sábado, 28 de abril de 2012

Veta Dilma, veta

 


Comemoração e ironia marcam a atitude dos vencedores após a derrota do governo na votação do Código Florestal. O resultado foi expressivo: 274 votos a favor dos ruralistas contra 184 dos ambientalistas, além de duas abstenções. Ausentes 53 deputados. Esse resultado exige uma adjetivação. Surpreendente. A se considerar o teórico “apoio sólido”, composto por 351 deputados dos partidos da base governista.


Por que essa solidez se desmanchou no ar? Por que o governo perdeu? “Perdeu como? Eu sou governo e ganhei”, declarou o líder do PMDB, Henrique Alves.


Ironia a parte e, embora ainda se viva sob o calor da hora, já é possível fazer a dissecação inicial da vitória dos ruralistas impetuosos ou, mais propriamente, do agronegócio selvagem.


Os ruralistas, nesse retorno do projeto à Câmara após a versão aprovada em acordo no Senado, fizeram um jogo frio abusando da sensibilidade de Dilma, testemunhada por interlocutores dela, com possíveis reflexos danosos aos agricultores pobres pela obrigação de re-cuperações das áreas de proteção ambiental. (Aviso aos navegantes machistas: sensibilidade social não é um fruto da alma feminina supostamente inadaptável ao mundo político.)

Jogaram com isso para fazê-la atender a interesses dos grandes desmatadores e, por consequência, forçá-la ao julgamento negativo da sociedade. De qualquer forma, ela tornou-se refém dos parlamentares pro-ruralistas fortemente enraizados no PMDB e no DEM.


Dilma abortou qualquer negociação em seu nome. Perder no plenário, mas, “não perder a cara”, segundo a expressão usada por ela. Houve falhas de articuladores governistas. Não se prepararam o suficiente para debater com os negociadores do PMDB: Michel Temer, Henrique Alves e Paulo Piau.
É possível identificar, também, o fator eleitoral no leque de razões que levaram o governo à derrota.


Há fortes evidências de que o acordo construído no Senado era apenas uma trapaça política da força parlamentar ruralista. Ao seguir para a Câmara não valia mais o que foi escrito no Senado. Lá, o ruralismo não tinha força para superar o governo.


Os senadores, acomodados ao trabalho parlamentar não trocarão o Senado pelas prefeituras. Estavam livres da pressão eleitoral. O governo tinha cedido os anéis.


Na Câmara, os ruralistas passaram a exigir os dedos. O acordo no Senado era uma tocaia. Eis alguns fatos:


– O relator do projeto Paulo Piau (PMDB-MG) foi uma escolha calculada. Ele não vai disputar a eleição municipal e agiria sem essa pressão. Piau recebeu oficialmente na campanha eleitoral para deputado, em 2010, cerca de 1 milhão de reais do setor de agronegócio. Isso, sem dúvida, fortaleceu as convicções ruralistas dele.


– No Rio, o secretário de Meio Ambiente, o folclórico Carlos Minc, buscou apoio do governador Sérgio Cabral. A bancada do PMDB fluminense, porém, preferiu seguir a orientação de Henrique Alves.


– No senado, o PR votou toda com o governo. Agora toda a bancada da Câmara votou contra.
A saída que resta para o governo é o veto presidencial.


Para dar certa ordem ao Código, segundo especialistas, o governo terá de vetar tudo o que diz respeito à regularização de áreas com culturas consolidadas até 2008. Além disso, a presidenta Dilma Rousseff pode apoiar à iniciativa de Jorge Vianna (PT) e Luís Henrique (PMDB) que deram entrada, no Senado, de uma proposta com amplo programa de regularização ambiental.


Nesse caminho, Dilma não terá que se submeter à resistência ruralista da Câmara em votação final. E pode dar a volta por cima.Mauricio Dias, CartaCapital

3 comentários:

Anônimo disse...

O código florestal como ficou depois de mexido, não tem a cara do PT, assim como o corte de 70% do orçamento do INCRA para usar para a Reforma Agrária fazer a agricultura familiar, tam bém não tem a cara do PT. TEM A CARA DO AGRO NEGÓCIO. A presidenta não pode se curvar ao Agronegócio e deixar a agricultura familiar anêmica na UTI. Confiamos em você presidenta Dilma. VETA PRESIDENTA!... VETA PRESIDENTA!... CONFIAMOS EM VOCÊ!...

Andrews disse...

VETA TUDO DILMA. REFERENDO JÁ.

Andrews disse...

VETA TUDO DILMA. REFERENDO JÁ.