quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O que é isso, companheiro?

Lei do Pai Nosso obriga crianças a rezarem antes das aulas em Ilhéus


Samir Oliveira. Sul 21
 
 
 
Uma lei da cidade de Ilhéus, na Bahia, obriga os estudantes da rede pública municipal a rezarem o Pai Nosso no início das aulas. A norma foi aprovada por unanimidade pelos 13 vereadores do município e sancionada no dia 12 de dezembro do ano passado pelo prefeito Newton Lima (PT). Batizada de Lei do Pai Nosso, a norma já está em vigor, pois o ano letivo começou no dia 13 de fevereiro. O autor da proposta, vereador Alzimário Belmonte (PP), que é evangélico e frequenta a Igreja Batista, avalia que o hábito da reza poderá diminuir os índices de violência nas escolas.
 
 
 
“Alunos ameaçam e violentam professores, a escola se tornou um espaço perigoso. A situação pode melhorar se implementamos ações que façam a juventude refletir. Precisamos despertar os jovens para a importância da oração na vida do ser humano”, defende o vereador.
 
 
 
Para ele, a lei não é inconstitucional e não contraria a laicidade do Estado prevista na Constituição Federal de 1988. “Não estou induzindo ninguém a uma religião, estou apenas sugerindo uma oração que é universal”, assegura.
 
 
 
Apesar de o vereador garantir que se trata de uma sugestão, a lei 3.589/2011 diz, em seu artigo primeiro, que “fica obrigatório as Escolas do Município de Ilhéus orar o Pai Nosso antes das aulas”.
 
 
 
A secretária de Educação de Ilhéus, Lidiney Campos, avisa que a prefeitura não irá obrigar os professores e diretores das escolas a rezarem o Pai Nosso. “Lei existe para ser cumprida, mas com relação a essa, não estamos obrigando ninguém. Não há vigilância ou punição por parte da prefeitura”, esclarece.
 
 
Lidiney diz reconhecer a laicidade do Estado, mas explica que o hábito da reza já é consagrado entre as escolas municipais. “Entendemos que o Estado é laico, mas muitos dos nossos professores já têm a prática de fazerem uma oração em sala de aula, de ler salmos e textos bíblicos. Nada mudará com essa lei”, acredita.
A secretária considera que “todo ser humano deve ter uma religião”, mas diz ser contra a imposição de um culto. E compara a lei do Pai Nosso com um decreto do prefeito que obriga os alunos a cantarem o hino nacional nas escolas. “Adotaremos a mesma postura nos dois casos, não iremos obrigar a cantarem o hino ou a rezarem”, assegura. A rede municipal de ensino em Ilhéus conta com cerca de 23 mil alunos e 900 professores.


Associação de Ateus já ingressou com representação no Ministério Público
A Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) já ingressou com uma representação no Ministério Público da Bahia contra a Lei do Pai Nosso, que obriga os alunos da rede municipal de Ilhéus a rezarem antes das aulas. O presidente da entidade, Daniel Sottomaior, alega que a norma é “flagrantemente inconstitucional”.
“Essa lei viola a liberdade de consciência e crença. Não é a primeira violação à laicidade do Estado que passa batida no país”, alerta, acrescentando que trata-se de “uma maneira insidiosa de forçar as crianças a terem uma religião”.
Sottomaior observa que a separação entre Igreja e Estado existe no Brasil desde 1891 “para não haver conluio entre interesses políticos e religiosos”. Para o presidente da Atea, o prefeito e os vereadores de Ilhéus estão interessados em garantir o voto de fiéis nas eleições municipais deste ano. “Fica claro que os vereadores e o prefeito estão de olho no voto religioso. Ficam fazendo afagos mútuos em detrimento dos serviços públicos e da qualidade de vida da população”, critica.

O cúmulo da desfaçatez


José Serra, o maior mentiroso da história do Brasil, questionado se faria uma promessa de não abandonar o cargo de prefeito, disse: "Vou cumprir os quatro anos, isso é mais que uma promessa."O cara é muito cínico, dissimulado, vagabundo.Não vale nem o que o gato enterra.

Mais uma herança bendita de Lula

Extrema pobreza registrou queda recorde na América Latina

DA FRANCE PRESSE, EM WASHINGTON


O número de pobres que vivem com menos de US$ 1,25 por dia caiu a níveis recorde na América Latina no triênio 2005-2008, a 6,5% da população, a mesma tendência apresentada em todos os países em desenvolvimento, informou nesta quarta-feira o Banco Mundial.

 
Em 2008, um total de 1,29 bilhão de pessoas, o equivalente a 22% da população dos países em desenvolvimento, vivia em extrema pobreza, ou seja, com menos de US$ 1,25 por dia, a cota internacional fixada pelo Banco Mundial.

 
Isso representa uma queda pela metade em relação a 1990, quando o BM começou a avaliar de forma sistemática e integral a pobreza no mundo.

 
Também significa que o primeiro objetivo de desenvolvimento do Milênio, que era reduzir a extrema pobreza à metade em relação a 1990, foi cumprido antes da data limite de 2015, segundo as estatísticas do Banco.

 
Um total de 1,94 bilhão de pessoas vivia em extrema pobreza em 1981, o que acentua o êxito desta redução da pobreza, levando-se em conta o aumento geral da população mundial.

 
"Esta redução geral ao longo de um ciclo trienal de seguimento se dá pela primeira vez desde que o Banco começou a contabilização da extrema pobreza", explicou o texto.

 
AL E CARIBE

 
Na América Latina e no Caribe, "a partir de um máximo de 14% de pessoas que viviam com menos de US$ 1,25 por dia em 1984, a taxa de pobreza alcançou seu nível mais baixo até então [6,5%] em 2008", explicou o texto.
A porcentagem de pobres que vivem com menos de dois dólares por dia na região era de 12% em 2008, explicou em uma coletiva de imprensa por telefone Martin Ravallion, diretor do Grupo de Pesquisas do Banco.

 
Na América Latina, o número de pobres aumentou até 2002, mas veio diminuindo de forma pronunciada desde então.

 
BRASIL

 
O Brasil, nos governos anteriores à Lula, costumava competir com a África do Sul como o país com mais desigualdades sociais no mundo, mas as políticas sociais e o crescimento econômico também estão fechando esta lacuna no país sul-americano, assim como no resto da região, explicou Ravallion.

 
Embora o estudo tenha terminado em 2008, a crise econômica mundial que explodiu neste ano não teve a repercussão que se temia, disse o Banco.

 
"Análises mais recentes (...) revelam que, embora as crises dos alimentos e dos combustíveis, além da crise financeira ocorrida nos últimos quatros tenham provocado em alguns casos fortes impactos negativos (...), a pobreza mundial, em conjunto, seguiu caindo", explicou o texto.

Embora os países pobres tenham alcançado em seu conjunto o nível de redução de pobreza fixado pela ONU, regionalmente apenas a Ásia (Leste Asiático e Ásia Central) atingiu concretamente este objetivo.

 
"Diante do ritmo atual de progresso, cerca de um bilhão de pessoas seguirão vivendo na pobreza extrema em 2015", explicou Ravallion.

 
A pesquisa se baseou em 850 estudos e pesquisas em 130 países até 2008, em comparação com os 22 estudos utilizados pelo BM no início de suas medições mundiais da pobreza, em 1990.

 
ÁSIA E PACÍFICO

 
Por regiões, a Ásia oriental e do Pacífico mostrou o progresso mais impressionante: 77% vivia com menos de US$ 1,25 por dia em 1981, em 2008 esta porcentagem era de 14%.
Na Ásia meridional, a taxa de extrema pobreza caiu de 61% em 1981 para 36% em 2008.

