domingo, 3 de março de 2013

A volta do cipó de aroeira

A VOLTA DO CIPÓ DE AROEIRA

Dizem que o Merval ouviu alguns gritos de FDP ontem, aqui no Rio.

Não que eu considere que esses atos se justifiquem. Mas...

Vamos falar sério. Não dá pra aturar esses cães raivosos da imprensa virem posar de vítimas quando sofrem algum tipo de confrontação, digamos, mais enérgica, em resposta à postura parcial e tendenciosa que eles marcam todos os dias em seus jornalões. Como pode um Merval Pereira que incita a antipatia de pelo menos 80% da população brasileira querer vir se passar de vítima da “intolerância da militância petista”? O cara, todo santo dia, destila seu ódio e seus preconceitos mais rançosos contra um governo que é apoiado pela absoluta maioria da população. O cara, todo santo dia, desfere ataques infundados contra a liderança política mais admirada deste país. E, quando os apoiadores desse governo que ele critica todo dia e os admiradores desse líder que ele ataca todo dia resolvem externar seu descontentamento, ele vai querer chamar isso de intolerância? Pô, intolerância é a dele em não saber conviver com o contraditório. Intolerante é ele por achar que pode falar sem ter que ouvir a outra parte!

Aí me dirão que ele apenas expôs suas opiniões no papel e que os que o xingaram praticaram gestos ofensivos. Uai, então a gente vai ter que pingar alguns is antes de prosseguir nessa conversa porque, afinal de contas, o buraco é bem mais embaixo. O que vocês queriam então? Existe algum meio de, neste país, se fazer uma confrontação, de igual para igual, com a imprensa monopolista?

O que impera hoje no Brasil, em matéria de liberdade de expressão, é a lei da selva. Alguns leões podem rugir à vontade. Os outros bichos, que não têm condições de medir força com os leões, que se calem. Ora, é legítimo que em algum momento os outros habitantes dessa selva se insurjam contra essa ordem animalesca e entornem toda a agressividade sufocada pelo exercício arbitrário que os leões fazem de seu poder, não é não? Não é compreensível que os menores sintam raiva dos grandes que os oprimem?

Para quem considera que tenha faltado “etiqueta”, “bons modos”, “civilidade” aos que chamaram o Merval Pereira pelo seu verdadeiro nome, isto é, FDP, eu respondo que é assim que as coisas funcionam na selva. Se o Sr. Merval ficou ofendido e se os seus colegas milicianos dessa imprensa golpista e corporativa quiserem tomar as suas dores, esta será uma excelente ocasião para propormos a seguinte reflexão: por que não civilizar o acesso aos meios de comunicação no Brasil? Não dá pra exigir civilidade em meio à selvageria, mas se estabelecermos um ambiente de fato civilizado, aí sim, será possível travar esse enfrentamento de posições em outros termos.

Sair às ruas, promover apitaços, passeatas com cartazes, faixas e placas, debaixo de sol quente ou de chuva é um gesto agônico a que devemos recorrer todos nós, os sem mídia. Quem dispõe de espaço num jornal ou revista de circulação nacional, ou mesmo em telejornais de emissoras cujo sinal alcança todo o território nacional não precisa encarar o desconforto de uma passeata, de uma marcha ou de um panelaço ou coisas que o valham. Basta fazer como o Sr. Merval: escrever todos os impropérios que quiser e aguardar a publicação.

Se, nós, os 80% que apoiamos o atual governo dos trabalhadores dispuséssemos de canais de imprensa capazes de difundir nossas idéias, nossas propostas, nossa visão de mundo, nossas opiniões e, evidentemente, nosso descontentamento e contraponto em relação àquilo que é dito pelos veículos tradicionais da mídia oligopolista, realmente nós não precisaríamos praticar atos “mal-educados” como esse que, DIZ-SE, aconteceu ontem aqui no Rio.

Se fosse outra a realidade, que nos permitisse uma condição de igualdade na disputa pela audiência do público e da formação da opinião pública, definitivamente seria condenável xingar o Sr. Merval no meio da rua. Mas se nós não dispomos de acesso aos meios de comunicação, que estão concentrados nas mãos de meia dúzia de famílias que falam sozinhas e silenciam todos os que pensam diferentemente delas, de que modo podemos falar ao Sr. Merval do desprezo que sentimos por ele?

Não sei se o que foi alegado por ele realmente aconteceu. Ele pode perfeitamente estar criando um factóide. Até porque não significa que quem o tenha xingado seja necessariamente petista. Mas, convenhamos, se realmente ocorreu o que ele disse ter acontecido, e se ele não gostou, então vamos abrir espaço para o diálogo. Vamos criar condições para que as vozes hoje sufocadas possam ser ouvidas. Se querem que os descontentes com a imprensa se comportem civilizadamente, é preciso antes pôr fim à selvageria que hoje é praticada pelas grandes empresas de mídia desse país (Globo, Grupo Folha/Uol, Grupo Estado e Grupo Abril). Quando elas deixarem de se comportar como leões vorazes, os que hoje sofrem com a exclusão midiática e com a falta de acesso aos meios de comunicação para exporem suas ideias não acumularão toda essa carga de descontentamento que inevitavelmente em algum momento termina por entornar. 

Cobrem civilidade apenas depois de instaurada a civilização. Enquanto as empresas monopolistas praticarem a lei da selva, e se beneficiarem dela, elas não poderão questionar as reações “mal-educadas” que vierem a ter que enfrentar.

Por isso, é inadiável que a sociedade brasileira exija de seus representantes no Congresso Nacional que se faça cumprir a Constituição Federal. É imperativo e urgente que se aprove o Marco Regulatório das Comunicações no Brasil. O Marco Regulatório será esse marco civilizatório de que tanto estamos precisando.
 
