domingo, 15 de abril de 2012

Demóstenes lá, Benedito cá. É o poder do jogo

Demóstenes lá, Benedito cá. É o poder do jogo
Gravações apontam que Procurador-Geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, irmão do senador, agia para favorecer negócios de Cachoeira



Goiás247 - Gravações apontam mostram que Procurador-Geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, irmão do senador, agia para favorecer negócios de Cachoeira


O jornal Correio Braziliense traz hoje reportagem que revela a existência de conversas gravadas com autorização da Justiça que mostram acerto entre o senador Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira para intervenções do Ministério Público goiano em favor dos negócios do contraventor.


“Interceptações telefônicas da Polícia Federal apontam que o senador goiano Demóstenes Torres (sem partido) garantiu ao bicheiro Carlinhos Cachoeira interferir diretamente em procedimentos internos do Ministério Público (MP) de Goiás, comandado pelo irmão do parlamentar, o procurador-geral de Justiça, Benedito Torres, para favorecer o contraventor”, registra a repórter Júnia Gama.


E mais: “As conversas, obtidas pelo Correio, mostram ainda a suposta influência da organização criminosa sobre Alencar José Vital, presidente da Associação Goiana do Ministério Público (AGMP), e Ronald Bicca, procurador-geral do Estado (na verdade, ex, como registrou o Goiás247 ontem). Segundo os investigadores, os três eram acionados pelo senador para atender interesses de Cachoeira. Em um dos diálogos, em 16 de maio de 2011, Cachoeira pede a Demóstenes que converse com seu irmão para que interceda contra a transportadora Garbano, que estaria em área incômoda para o bicheiro.”


Ontem, reportagem do Estadão informava que o Ministério Público avalia pedir aposentadoria compulsória de Demóstenes, que é promotor de Justiça e está licenciado há 11 anos:


 
MP de Goiás avalia pedir aposentadoria compulsória de Demóstenes Torres

 
Rubens Santos, especial para O Estado de S. Paulo


GOIÂNIA - As escutas telefônicas da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, não causaram problemas apenas ao senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Resultaram, também, em enorme mal-estar no Ministério Público Estadual de Goiás (MPE-GO), onde Demóstenes detém o título de procurador de Justiça - emprego vitalício - e está licenciado desde 2001, quando disputou vaga no Senado pelo PFL. “Não vou comentar sobre isso”, disse o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MPE, Eliseu José Taveira Vieira, ao ser indagado sobre as possibilidades de o senador voltar ao MPE, em caso de cassação. Outro que evitou comentários foi o corregedor-geral, Aylton Flávio Vechi.


Por meio de sua assessoria, disse que só responderia a questões por e-mail. O irmão do senador e procurador-geral de Justiça há nove anos, Benedito Torres Neto, também esquivou-se.


Mais ações. Já se sabe que as escutas da PF renderão novas ações contra o senador, na hipótese de cassação do mandato e dos direitos civis, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Neste caso, o colégio dos procuradores do MPE de Goiás autoriza a abertura de processo administrativo disciplinar - cuja ação será julgada pelo Tribunal de Justiça de Goiás -, que pode levar à destituição de Demóstenes da procuradoria. Há também outra alternativa, proposta por um grupo de promotores, que é o pedido de aposentadoria proporcional ao tempo de serviço junto ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), em Brasília.


Regalias e afagos. Na visão de membros do MPE, são ambas saídas constrangedoras para retirar de cena um senador que era visto como “campeão da moralidade” no MPE. Se confirmada, porém, a volta de Demóstenes dará ao político uma série de regalias e afagos econômicos. Por exemplo, terá salário superior a R$ 18 mil mensais, mais vantagens como férias de 60 dias por ano e relativas aos últimos 12 anos. Ou seja: o equivalente a quase dois anos de férias, mais licenças-prêmio, às quais também tem direito. Só perderá, mesmo, a antiga aura de herói.


“O envolvimento de Demóstenes Torres respingou no Ministério Público”, afirmou o promotor Fernando Aurvalle Krebs, um dos que assumiram, publicamente, resistir ao retorno do senador. “Não há clima para que Demóstenes reassuma as funções de um procurador de Justiça.”

3 comentários:

Frann disse...

Novamente,no JN de ontem,a rede grobbo desvia o assunto da CPI do Cachoeira,não faz nenhum comentário sobre o envolvimento do Policarpo/Civitta,dos 200 telefonemas e passa a 'encher linguiça' em seu noticiário para agradar a sua pequena platéia elitizada.Estão se borrando de medo,e torço prá que eles estejam envolvidos nesse banho de Cachoeira.

Carlos Cwb disse...

Fico puto com esse troço de "aposentar" corrupto.
O cara faz as maiores merdas, rouba à vontade, e depois é "aposentado" com um belo salario vitalicio. Continuamos a pagar o salario do safado.
Temos que ACABAR COM ISSO!!!
Roubou? Devolve, com juros e correção, pega cana dura e depois vai se virar pra procurar emprego, como qualquer um de nós, da "patuléia"...

RASIL disse...

De acordo Carlos. É foda agente ter que aguentar uma legislação corporativista dessas que protege corruptos e bandidos togados. Em qualquer país civilizado, esses sujeitos iriam para o inferno. Aqui lhes reservam o purgatório. É preciso urgentemente botar o povo na rua para livrar o Brasil da ditadura da mídia e do judiciário.