quinta-feira, 18 de julho de 2013

Lula:"A verdade é que nós não éramos levados a sério"




Ex-presidente Lula apresenta a palestra "Brasil no Mundo: mudanças e transformações", no encerramento de Conferência Nacional "2003 – 2013: uma nova política externa"; "A verdade é que nós não éramos levados a sério. Mas porque nos não nos respeitávamos. Uma parte dirigente deste país tinha complexo de vira-lata", disse, acrescentando que não permitiria a instalação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) no continente


"Ficar fora do Brasil é um jeito de eu não encher o saco da Dilma, ficar dando palpite", disse o ex-presidente Lula durante palestra “Brasil no Mundo: mudanças e transformações”, no encerramento da Conferência Nacional "2003 – 2013: uma nova política externa", evento realizado no Campus São Bernardo do Campo da Universidade Federal do ABC (UFABC) pelo Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI). Lula falava sobre as viagens que tem feito pela África e pela América do Sul após deixar a Presidência.

"A verdade é que nós não éramos levados a sério. Mas porque nos não nos respeitávamos. Uma parte dirigente deste país tinha complexo de vira-lata", comentou o ex-presidente ao falar sobre a política externa de seu governo. "Diferentemente do que algumas pessoas falam, 'o Lula teve muita sorte, a maré estava favorável'... (os documentos que trago) demonstra claramente que, antes de ser eleito, a gente já tinha uma vocação para fazer o que fizemos do ponto de vista da relação com a América Latina, com a África", disse o ex-presidente, fazendo referência a documentos que comprovariam essa intenção e dizendo que não permitiria a instalação da Alca (Área de livre comércio das Américas) no continente.

Segundo Lula, "não seria possivel fazer a policia externa que fizemos se a gente não tivesse uma definição, uma prioridade". E se eu não tivesse a sorte de encontrar o Celso Amorim para ser o meu ministro das Relações Exteriores", disse Lula, comentando que identificou no seu chanceler (hoje ministro da Defesa) uma pessoa humilde como ele. Para exemplificar o tom de sua política externa, Lula contou como foi sua primeira reunião com o então presidente do Estados Unidos, George W. Bush.

"Em dezembro de 2002, fui convidado para ir ao EUA, conversar com o 'Tio Sam'. Quando cheguei, Bush estava 'mui nervoso', por causa dos atentados à torres. Ele tinha de encontrar alguém para pagar", lembrou o ex-presidente. "Era preciso pegar o culpado, e ele estava muito nervoso e queria invadir o Iraque. Ele falava de forma compulsiva, eu no Salão Oval. Já foi no Salão Oval? Eu conheço gente que já foi, e não foi legal", brincou.

"Eu estava ali, pensando, e o Bush estava falando e falando de terrorismo, e pra mim era tudo novidade. Eu tinha poucos dias de eleito presidente, e o presidente mais importante que eu já tinha visto na vida era o da Volkswagen", ironizou Lula, contando que Bush pediu seu apoio para a empreitada contra o Iraque. "O senhor faça a sua guerra, que eu faço o minha", respondeu Lula, acrescentando que a denúncia sobre armas químicas no Iraque foi a maior mentira deste século.

Fome

Lula também contou sobreos esforços de seu governo para estabilizar a Venezuela e destacou a atenção de sua gestão com a fome. "Nossa política externa teve três coisas básicas. Umas delas, de que me orgulho muito, é que conseguimos colocar para o mundo a questão do combate à fome. Nunca a fome foi tão debatida como a partir do momento que começamos a introduzir, primeiro em Davos, depois numa reunião com o Chirac, em Genebra, e depois em todas as reuniões de que participei", disse.

"É preciso colocar o pobre no orçamento, para ficar gordinho, como eu", disse Lula, lembrando sua experiência de vida, de ter nascido e crescido numa região pobre, para destacar o "pilar mais importante" de seu começo de mandato. O segundo mais importante, segundo ele, foi a diversificação das relações. "Me incomodava a subserviência do Brasil", disse, comentando que ninguém quer romper com os Estados Unidos, mas que era importante olhar para a América do Sul.


De acordo com o ex-presidente, seu governo puxou o "período mais progressista, socialista e de esquerda da América do Sul". Lula lembrou suas relações com presidentes como o boliviano Evo Morales. "Diziam que eu era frouxo por não querer brigar com ele. Mas eu quis brigar com o Bush e ele não quis brigar comigo. Por que eu brigaria com o Evo?, questionou.247

Um comentário:

e007duc disse...

Escrevi um artigo sobre o Lula, esteve na edição do Jornal O Bussocaba, aqui de SP.

Segue o link,

http://issuu.com/obussocaba/docs/o_bussocaba_14__edi__o/1
está na página 02, ou a foto pública do face

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10151670922043086&set=a.10150319873933086.388737.525798085&type=3&theater

PS1: Agradeço a divulgação e parabéns pelas reportagens, descobri seu blog hoje