 
Na África Subsaariana, pela primeira vez, menos da metade da população (47%) vivia com menos de US$ 1,25 por dia em 2008 (51% em 1981).

 
No Oriente Médio e Norte da África, 2,7% da população vivia em extrema pobreza em 2008.

Oban cabocla nos rincões dos Mendes



Esse fascitóide de quinta categoria se chama Márcio Mendes. É um técnico rural que a família do ministro Gilmar Mendes, do STF, mantém como cão raivoso na emissora de TV do clã para atacar adversários e inimigos políticos. A TV Diamante, retransmissora do SBT, é, acreditem, uma concessão de TV educativa apropriada por uma universidade da família do ministro. Mendes, vcs sabem, é o algoz do fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício de jornalistas. Vejam esse vídeo e vocês vão entender, finalmente, a razão. Esse cretino que apresenta esse programa propõe a criação de um grupo de extermínimo para matar meninos de rua. Pede ajuda de empresários e comerciantes para montar um “sindicato do crime”, uma espécie de Operação Bandeirante cabocla, para “do nada” desaparecer com esses meninos. E preconiza: “Faz um limpa, derrete tudo e faz sabão”.

Repito: trata-se de transmissão em concessionária educativa na TV da família de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Eu denunciei isso, faz dois anos, na CartaCapital, em uma das matérias sobre os repetidos golpes que o clã dos Mendes dá para derrubar o prefeito eleito da cidade de Diamantino, que ousou vencer a família do ministro nas urnas. Vamos ver o que diz o Ministério das Comunicações e a Polícia Federal, a respeito. Seria bom saber qual a posição do SBT, também.

Fonte:Brasil eu vi

FHC deu uma dentro


Todo mundo sabe que não gosto de FHC, mas hoje o safado deu uma dentro.Indagado sobre a candidatura de Serra à Prefeitura de São Paulo, o corno manso declarou que a disposição de Serra se candidatar a prefeito o revitalizava e que não o tirava da corrida presidencial.FHC, o rei da maconha-privataria, corrupção e chifre, está certíssimo.José Serra quer fazer da prefeitura de São Paulo um trampolim para sua candidatura à presidência da República em 2014.Por mais que Zé bolinha de papel negue, ninguém vai acreditar nele.Se assinando documento em cartório, se fazendo promessa em debate Zé Bolinha não cumpriu a promessa, imagine se ele não faz nada disso(promessas).Besta é o leitor que vota nele.Mas, francamente,  para Fernando Haddad é até bom que Serra tenha entrado na disputa, afinal, Zé Cerra terá que fazer um enorme esforço hercúleo para se livrar de uma rejeição de 35%( a maior entre todos os candidatos), principalmente por não ter cumprido o prometido.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Brasil 247 é o mais novo jornal filiado ao PiG



O site Brasil 247 entrou em operação com a intenção de fazer um jornalismo independente.No início, até que o mencionado site se diferenciava do PiG.Agora, já não há diferença.O PiG e o Brasil 247 são iguaizinhos.O Brasil 247 traz, hoje, uma matéria que prova claramente a sua falta de isenção.Segundo o Brasil 247, o ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh chacoalhou nesta segunda-feira, 27, seus 1,5 mil seguidores e gerou burburinho. “A presença de José Serra na campanha eleitoral paulistana nos dá a certeza de: a) baixaria total; b) as trevas voltarão; c) mas ele perderá!”, tuitou. A que baixarias ele estará se referindo?" Claro que Greenhalgh falou da baixaria tucana, ou melhor, da baixaria de Serra.O próprio site confirma isso, ao dizer:"opositores contumazes denunciam que, durante campanha eleitoral, Serra trabalha com dossiês e criação de fluxos de informação de ética bastante duvidosa. Sua missão seria, é claro, derrubar os adversários.Pois bem, não obstante a clareza da mensagem de Greenhalgh, o Brasil 247 põe para ilustrar a matéria uma foto de José Serra com algumas estrelas do PT ao seu redor.Quer dizer, para o Brasil 247 só o PT é que faz uso de baixarias nas eleições, o PSDB não faz.Se isso for jornalismo isento, o Terror é totalmente demotucano.

Presidenta Dilma entrega unidades habitacionais em Recife

Herança bendita de Lula

Dilma elogia crescimento e diz que Brasil tem 'onça nordestina'


Dilma Rousseff durante evento do PAC no Recife (Foto: Luiza Mendonça / G1 PE)
Tai Nalon e Luiza MendonçaDo G1, em Brasília, e do G1 PE
 

A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira (28), durante solenidade no Recife, que o Brasil tem "uma onça nordestina", em analogia ao crescimento econômico dos chamados tigres asiáticos - grupo países que se destacou, desde a década de 80, pelo crescimento alto e repentino de suas economias.


Ela exaltou parcerias e investimentos do governador do estado e aliado político Eduardo Campos (PSB) com o governo federal e atribuiu a ele e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - muito aplaudido - os esforços para o que classificou como forte crescimento da economia local.


"No passado, o Brasil crescia só no Sul e no Sudeste. Essa era a realidade do país. [...] O que houve de alteração fundamental desde 2003 foi esse poder de crescimento [no Nordeste] que não excluía as pessoas", disse. "Nós temos aqui uma onça nordestina; não é bem um tigre asiático, mas é uma onça nordestina."


Durante seu discurso, o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, também elogiou o crescimento de Pernambuco. “Você pode atuar de forma mais eficaz, quando se constroem parcerias. E isso é o que a presidente Dilma tem feito aqui em Pernambuco, junto com o governador Eduardo Campos. [...] Eu sou da vizinha Paraíba e lá eu vou ver se eu pego uma rebarbazinha do desenvolvimento aqui de Pernambuco”, brincou.
 
 
Investimentos
 

 Aplaudida, a presidente participou de solenidade de entrega de chaves do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Habitação.


Em viagem ao Recife, inaugurou o Conjunto Habitacional da Via Mangue. Os investimentos do governo federal na obras são da ordem de R$ 48 milhões.


Dilma também anunciou investimento de R$ 2 bilhões do Programa e Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade Urbana na Região Metropolitana do Recife. Entre as ações previstas, estão a construção de estradas perimetrais, corredores viários e o projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe.


"O que nós vamos fazer aqui é melhorar a mobilidade para quem mora e quem trabalha na Região Metropolitana. Essa é uma questão fundamental para uma cidade. E nós vamos transformar o Rio Capibaribe numa estrada, num caminho, numa via fluvial", disse. "O Recife é uma cidade que foi construída em torno de dois rios. Tem que valorizar esses rios. Essa decisão é do governo Eduardo Campos e nós vamos apoiar sem restrição. Muitos brasileiros e estrangeiros virão aqui só para andar de barco no Capibaribe. E vocês irão usar o rio como transporte."


As obras do PAC da Mobilidade Urbana que fazem parte de um projeto construído em parceria com o governador Eduardo Campos. “O governo federal vai destinar esses recursos para a gente concluir a Segunda Perimetral, a Terceira, para fazer a Radial Sul, para o governo do estado fazer a navegabilidade do Rio Capibaribe, para fazermos a Quarta Perimetral, e os corredores Leste-Oeste e Norte-Sul", detalhou o prefeito João da Costa.

Herança maldita dos governos Serra e Alckimin

São Paulo é campeão em conflitos fundiário
 
Nos últimos nove anos, São Paulo foi o estado com mais zonas de conflitos fundiários urbanos. Segundo o Ministério das Cidades, foram 32 casos desde 2003. No Rio de Janeiro, foram 26. O emblemático caso do Pinheirinho, em São José dos Campos, ilustra o processo que, segundo Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem-Teto, tem base na especulação imobiliária. No Brasil, foram 192 casos.

