sábado, 16 de fevereiro de 2013

A pureza pela metade



Não entendi essa.Quer dizer que Marina não aceita doações eleitorais sujas, no entanto, aceita de empreiteiras. Por acaso Marina acha que a Delta, a MRV Engenharia, acusada de usar trabalho escravo, são limpas?
 
 

BRASÍLIA - O novo partido político a ser lançado hoje pela ex-senadora Marina Silva não deseja receber doações eleitorais de empresas "sujas". Estão excluídos fabricantes de bebidas alcoólicas, cigarros, armas e agrotóxicos.
 
 
A ideia é oferecer aos eleitores uma opção mais pura na corrida presidencial de 2014. Além de representar "um novo mundo possível", Marina também rejeitará um certo tipo de dinheiro.
O marketing é bom, mas a pureza oferecida está pela metade.
 
 
Empreiteiras, por exemplo, ficaram fora do "índex marinista". Em 2010, a Andrade Gutierrez doou R$ 1,1 milhão para a campanha presidencial de Marina. A Camargo Corrêa entrou com mais R$ 1 milhão.
 
 
A Andrade Gutierrez é responsável pela construção da usina nuclear Angra 3. Conclui-se, portanto, que a nova legenda aceita de bom grado dinheiro relacionado à energia nuclear --para não citar outras encrencas relacionadas a empreiteiras.
 
 
Outro exemplo é a Suzano Papel e Celulose. A empresa é muito criticada por alguns ambientalistas que a acusam de ser uma poluidora de rios. Em 2010, deu R$ 532 mil para Marina. Poderá repetir a dose em 2014.
 
 
Há mais casos. Não caberiam todos aqui. A rigor, o dinheiro de todas as grandes empresas do país será sempre incompatível com o purismo pretendido por Marina e sua nova legenda.
 
 
Essa inconsistência na fórmula de recebimento de doações não significa risco certo de fracasso para o projeto de eleger Marina presidente no ano que vem. Apenas expõe uma entre muitas fragilidades na ainda incipiente candidatura.
 
 
Para ter sucesso em 2014, Marina precisa acumular forças e vitaminar seu projeto político. Não é obrigada a ganhar o Planalto. Basta receber mais votos do que em 2010. O problema é que, quando se olha o cenário atual, essa parece ser uma missão difícil para a ex-senadora.
 
 
Artigo de Fernando Rodrigues.
 
 

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