáveres em estado avançado de decomposição.
Patricinhas cearenses: tiro no pé da direita. Imagem Jarbas Oliveira/Folhapress
Patricinhas cearenses: tiro no pé da direita. Imagem Jarbas Oliveira/Folhapress
O povo não discute ideologias políticas. Mas entende, a seu modo, os fatos. A imagem do médico negro sendo vaiado ostensivamente por algumas patricinhas em Fortaleza diz tudo: mostrou-se à população que os médicos que se formam todos os anos querem consultório em bairro nobre e exigem pacientes residentes das “redondezas”. Haja doente rico pra tanto consultório rico…
Lula enxergou em Padilha o candidato ideal ao governo de São Paulo. Oportunista? Sim, em parte. Com tanta mídia contra, não podia ser diferente. Aliás a própria mídia e os coxinhas colaboraram para essa escolha. Lula é um dos poucos políticos que enxergam o quadro por inteiro muito antes de seus adversários. Além disso, talvez seja aquele que melhor conhece o povo brasileiro.
Enquanto muitos conspiram contra o Brasil, Lula vai construindo as condições para possamos extirpar de vez o PSDB e sua máfia de São Paulo. Se conseguirmos eleger Padilha, talvez a oposição acorde para a inevitável e inadiável reconstrução de seus quadros e de suas propostas para o país.

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