 
Para atrair empreendimentos imobiliários de classe média, comunidades sofrem ações de despejo cotidianamente. Pelo seu tamanho e excesso de violência, o caso do Pinheirinho ganhou destaque na mídia nacional e internacional. Mas, segundo o líder, o processo de desocupação é cotidiano. “Lamentável é que foi preciso ocorrer algo como Pinheirinho para que esse problema recebesse atenção”, afirma Boulos.

Ele observa que as regiões metropolitana de São Paulo, Campinas e São José dos Campos são as que mais sofrem com ordens de despejo. “A zona sul de São José [onde ocorreu o Pinheirinho] concentra mais de 50% dos novos empreendimentos na cidade”, observa Boulos. Matéria de CartaCapital mostrou que o valor do terreno do assentamento cresceu 25 vezes desde o início da ocupação.


Municípios que eram cidades dormitório assistem uma invasão brutal do capital imobiliário, transformando bairros operários em bairros de classe média. É o caso, conta Boulos, de Taboão da Serra, município da grande São Paulo. Morador da região, ele conta que, em 2010, um pequeno construtor entrou na Justiça para pedir a reintegração de posse de uma área de interesse social. Locais com essa classificação têm um custo inferior. Assim que foi feita a reintegração de posse, o terreno foi vendido à construtora Cyrela.
 
 
O curioso, nesse caso, é que, segundo ele, o comandante da Polícia na época, o Tenente-Coronel Adilson Paes agiu de modo a só realizar a reintegração quando os moradores do assentamento já tivessem em mãos o aluguel social e, portanto, não ficassem desabrigados como no caso Pinheirinho.
Em oposição, os movimentos por moradia no Brasil chegam a 200 mil filiados, segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo. Segundo Boulos, o perfil do morador que reside em assentamento é aquele de trabalhadores, muitas vezes desempregados, ou com condições precárias de emprego. Segundo o último levantamento da Fundação João Pinheiro, 90% dos assentados recebem entre 0 e 3 salários mínimos. “Muitos têm de fazer a escolha entre pagar o aluguel ou comprar o leite do filho e acabam sendo despejados de suas casas”, comenta. Integrante do movimento desde 2002, Boulos afirma que, nos últimos anos, houve uma diminuição de moradores desempregados, ao mesmo tempo em que aumentou o número de pessoas com uma inserção precária no mercado de trabalho – terceirizados, ou sem emprego fixo – e sem acesso à moradias.


É natural que os conflitos se centrem nas cidades”, oferece Boulos. Outro fator, que, segundo ele, foi decisivo nos últimos cinco anos para o aumento dos conflitos por terras é o aumento do investimento público no setor imobiliário. Programas como o PAC, Minha Casa, Minha Vida e empréstimos do BNDES fortalecem as construtoras e incorporadoras. “O nível de inserção de dinheiro público agora é outro”, explica. “A ocupação é uma expressão política necessária para que o direito a moradia seja garantido.


Sobre a possibilidade de negociações com o governo, Boulos comenta que encontra dificuldade, tanto na esfera federal quanto com governos estaduais. No caso de São Paulo, diz, é ainda mais difícil. “O PSDB tem um comprometimento umbilical com esse setor do capital”, argumenta. Já o governo federal, do PT, diz, senta à mesa para discutir. Mas as conversas, quase sempre, são infrutíferas. “Há uma diferença de perfil do governo federal. Mas do ponto de vista da efetividade política de enfrentamento da especulação, democratização do solo urbano, isso não existe no estado brasileiro.”CartaCapital

Boris Casoy culpa Lula pela morte da dona da Daslu

O ‘jeitinho brasileiro’ de Eliana Tranchesi comove alguns jornalistas


Vamos aos fatos: a empresária Eliana Tranchesi foi julgada e condenada a 94 anos e meio de prisão por formação de quadrilha, fraude em importações e falsidade ideológica. Dona da Daslu, megaloja de artigos de luxo, Tranchesi foi denunciada através da Operação Narciso, da Polícia Federal, em 2005. Vivia em liberdade por força de um habeas corpus até morrer na semana passada, vítima de um câncer no pulmão.

Não duvido que Eliana Tranchesi possa ter sido boa amiga, boa mãe, enfim, uma pessoa com qualidades. O problema é que, no Brasil, eventualmente a morte absolve e o câncer beatifica. A extensão da ficha criminal de Tranchesi causaria esgares de sobrancelhas a bicheiros obscuros de vários arrabaldes brasileiros, que poderiam enxergar na ascensão da dona da Daslu um plano de carreira a ser seguido. Mas houve quem, na mídia, preferiu suavizar, digamos, o jeitinho brasileiro da empresária para lembrá-la como uma espécie de Midas da moda e do comércio de alto luxo no País – mesmo que essas conquistas tenham chegado através de golpes na Receita Federal, conforme ressaltam seus processos.

Primeiro foi a jornalista e consultora de moda Glória Kalil, uma espécie de Milton Neves da etiqueta nacional, que manifestou-se impunemente chamando Eliana Tranchesi de “uma das melhores comerciantes que este país já teve”, assim, expandindo os horizontes do adjetivo “trambique”. Prossegue Kalil: “Uma pessoa que (…) nunca parou de olhar para a frente e de se esforçar para dar o melhor atendimento à sua clientela e de cercá-la dos mais delicados carinhos mandando flores, bombons e presentes superpersonalizados em todos os dias das mães, dos namorados, Natais e aniversários, sempre embrulhados em muitas fitas e um bilhetinho carinhosos escrito de próprio punho”. A consultora de moda não especificou se as tais fitas chegaram ao Brasil entre os pacotões contrabandeados pela Daslu.

O jornalista Guilherme Barros, da revista Istoé Dinheiro, divulgou uma carta de despedida de Tranchesi, ressaltando que nela a empresária manteve “o seu otimismo e seu espírito guerreiro, apesar de todo o sofrimento”. O otimismo e o espírito guerreiro de quem burlou o fisco por anos seguidos, ressalta-se, embora a introdução do jornalista não traga qualquer menção a isso.

A informação da morte de Eliana Tranchesi parece ter mexido também com os neurônios do jornalista Boris “Gari” Casoy, encostado como âncora de um jornal na madrugada da tevê Bandeirantes. Em editorial alucinógeno, culpou Luiz Inácio Lula da Silva e o mensalão pela morte da empresária. “O governo Lula viu em Eliana um instrumento para tentar desviar as atenções da população sobre a roubalheira do mensalão. O comércio de luxo de Eliana foi o alvo perfeito. (…) O governo montou um enorme circo de polícia e imprensa num episódio triste de utilização da Polícia Federal”, disse Boris, antes de encerrar a explanação com um espirro, valorizando o burlesco do editorial*. Ao menos, justiça seja feita, Boris endossou a culpa da empresária em quase todas as acusações a ela indicadas.


