sábado, 29 de junho de 2013

Conta outra, Datafolha: Aécio subiu? Nem que a vaca tussa!


O instituto Datafolha até que dava para enganar um pouco enquanto estava se limitando a falar em queda da popularidade. Em momento de alarmismo seria possível muita gente que avalia a gestão Dilma como Boa passar a responder como Regular. E voltar a responder "Boa" de novo após a poeira baixar.

Agora que o instituto divulgou essa pesquisa de intenção de voto, nem dá mais para levar a sério, tamanha a falta de lógica dos números.

Segundo o Datafolha, as intenções de voto em Dilma teriam caído a 30%. Ora, isso é exatamente igual ao que o instituto diz ser a avaliação de Ótimo/bom. Ninguém que respondeu regular votaria nela? Me parece impossível. Vá lá que nesse momento, quase de histeria no noticiário, Dilma tenha perdido alguns pontos, mas não deve ser tanto assim. É preciso aguardar outras pesquisas mais confiáveis.

Marina Silva ter subido na pesquisa (de 16% para 23%) não deixa de ser previsível, apesar do número parecer estar inflado. Ela está apostando na negação da política, e este pode ter sido seu melhor momento.

O que queima o filme do Datafolha de vez, e não dá para acreditar, é que Aécio Neves (PSDB-MG) tenha subido (de 14% para 17%). Aécio é político tradicional e profissional. Ele nunca trabalhou em outra coisa na vida. Só em cargos nomeados por políticos, depois foi deputado, governador e agora senador. Tem imagem associada aos privilégios daquele tipo de político que ganha muito, usufrui das mamatas dos cargos, de nepotismo e trabalha pouco. Ele vem de família oligárquica política há pelo menos três gerações. Tem a imagem nítida do político rejeitado nas passeatas recentes. Não haveria como ele subir nas pesquisas neste momento.

Além disso, como explicar as passeatas em Belo Horizonte estarem entre as maiores e mais violentas? As críticas que estão tentando direcionar apenas para Dilma, atinge em maior grau Aécio. O que ele fez pela saúde e educação em Minas, quando foi governador? Em vez de construir hospitais e escolas fez um palácio bilionário como centro administrativo. E foi ele quem controlou a licitação e contrato para reformas no Mineirão, e é o responsável por aceitar e pagar os custos das obras.

Aliás, em uma pesquisa feita apenas entre os manifestantes durante uma manifestação em Belo Horizonte, Aécio ficou em quarto lugar entre os presidenciáveis.

Por fim, ele não mostrou liderança durante os protestos, para se favorecer. Esperou a presidenta se manifestar para apenas rebater, e ainda foi na contramão da opinião pública, indo contra o plebiscito para a reforma política, coisa que conta com amplo apoio popular.

Então não dá para engolir esse estória de Aécio ter subido.

Eduardo Campos também subiu neste Datafolha sinistro (de 4% para 7%). É outro mistério. Ele também tem um perfil de político próximo ao de Aécio.

A lógica indica que nenhum político tradicional saiu propriamente bem na fita nestes protestos. Todos precisam dar respostas à população. Se Dilma realmente tivesse caído muito, a pesquisa deveria indicar queda de todos, ou então, pela lógica, a pesquisa não está honesta.

O Datafolha tem um histórico de soltar pesquisas, digamos, anormais, e favoráveis aos tucanos, em períodos distantes das eleições. Em maio de 2010, quando todos os outros institutos já mostravam Dilma ultrapassando Serra em maio, o Datafolha destoava, e continuou mostrando Serra na frente até julho. Em agosto, o Datafolha se ajustou aos números dos demais institutos (Figura abaixo).


Por tudo isso  não dá para levar essa pesquisa a sério. Temos que aguardar outras. Isso sem negligenciar a voz das ruas que aconteceu de verdade.

Em tempo:

Um ingrediente a mais foi esse testemunho do jornalista Gilberto Nascimento, publicado no dia 21, no Viomundo:

Há cerca de uma hora, na esquina de casa, vi uma mulher abordando outra para perguntar o que achava das manifestações e quebra-quebra no País e se era a favor do que vinha acontecendo.

Como o assunto me interessou, parei e fiquei um pouco próximo para ouvir do que se tratava. A mulher que perguntava tinha um crachá branco e azul, com o nome do Datafolha.

Minha surpresa foi quando a pesquisadora indagou em quem a mulher votava e se ela gostava da Dilma e do Lula. A entrevistada respondeu que votava e continuaria votando no PT.

Aí, a tal pesquisadora respondeu: “Fala baixo, você pode apanhar”. Cheguei perto e questionei: “como pesquisadora, a senhora não pode interferir nas respostas”. A suposta representante do Datafolha disse que só estava avisando “porque gente do PT estava apanhando ontem na Paulista”.

Respondi novamente: “a senhora quer amedrontar a entrevistada? Quer que ela mude de opinião?”. Peguei o nome da entrevistadora no crachá e disse que iria informar o instituto.

Pelo visto, é assim que se colhe a opinião do povo nas ruas. E preparem-se: nas próximas horas pode sair uma nova pesquisa dizendo que o povo não quer mais a Dilma e o PT no poder.Os Amigos do Presidente Lula

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