 
Dizem que o Merval ouviu alguns gritos de FDP ontem, aqui no Rio.

Não que eu considere que esses atos se justifiquem. Mas...

 Vamos falar sério. Não dá pra aturar esses cães raivosos da imprensa virem posar de vítimas quando sofrem algum tipo de confrontação, digamos, mais enérgica, em resposta à postura parcial e tendenciosa que eles marcam todos os dias em seus jornalões. Como pode um Merval Pereira que incita a antipatia de pelo menos 80% da população brasileira querer vir se passar de vítima da “intolerância da militância petista”? O cara, todo santo dia, destila seu ódio e seus preconceitos mais rançosos contra um governo que é apoiado pela absoluta maioria da população. O cara, todo santo dia, desfere ataques infundados contra a liderança política mais admirada deste país. E, quando os apoiadores desse governo que ele critica todo dia e os admiradores desse líder que ele ataca todo dia resolvem externar seu descontentamento, ele vai querer chamar isso de intolerância? Pô, intolerância é a dele em não saber conviver com o contraditório. Intolerante é ele por achar que pode falar sem ter que ouvir a outra parte!

Aí me dirão que ele apenas expôs suas opiniões no papel e que os que o xingaram praticaram gestos ofensivos. Uai, então a gente vai ter que pingar alguns is antes de prosseguir nessa conversa porque, afinal de contas, o buraco é bem mais embaixo. O que vocês queriam então? Existe algum meio de, neste país, se fazer uma confrontação, de igual para igual, com a imprensa monopolista?

O que impera hoje no Brasil, em matéria de liberdade de expressão, é a lei da selva. Alguns leões podem rugir à vontade. Os outros bichos, que não têm condições de medir força com os leões, que se calem. Ora, é legítimo que em algum momento os outros habitantes dessa selva se insurjam contra essa ordem animalesca e entornem toda a agressividade sufocada pelo exercício arbitrário que os leões fazem de seu poder, não é não? Não é compreensível que os menores sintam raiva dos grandes que os oprimem?

Para quem considera que tenha faltado “etiqueta”, “bons modos”, “civilidade” aos que chamaram o Merval Pereira pelo seu verdadeiro nome, isto é, FDP, eu respondo que é assim que as coisas funcionam na selva. Se o Sr. Merval ficou ofendido e se os seus colegas milicianos dessa imprensa golpista e corporativa quiserem tomar as suas dores, esta será uma excelente ocasião para propormos a seguinte reflexão: por que não civilizar o acesso aos meios de comunicação no Brasil? Não dá pra exigir civilidade em meio à selvageria, mas se estabelecermos um ambiente de fato civilizado, aí sim, será possível travar esse enfrentamento de posições em outros termos.

Sair às ruas, promover apitaços, passeatas com cartazes, faixas e placas, debaixo de sol quente ou de chuva é um gesto agônico a que devemos recorrer todos nós, os sem mídia. Quem dispõe de espaço num jornal ou revista de circulação nacional, ou mesmo em telejornais de emissoras cujo sinal alcança todo o território nacional não precisa encarar o desconforto de uma passeata, de uma marcha ou de um panelaço ou coisas que o valham. Basta fazer como o Sr. Merval: escrever todos os impropérios que quiser e aguardar a publicação.

Se, nós, os 80% que apoiamos o atual governo dos trabalhadores dispuséssemos de canais de imprensa capazes de difundir nossas idéias, nossas propostas, nossa visão de mundo, nossas opiniões e, evidentemente, nosso descontentamento e contraponto em relação àquilo que é dito pelos veículos tradicionais da mídia oligopolista, realmente nós não precisaríamos praticar atos “mal-educados” como esse que, DIZ-SE, aconteceu ontem aqui no Rio.

Se fosse outra a realidade, que nos permitisse uma condição de igualdade na disputa pela audiência do público e da formação da opinião pública, definitivamente seria condenável xingar o Sr. Merval no meio da rua. Mas se nós não dispomos de acesso aos meios de comunicação, que estão concentrados nas mãos de meia dúzia de famílias que falam sozinhas e silenciam todos os que pensam diferentemente delas, de que modo podemos falar ao Sr. Merval do desprezo que sentimos por ele?

Não sei se o que foi alegado por ele realmente aconteceu. Ele pode perfeitamente estar criando um factóide. Até porque não significa que quem o tenha xingado seja necessariamente petista. Mas, convenhamos, se realmente ocorreu o que ele disse ter acontecido, e se ele não gostou, então vamos abrir espaço para o diálogo. Vamos criar condições para que as vozes hoje sufocadas possam ser ouvidas. Se querem que os descontentes com a imprensa se comportem civilizadamente, é preciso antes pôr fim à selvageria que hoje é praticada pelas grandes empresas de mídia desse país (Globo, Grupo Folha/Uol, Grupo Estado e Grupo Abril). Quando elas deixarem de se comportar como leões vorazes, os que hoje sofrem com a exclusão midiática e com a falta de acesso aos meios de comunicação para exporem suas ideias não acumularão toda essa carga de descontentamento que inevitavelmente em algum momento termina por entornar.

Cobrem civilidade apenas depois de instaurada a civilização. Enquanto as empresas monopolistas praticarem a lei da selva, e se beneficiarem dela, elas não poderão questionar as reações “mal-educadas” que vierem a ter que enfrentar.

Por isso, é inadiável que a sociedade brasileira exija de seus representantes no Congresso Nacional que se faça cumprir a Constituição Federal. É imperativo e urgente que se aprove o Marco Regulatório das Comunicações no Brasil. O Marco Regulatório será esse marco civilizatório de que tanto estamos precisando.


Texto do amigo Rafael Patto
 
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