Porém, o ápice do frenesi deu-se no blog da colunista social Hildegard Angel no portal R7. Sob o título “Réquiem para Eliana Tranchesi”, a jornalista que se auto-intitula “uma das mais respeitadas do Rio de Janeiro” (foi bom ela avisar) expeliu a lógica ao cravar: “…pois não me venham com pedras na mão os patrulheiros falar em débitos com o fisco, pois é à Eliana que a Receita do Brasil (negrito dela) deve muito mais”. E, fã, desanda a dizer como Tranchesi parou o que estava fazendo para recebê-la na Daslu, interrompendo sua rotina pesada. “Sei o que isso custa para uma pessoa realmente ocupada”, suspira.
Hildegard Angel não parou por aí e resolveu justificar os crimes contra o fisco da dona da Daslu: “Eliana colecionou e disseminou pioneirismos no comércio do luxo e no comércio da moda, num país em que o emaranhado de leis e o labirinto burocrático travam, enclausuram, imobilizam, praticamente invializam qualquer voo diferenciado. Não estou com isso tentando justificar o injustificável: o drible de leis. Mas quem é do ramo sabe que é praticamente impossível para um empreendedor visionário e sonhador, que pensa longe e pensa grande, sair do lugar, crescer, se expandir, submetido a essa armadura brasileira chamada conjunto de leis fiscais e trabalhistas, que muitas vezes só funciona se bem azeitado com um combustível chamado ‘molhar-a-mão’…”.

Ou seja, justificou, sim, o injustificável. E Hildegard ainda arremata: “Numa das suas poucas entrevistas sobre o assunto, Eliana reconheceu que cometeu o erro de vender luxo num país de agudas diferenças sociais…”. Quer dizer… a culpa é do povão, confere?

Como disse o amigo jornalista Mauricio Savarese, a morte de Eliana Tranchesi serviu para explicitar quem faz jornalismo de fato dos que estão na profissão pelo deslumbre de fazer parte das rodinhas do high society. Parece ser mais fácil fazermos ricos criminosos pagarem por seus crimes na cadeia que extirparmos o jeitinho brasileiro da sociedade.

*ATUALIZADO ÀS 14H24: Apesar de real, o fim do vídeo de Boris Casoy é uma montagem. O espirro em questão foi em uma outra oportunidae


Fernando Vives


Fonte:CartaCapital

Serra não é o dono da bola

A adesão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) à candidatura de José Serra (PSDB) é apenas o começo do jogo. O tucano tem que enfrentar uma alta rejeição, inventar um discurso que não seja o udenista e convencer o eleitor que não vai vencer e dar o seu mandato para o vice.

Por Maria Inês Nassif

Ao contrário do que diz o senso comum, de que não existe páreo para José Serra nas eleições de outubro, o fato é que a candidatura do tucano está longe de ser um passeio. A aliança com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), serve para não rachar o eleitorado conservador - e era isso que o PT queria quando negociava com o prefeito a adesão à candidatura de Fernando Haddad. O PSD, todavia, não agrega voto não conservador. PSDB e PSD bebem do mesmo copo. A opção de Kassab não divide, mas também não acrescenta.

Era tentadora para o PT a adesão de Kassab à candidatura petista de Fernando Haddad. Pelos cálculos do partido, ela poderia balançar a hegemonia tucana na capital, mantida pela alimentação do conservadorismo de uma classe média facilmente influenciável por um discurso de caráter udenista - que colou no PT a imagem da desonestidade, pelo menos em redutos conservadores -, e que tem uma certa aversão a mudanças. Rachar o eleitorado conservador e agregar a ele o voto não conservador aumentariam, em muito, as chances de vitória do PT.

A ausência do apoio do PSD, todavia, não definem a derrota do PT antes mesmo que se inicie, de fato, o processo eleitoral. Votos conservadores do PSDB, somados aos votos conservadores do PSD, podem manter o status quo dos dois grupos junto à direita paulistana, mas não bastam para arregimentar o eleitorado de centro que, em polarizações recentes, tem se inclinado favoravelmente a candidaturas tucanas (ou antipetistas).

O jogo só começou. O PT tem dificuldades na capital paulista, mas Serra não nada em águas calmas. Kassab sai do governo desgastado por sete anos de gestão que não provocaram grandes entusiasmos no eleitorado paulistano (inclusive no que votou nele). A única utilidade do pessedista nessas eleições, estrategicamente, é somar (ou não) o seu eleitorado conservador ao eleitorado conservador de Serra.

O desgaste não é unicamente de Kassab. Serra disputa essa eleição por uma questão de sobrevivência e aposta numa vitória que o fará novamente influente no PSDB, a sigla que deseja para concorrer à Presidência em 2014. Pode perder a aposta, e com isso se inviabilizar por completo no partido. Seu Plano B, o PSD, não o contém mais - para lá afluíram lideranças políticas de oposição que queriam aderir ao governo da presidenta Dilma Rousseff (há uns tempos, Serra encontrou num evento um articulador do PSD e perguntou como ia o "nosso partido".

O político respondeu polidamente, mas quando conta a história não consegue evitar um 'nosso de quem, cara pálida. Nós somos Dilma'). Serra leva o PSD para o seu projeto de poder municipal na capital paulista; não o leva para um projeto nacional de disputar novamente a Presidência da República.

O candidato tucano também vai ter de lidar com o fato de que foi eleito prefeito em 2004, ficou dois anos no poder para se candidatar a governador e, eleito em 2006, abandonou o cargo para disputar a Presidência. Isso não é muito simpático para o eleitorado: é vender uma mercadoria e entregar outra. Tem ainda que resolver, do ponto de vista do marketing político, o que pode colar no adversário, sem lançar mão do discurso anticorrupção.

Vai ser muito complicado para o candidato tocar nesse assunto com o livro de Amaury Ribeiro Jr., “Privataria Tucana”, ainda na lista dos mais vendidos. A soma dos problemas que Serra terá numa campanha não autorizam, portanto, apostar que um simples discurso antipetista resolva uma rejeição que já é grande e tende a aumentar.

O quadro eleitoral paulistano, antes da definição da candidatura de Fernando Haddad para a prefeitura, era de absoluta fadiga de material. Existiam dois candidatos "naturais", Serra, pelo PSDB, e Marta Suplicy, pelo PT, ambos com alto grau de rejeição. A vitória se daria pela polarização, que chegou ao limite nas últimas eleições, ou se abriria espaço para novas lideranças que fugissem do clima de radicalização, mantido na conservadora capital paulista como uma caricatura da polarização nacional.

Se a adesão de Kassab pode evitar o racha da classe média conservadora paulistana nas eleições, o que favorece Serra, sua adesão aos tucanos tem o seu efeito colateral: permite que não se dividam os votos do PT na periferia, que são Marta (que não queria dormir e acordar de mãos dadas com Kassab) e família Tatto (cujo membro mais importante, Jilmar, ganhou a liderança na Câmara dos Deputados depois que desistiu de sua pré-candidatura).

No dia seguinte ao recuo de Kassab, que já estava quase no barco petista remado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT tinha mais chances de reunificar o seu eleitorado de periferia. Haddad não pode prescindir de Marta e Tatto na sua campanha. E ambos não podem achar que o candidato neófito em política não tem chances.

Haddad tem índices pequenos de declarações de voto nas pesquisas até agora feitas, mas jamais disputou eleição. O processo eleitoral o definirá como candidato do PT e, principalmente, de Lula. E ele não tem rejeição própria, como é o caso de Marta Suplicy, que já se expôs muito à classe média paulistana, que tem com ela grandes diferenças. A vantagem de Haddad é que, na primeira disputa eleitoral, terá apenas a rejeição que já é do seu partido. Não agregará a ela nenhuma outra que lhe seja própria. Pelos índices de rejeição exibidos até agora por Serra e Marta (que foi incluída nas pesquisas feitas até agora), isso já é uma grande vantagem.

A hipótese de que surja um terceiro nome, no espaço aberto pela rejeição a Serra e pelo antipetismo, é altamente improvável. O PMDB de Gabriel Chalita não existe há muito tempo na capital e no Estado. Celso Russomano (PRB) tem maior exposição que Haddad, mas não tem partido. O eleitorado que era malufista não foi herdado pelo PRB, mas incorporado pelos políticos petistas, que ganharam a periferia com políticas sociais do governo Marta Suplicy, em São Paulo, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e com o método tradicional de arregimentação usado pela família Tatto.

O voto conservador é forte em São Paulo, mas não faz milagre. Apenas o sorriso de Serra não ganha uma eleição.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Reinaldo Azevedo está peidando de alegria!


Reinaldo Azevedo, aquele jornalista que conseguiu a façanha de quebrar uma revista(A Primeira Leitura), mesmo recebendo bolada do tucano Geraldo Alckmin, via Mossa Caixa(melhor: a ex-caixa dele), está peidando de alegria por Serra ter aceito ser candidato a candidato do PSDB para concorrer à Prefeitura da cidade de São Paulo de 2012.

Segundo Reinaldo Azevedo, a besta-fera do apocalipse, Serra é o candidato mais preparado e foi o único que tratou com a profundidade que o caso merecia, num artigo escrito por ele no Estadão, a questão da concessão de aeroporto pelo governo Dilma Rousseff.

Para chegar a essa conclusão, diz Reinaldo Azevedo:

"Serra foi o único a tratar a questão na sua devida dimensão. As privatizações dos aeroportos não é a primeira efetuada pelo petismo, não! Há outras, como a das estradas federais, que se mostrou um desastre. No caso dos aeroportos, o agora pré-candidato à Prefeitura pelo PSDB lembrou em artigo: trata-se de uma privatização malfeita, potencialmente danosa para o setor, para o país e, por conseqüência, para os usuários — todos nós. Que o PSDB apontasse as incoerências do PT, muito bem! Que tenha limitado a sua crítica a essa questão, sem atentar para as barbeiragens do processo, aí não dá! É preciso dizer um “sim” às privatizações — mas às privatizações bem-feitas".

Mas o que disse Zé Cerra no artigo que chamou tanto a atenção do abilolado Reinaldo Azevedo?

Diz José Serra, no artigo que, segundo o abilolado Reinaldo Azevedo, prova que o bolinha de papel é o mais preparado e o que mais que entende de assuntos relacionados à privatização/concesssão.

"As manobras retóricas do petismo são toscas. O primeiro argumento, das cartilhas online e de grandes personalidades do partido, assegura que não houve "privatização" de aeroportos, mas "concessão". Ora, no passado e no presente, os petistas chamavam e chamam as "concessões" tucanas (estradas em São Paulo, telefonia, energia elétrica, ferrovias, etc.) de "privatização".É muita estupidez desse tucano casado com uma assassina de criancinha.Ora, só uma pessoa mentirosa, embromadora, desonesta intelectualmente para comparar a venda lesiva da Vale, da telefonia, ferrovia, da energia elétrica e as próprias concessões, com cobrança absurda de pedágio, levada a efeito por  José Serra, com as concessões realizadas por Lula e Dilma Rousseff.

Segue Serra com seus besteirol:

"A justificativa de que a Infraero obterá os recursos para investimentos e outorgas da própria concessão é boba - até porque ela já está investindo nas SPEs e vai sacrificar seus retornos. De mais a mais, quais retornos? As outorgas são obrigatórias, enquanto as receitas são duvidosas. A receita líquida do aeroporto de Guarulhos foi de R$ 347 milhões em 2010. A bruta, R$ 770 milhões. A outorga dessa concessão será paga em 20 parcelas anuais de R$ 820 milhões... Mesmo que a receita líquida duplicasse, de onde iriam tirar o dinheiro para os investimentos? No caso de Brasília, a outorga exigirá cerca de 94 % da receita líquida.Neste trecho,  Serra parte de uma visão que os concessionários vão ter prejuízos e que por isso não farão os investimentos necessários nos aeroportotos concedidos.Te tudo se sabe de Zé bolinha de papel, menos que ele domina a futurologia.Imagina se esses empesários que venceram as concessões iriam entrar num invstimento duvidoso.Duvido.

Por fim, Zé Cerra se contradiz  ao afirmar:Tudo facilitado pela circunstância de que a privatização (um tanto estatizada) tirará o TCU do controle e transparência de gastos com aeroportos.Ora, pois, se concessão, segundo o vampiro, é a mesma coisa que privatatização porque Serra diz que os aeroportos foram privatizados?Na verdade, Serra reconhece que o governo Dilma não privatizou nada.

Cabe aqui um comentário sobre o artigo de Reinaldo Azevedo.

O crápula diz, ao criticar a blogosfera lulopetista: "Não por acaso, alguns de seus notórios detratores exibem, em suas respectivas páginas, publicidade não menos notável de estatais e do governo federal. Arma-se, com dinheiro público, a mão da tropa de choque contra adversários".Azevedo não deve falar dos seus amigos jornalistas, afinal,  a revista Veja, o Estadão, a Folha, a Época, a TV Globo, a IstoÉ são sustentadas por verbas do governo federal.Se não fosse o governo federal o PiG já teria entrado em estádio falimentar.Mais:Reinaldo Azevedo é a pessoa menos autorizada para falar nal de certos blogueiros.Não custa repetir que Reinaldo Azevedo, com a sua Primeira Leitura, ganhou polpudas verbas publicitárias do governo Geraldo Alckmin e ainda assim fechou quando Geraldo Alckmin fechou o cofre do governo paulistano, tendo em vista gravíssimas denúncias de corrupção no Banco Nossa Caixa.Mais ainda:e o PiG paulistano é sustentado pelo governo tucano de São Paulo.

São Paulo para todos

(texto  publicado na Carta Maior


O significado da eleição em São Paulo


O campo político brasileiro está constituído e polarizado entre o PT e o PSDB, desde o governo FHC, como pólos que agrupam a esquerda e a direita realmente existentes. Essa configuração foi a segunda, desde o fim da ditadura, quando havia um mapa mais difuso, com o PMDB ocupando o centro do campo político, com sua aliança com o PFL, que havia comandado a transição conservadora que tivemos, tendo o PDS mais à direita e o PT, o PDT, o PC do B, mais à esquerda.

Essa configuração foi sobre determinada pelo governo Sarney, surgido da aliança PMDB-PFL, passando pelo Colégio Eleitoral – que trocou Ulysses Guimarães por Tancredo Neves – e pela contingência da morte deste. Esse campo político foi sendo esvaziado pela impotência do PMDB e seu desgaste por pagar o preço de um governo em que não era hegemônico.
O novo campo político passou por uma transição, marcada pela chegada da onda neoliberal através da candidatura e do governo Collor. Ao final desse projeto, prematuramente cortado pelo impeachment, se desenhou a configuração atual do campo político, com o deslocamento do PMDB e a assunção da aliança PSDB-PFL como novo eixo da direita, assumindo a continuidade reformulada do projeto neoliberal. Desde a passagem ao segundo turno do Lula e a disputa acirrada com o Collor em 1989, o PT passou a polarizar pela esquerda o campo político.

Neoliberalismo e resistência ao neoliberalismo marcaram ideologicamente o novo campo político – e o definem até hoje. Ao encarnar o neoliberalismo aqui – depois que estava prestes a embarcar no governo Collor, quando do seu impeachment -, o PSDB assumiu o lugar de eixo político da direita brasileira, renovada, com o governo FHC e sua aliança com o então PFL. Como se viu pelas campanhas eleitorais posteriores, essa pecha nunca mais saiu dele – com as privatizações como sua marca essencial, mas acompanhada do Estado mínimo, da abertura acelerada do mercado interno, da precarização das relações de trabalho.

O PT, aliado à CUT, ao MST e ao conjunto dos partidos do campo da esquerda e aos movimentos sociais, esteve na resistência ao neoliberalismo, conseguindo frear a privatização já programada pelos tucanos da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica.

O triunfo do Lula fez com que seu governo aparecesse como o contraponto do modelo neoliberal encarnado pelos tucanos: prioridade das políticas sociais, fim da ALCA e prioridade da integração regional e dos intercâmbios Sul-Sul, Estado indutor do crescimento econômico e garantia das políticas sociais e não Estado mínimo que entregava a centralidade ao mercado.

Os PSDB se refugiou em São Paulo onde conseguiu manter sua hegemonia, controlando o governo do Estado e da cidade de São Paulo, por um conjunto de fatores, entre os quais não estão isentos erros do PT e da esquerda. O Estado foi guindado à posição de bastião da direita e do conservadorismo em escala nacional, pela associação com órgãos de imprensa – FSP, Estado, Editora Abril, Radio Jovem Pan, entre outros. Em mais de duas décadas, as únicas exceções foram os governos de Luiza Erundina e de Marta Suplicy, que não conseguiram reeleger-se.

A nova derrota tucana para a presidência da República não impediu que Alckmin se elegesse no primeiro turno para o governo do Estado. Porém a manobra serrista da aliança do Kassab contra Alckmin nas eleições anteriores para a prefeitura, terminaram trazendo problemas para as hostes tucanas, pelo mau governo do Kassab e pela ausência de nomes para disputar sua sucessão.

Depois da farsa da consulta interna – em um universo de filiados que foi se revelando totalmente fictício, até chegar ao numero irrisório de 8 mil, sem a certeza de quantos votariam –, os tucanos apelaram para o Serra como candidato (não importando como vão resolver a farsa da consulta interna). O que recoloca fortemente a polarização nacional no coração do núcleo de resistência tucana, agora com Lula diretamente envolvido – pelo candidato escolhido por ele e pela sua participação sem os limites da presidência da República.

O significado desse embate eleitoral é o de trazer para a cidade os grandes debates nacionais. A cidade e o Estado foram transformados profundamente conforme os critérios mercantis do neoliberalismo pelos governos tucanos. A esfera pública e, com ela, os direitos sociais, foram enfraquecida, em favor da esfera mercantil. O Estado e a cidade mais ricos do país – o segundo e o terceiro orçamentos do Brasil – não são, nem de longe, referência para o país em nenhum dos quesitos essenciais – condições de trabalho, educação, saúde, transporte, segurança, políticas culturais, habitação, políticas para a juventude, pra as mulheres, para as diversidades étnica, sexuais e culturais, para a democratização dos meios de comunicação.

Ao contrário, a cidade de São Paulo, com toda a riqueza não apenas econômica, mas social, cultural, tornou-se uma cidade cruel, pelas condições péssimas em que vive a maioria da população. As elites paulistanas, que lograram impor seus interesses através dos tucanos e da mídia, oprimem, exploram e discriminam a grande maioria da população, que não encontrou até aqui formas eficientes no plano político para reverter essa situação.

A cidade de São Paulo tornou-se o epicentro do racismo e da discriminação no país, contra os pobres, contra os nordestinos, contra os homosexuais, contra os jovens pobres, contra todos os oprimidos, os humilhados, os marginalizados. Mais do que qualquer cidade do país São Paulo precisa de um governo que priorize as políticas sociais e culturais, que a humanize, que difunda os sentimentos e as políticas de solidariedade. Que troque o atual sentimento de exclusão que prioriza as políticas tucanas pela ideia de que precisamos de uma SÃO PAULO PARA TODOS.Emir Sader.

Medíocres Torquemadas

As igrejas, sempre de costas para o futuro, continuam intolerantes às renovações. No tempo do domínio católico no Ocidente, os contestadores de falsas verdades eram atirados à fogueira, amaldiçoados pela Inquisição, que não dava trégua a supostas heresias.

Nos dias de hoje, impotentes para ditar condenações capitais, os inquisidores ordenam aos fiéis a punição de políticos que defendem propostas dissidentes à doutrina que pregam. O aborto e a defesa da homofobia são os exemplos mais gritantes. E irritantes. Em reação, eles promovem nas eleições a “queima” de votos dos hereges e, com isso, cerceiam a liberdade do eleitor e intimidam os candidatos.


Assim agem os pregadores das igrejas evangélicas. São os novos inquisidores.


Essa réplica tardia e infeliz do Tribunal de Inquisição materializou-se no Congresso, onde foi depor o ministro Gilberto Carvalho, na terça-feira 15 de fevereiro. Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, viu-se forçado a expiar publicamente “pecados” cometidos aos olhos da poderosa bancada evangélica, transformada em braço executivo de diversas igrejas religiosas.
“O pedido de desculpas, de perdão, não foi pelas minhas palavras, e sim pelos sentimentos que provocaram”, disse o ministro.


Qual foi a heresia? Gilberto Carvalho, durante o Fórum Social Mundial, manifestou preocupação política com os evangélicos: “A oposição virou pó (…) a próxima batalha ideológica será com os conservadores evangélicos que têm uma visão de mundo controlada pelos pastores de televisão”.


Carvalho é católico fervoroso, mas também é militante político. Petista. Em razão do cargo, não foi cauteloso, embora tenha falado ingênuas obviedades. Não pregou o cerceamento de qualquer manifestação religiosa. Mas foi o suficiente para despertar a ferocidade adormecida da Frente Parlamentar Evangélica, na qual se destaca o senador capixaba Magno Malta, que, entre outras ofensas, chamou o ministro de “irresponsável”.


Um parlamentar ateu presente ao encontro fechado à imprensa descreve assim o ambiente naquele dia: “Os olhos dos senhores parlamentares disparavam chispas de fogo, ódio, raiva e intolerância diante daquele enviado do Maligno que se tornara ministro (…). O clima era pesado. Aquela reunião e a Inquisição têm tudo a ver. Tenho certeza que não exagero. O problema para eles era não poder acender a fogueira. Restavam-lhes as línguas de fogo, prontas a queimar o demônio pecador”.


Serelepe, o deputado Anthony Garotinho, ex-governador do Rio e evangélico atuante, também se destacou na ocasião. Sem sucesso, tentou forçar o ministro a assinar um documento desmentindo as declarações publicadas, mas diferentes do que falou, garantiu Gilberto Carvalho. O inquisidor fez, pelo menos, uma declaração expressiva e inteiramente adequada ao ambiente criado.


“O perdão está para a Igreja assim como a anistia está para a política”, comparou Garotinho.


Igreja e política. O desempenho de Garotinho aproximou ainda mais aquela reunião no Congresso do espírito obscurantista assumido pelos evangélicos. Nesse sentido, fazem uma repetição tardia do catolicismo primitivo.


Os votos dos evangélicos, arma que usam no processo político, talvez não sejam eleitoralmente decisivos. São muitos, é certo. O suficiente para acuar candidatos em busca de votos. Com eles acuaram Dilma e Serra, na eleição de 2010, e transformaram a competição em espetáculo para exibição de medíocres Torquemadas.

Maurício Dias, CartaCapital

Sarkozy, Serra, direita e esquerda em São Paulo


Jornais europeus informam que Sarkozy resgatou sua identidade política profunda para disputar a reeleição de abril na França contra o socialista François Hollande. O favoritismo inicial de Hollande estaria sendo corroído rapidamente pela radicalização à direita do mandatário francês, cuja ofensiva tem como lema um slogan derivado da república colaboracionista de Vichy: 'França Forte'.

Por Saul Leblon, em seu blog

O conservadorismo francês recorre mais uma vez à novilíngua associada a um capítulo vergonhoso da história, no qual parte da elite enxotou os ideais da revolução francesa, entregando-se, sôfrega, a uma acomodação de cama e mesa com o III Reich. Na versão atual, a pièce de resistance é o tripé 'Pátria, família, trabalho', desdobrado em comícios nos quais o situacionismo excreta frases literais das obras de Le Pen, o Plínio Salgado gaulês. Gargantas conservadoras expelem a lava de um nacionalismo xenófobo, atravessado de higienismo contra imigrantes pobres, que manipula as entranhas da insegurança social gerada pela crise.

Sarkozy arranchou sua campanha na certeza de que a crise global do neoliberalismo semeia medo, dissolução e nacionalismo no coração de sociedades desprovidas de alternativa convincente à esquerda. O medo pede ordem; evoca a defesa da pátria. E Sarkozy está disposto a oferecer-lhe valores cevados na alfafa da ignorância e do preconceito; material fartamente cultivado nos piquetes midiáticos de semi-informação e meia-verdade.

A receita de embrutecimento político que já deu certo em Portugal e na Espanha pode ser repetida na disputa de vida ou morte travada pela direita brasileira na eleição municipal de São Paulo? Reconheça-se: embora o quadro econômico seja positivo no Brasil, os protagonistas do conservadorismo nativo estão à altura do enredo. Serra, Kassab, Alckmin, Andrea Matarazzo (a quem se atribui a patente de um equipamento urbano chamado 'rampa anti-mendigo'...) nunca vacilaram em demonstrar qual é a sua concepção de ordem e progresso.

Pouca dúvida pode haver sobre a natureza da gestão de obras e conflitos urbanos nas mãos desse plantel. Não há preconceito no diagnóstico. A farta materialidade histórica que o justifica pode ser condensada em dois eventos recentes --a operação 'Sofrimento e Dor', na Cracolância, e o despejo em Pinheirinho'. Sua lógica comum ajuda a dissipar a neblina da aparente indiferenciação partidária diante do antagonismo social brasileiro. A dificuldade, portanto, não reside exatamente em localizar o vertedouro central da direita nativa, seus propósitos e tributários na disputa municipal de São Paulo.

A grande e compreensível dificuldade porque não há projeto pronto a defender ou a copiar --ao contrário do que ocorre com a direita - consiste em se avançar na construção de um programa progressista para uma grande metrópole do século 21. A tarefa de natureza não exclamativa cobra valores, mas não se esgota na recitação de bons princípios históricos. As forças democráticas, as de centro-esquerda e as de esquerda estão, portanto desafiadas, em conjunto, a construir uma resposta crível às urgências e desmandos que asfixiam a população da 6ª maior mancha urbana do planeta.


Fonte: Carta Maior

José Serra



Lá vem José Serra de novo
Tentando ludibriar o povo
Com a sua carinha de inocente
Quer ser prefeito de São Paulo
Já que seus votos não tiveram saldo
Suficiente para elegê-lo presidente.

O cargo não é o mais importante
O que importa é estar atuante
Na máquina do poder
Porque no final das contas
O que interessa é a pompa
Na qual o político costuma viver.

Mas fico bastante preocupado
Devido ao famoso atentado
Que quase levou Serra ao céu
Será que ele teria saúde suficiente
Para guiar São Paulo conscientemente
Depois da atômica bolinha de papel?

O Serra é muito corajoso
Pois se sair vitorioso
Aumentará muito a sua fama
E isto talvez lhe traga perigo
Porque surgirão outros livros
Como o ‘Privataria Tucana’.

Aqui em São Paulo o PSDB
Tem a segurança que deseja ter
Pois exerce influência sobre a imprensa
E assim ele vai se perpetuando
No poder e a elite vai ficando
Com fama de gente que não pensa.

É hora do PSDB ir embora
Apagando para sempre da história
A sua política de subserviência
E permitir ao Brasil prosseguir
Aparando as arestas e assim
Consolidar a sua independência.


Eduardo de Paula Barreto


Fonte:O Poetisador


Observação:blog excelente.Visite-o.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Dilma e os cubanos presos nos EUA

Quando se aproxima a visita do Papa Bento XVI a Cuba, já se falando inclusive de um possível encontro entre o chefe da Igreja Católica e Fidel Castro, um tema pode entrar na pauta de discussões: os quatro cubanos presos nos Estados Unidos. O que seria o quinto foi solto, mas impedido de voltar para Cuba durante três anos.

Além de terem sido condenados sob a absurda alegação de serem espiões, os cinco foram julgados sob pressão de extremistas vinculados a grupos do exílio cubano em Miami mobilizados há anos com o objetivo de desestabilizar o governo da ilha caribenha.

O cubano solto e sem poder regressar para o seu país de origem, além de ser obrigado a usar um objeto eletrônico no tornozelo para controle de seus passos, continuará vivendo por três anos na mesma cidade onde moram os extremistas responsáveis por atentados ocorridos em Cuba e que foram denunciados exatamente pelos cinco. Trata-se de uma das maiores aberrações jurídicas no mundo nos últimos tempos.

O senador Eduardo Suplicy, do PT de São Paulo, assumiu compromisso público de sugerir que a Presidenta Dilma Rousseff peça ao Presidente dos Estados Unidos Barack Obama que faça justiça e ordene a libertação deles. É difícil, mas tentar não custa, apesar dos votos de Miami que Barack Obama quer abocanhar.
A promessa foi feita durante o o lançamento do livro de Fernando Morais, Os últimos Soldados da Guerra Fria, realizado por ocasião do Fórum Social Mundial Temático, em Porto Alegre, no Sindicato dos Bancários. A sugestão foi aplaudida pelos presentes, um deles o ex-Governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra.


Suplicy achou a ideia “excelente” e se comprometeu a falar com Dilma Rousseff sobre o tema, bem como fazer um pronunciamento no Senado em favor dos cinco cubanos presos nos Estados Unidos. Aguarda-se então que o parlamentar cumpra sua palavra.

Não custa nada lembrar a Suplicy da importância de Dilma Rousseff fazer a sugestão a Obama, com quem se encontrará no próximo dia 14 de abril, pois com uma canetada do Presidente da República os cinco poderão voltar para Cuba imediatamente.


Quem quiser se comunicar com o senador petista para lembrá-lo pode mandar um correio eletrônico para eduardo.suplicy@senador.gov.br ou então pelo telefone (61) 3303-3213 ou fax (61) 3303-2816.


Dilma Rousseff agora tem de mostrar que o seu governo não está sendo submetido a pressões, como alguns acreditam acontece. Tal argumento é levantado sobretudo depois do voto do Brasil na Organização das Nações Unidas ao lado dos Estados Unidos, Reino Unido, França etc culpando apenas o governo sírio pelo banho de sangue que acontece naquele país árabe, absolvendo totalmente a oposição, que segundo denúncias estaria recebendo ajuda de forças estrangeiras dos EUA a Al Qaeda, passando pelo Mossad e M-16 britânico.


Já o Ministério do Exterior russo informou, através do porta-voz Alexánder Lukashévich, que o Observatório Sírio de Direitos Humanos, que informa diariamente ao Ocidente sobre os acontecimentos na Síria, é integrado por duas pessoas, o diretor R. Abdurajmán e um tradutor. Ambos vivem em Londres e o diretor é proprietário de uma cafeteria. Fica como sugestão de pauta para os jornalões entrevistarem o “bem informado” Abdurajmán.


Outro tema que de um modo geral a mídia de mercado tem ignorado são os recentes acontecimentos na Líbia, onde o país retornou à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, depois de excluído nos últimos meses do governo de Muammar Khadafi.


O representante do Conselho Nacional de Transição fez um pronunciamento nesta esfera posicionando-se contra os gays, dizendo que esse grupo é pernicioso à humanidade. Na prática, o governo líbio imposto pela OTAN está reforçando a homofobia.


Como se não bastasse, notícias procedentes da Líbia dão conta que seguem as violações dos direitos humanos praticadas pelo governo títere da OTAN. Há informações segundo as quais os 35 mil habitantes da localidade de Tauerga, a maioria negros, vivem atualmente em campos de refugiados. Estão sendo vítimas das milícias de Misrata por terem apoiado Muammar Khadafi.


Os líbios de Tauerga descendem de escravos levados à Líbia no século XVIII. Eles são agradecidos a Khadafi por terem as suas condições de vida melhorada. O governo anterior possibilitou aos habitantes da cidade, que dista pouco mais de 30 quilômetros de Misrata, educação e ainda por cima tiveram integrantes nomeados para altos postos no Exército.


Durante a guerra civil combateram contra Misrata, cujas milícias agora estão cometendo atrocidades sob o beneplácito dos dirigentes líbios atuais e o silêncio da aliada Organização do Tratado do Atlântico Norte.


Outro fato que indica como está a situação no país bombardeado durante mais de oito meses pela Otan é o de uma jornalista. Hala Misrati, de 31 anos, apresentadora de TV, conhecida defensora do governo Khadafi, foi presa pelo governo do Conselho Nacional de Transição e assassinada depois de sofrer torturas e estupros, segundo relato de jornalistas.


Misrati era militante e quando da captura de Trípoli pelo CNT apareceu na TV desafiando de arma na mão os que tomavam o poder com a ajuda da OTAN. Agora, para se vingar, os democratas líbios a assassinaram. O atual governo confirmou a morte da jornalista, mas sem entrar em detalhes.


Pode-se imaginar como serão as eleições na Líbia marcadas para o segundo semestre deste ano.


Enquanto isso, Israel anunciou a aprovação da construção de 500 casas adicionais na colônia de Shilo, localizada entre as cidades palestinas de Ramallah e Nablus, na Cisjordânia.


E o governo de Benyamin Nethanyahu continua a dizer cinicamente que almeja a paz. O troglodita que comanda Israel criticou o recente acordo da Al Fatah com o Hamas e usa o pretexto como justificativa para interromper qualquer tipo de negociação.


Trata-se de sofisma, porque na prática com a construção de novos assentamentos, Israel demonstra que não quer mesmo nenhum tipo de acordo. Muito pelo contrário, quer levar adiante o projeto bíblico da Grande Israel. E quem sofre com isso são os palestinos, um povo que há anos tenta em vão ter uma pátria livre e soberana.E além do mais, setores da ultra direita de Israel, cujo representante mais notório é o atual Ministro do Exterior, Avigdor Lieberman, defendem um ataque ao Irã, É possível que estejam informados que o Hezbollah, segundo o professor Luis Alberto Moniz Bandeira, possui 10 mil mísseis escondidos em residências particulares apontadas para Israel.


Como desprezam a vida humana, pode ser que queriam mesmo correr o risco.
Mário Augusto JakobskindÉ correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE Direto da Redação


As liberdades de Cuba

O assunto “Cuba” andou frequentando o DR nas últimas semanas, não apenas em função da visita da Presidenta Dilma à ilha caribenha – e o tucanato de plantão espichou as orelhas, vendo no fato uma oportunidade de formulações críticas à postura do Estado Brasileiro -, mas também porque a visita provocou, por parte da grande mídia, muitas reportagens, todas, invariavelmente, contrárias ao regime cubano e todas, invariavelmente, deixando de observar o saudável princípio do contraditório que recomenda, na busca de uma hipotética verdade, a audição das duas partes envolvidas. Aqui no site, é claro, os artigos que trataram do assunto enfocaram esses distintos pontos de vista.

 

Como não me manifestei então, faço-o agora, movido não apenas pelo desejo da não omissão, mas também pelo fascínio do tema, que integra minha visão do mundo desde o tempo de jovem, quando os guerrilheiros de Sierra Maestra derrubaram o governo de Fulgencio Batista, então amparado pelos Estados Unidos, em uma época em que se fazia de muitos países da América Latina – Cuba, principalmente – um grande quintal americano, um quintal sujo pelas atividades mafiosas, pela corrupção generalizada, e pela desavergonhada exploração do povo cubano por uma elite que fazia o jogo do imperialismo. Esses não são termos usados ao acaso, não são chavões de que me valho para retratar a situação de então. Qualquer ida aos livros mostra que a política do “big stick” do Roosevelt do início do século XX veio tendo desdobramentos e materializações em intervenções militares nos países considerados “focos desestabilizadores” ou na sustentação de governos corruptos que representavam seus interesses políticos e/ou econômicos (caso da Cuba de então).

 

Maiores justificativas não poderia haver para a Revolução Cubana que então se efetivou, com franco apoio popular. E a animosidade em relação aos americanos, se já tinha esses antecedentes históricos, mais profunda se tornou após a malograda tentativa da invasão por refugiados e mercenários (treinados e contratados pela CIA) na Baía de Porcos.

 

De lá para cá, é preciso entender a história da ilha e das opções ideológicas e estratégicas do governo fidelista a partir da correlação de forças que rachava o planeta na chamada guerra fria. Os aliados cubanos não poderiam ser outros senão os que representavam, à época, a negação do capitalismo explorador que a ilha experimentara de perto e não queria ver revivido.

 

Do jovem idealista que via a Revolução cubana como uma marca da liberdade, até o homem maduro de hoje, fui acompanhando a distância o que acontecia na ilha, nem sempre amparado por notícias confiáveis, até que resolvi, em 2004, ir a Cuba. O regime já estava passando por sérios problemas decorrentes do isolamento submetido pelos americanos, o bloqueio, agora sem o contraponto aliado do mundo socialista que havia ruído. Mas eu queria ver de perto o que acontecia e, de alguma forma, resgatar uma história que me tinha sido tão cara nos tempos da juventude.

 

Claro que foi uma viagem no tempo, como se costuma dizer ao mencionar os velhos carros americanos deixados na ilha pela elite em fuga e a ausência de aparatos tecnológicos e de conforto que a realidade da ilha não permitia. Encontrei, aqui e ali, alguns sinais de que o sistema socialista não poderia resistir imutável por muito tempo, seja porque os jovens ansiavam por um outro descortino do mundo, seja porque os próprios setores governamentais, principalmente através do turismo, percebiam que a abertura era uma questão de sobrevivência.


Mas tive oportunidade de ver – sem qualquer dificuldade – que, também como componente daquela “parada no tempo” (se pensarmos nos valores do “progresso tecnológico” de hoje), havia aspectos realmente dignos de destaque positivo: os cubanos não possuíam mendigos nem crianças abandonadas pelas ruas, e disso se orgulhavam: os cubanos não morreriam desassistidos pelas autoridades de saúde, pois tinham um sistema de referência mundial; os cubanos não tinham analfabetos (foi interessante perceber que os jovens adolescentes, em sua maioria, liam muito: quase todos conheciam, por ler, obras clássicas consagradas, como o Dom Quixote); os cubanos tinham uma saudável educação do corpo; a droga e a prostituição, se existiam, eram absolutamente pouco significativas, se comparadas com os “padrões” ocidentais.

 

Voltei com duas convicções. A primeira, de que, seria inevitável a abertura cubana, lenta e gradual, não por causa da perversa pressão norte-americana, que se mostrou inócua durante mais de 50 anos , mesmo diante de uma pequena ilha a uma hora de Miami e com uma base inimiga em seu território, mas porque os tempos imporiam, infelizmente, tais mudanças. Cuidadosas mudanças, para não permitir a volta ao regime de quintal e a presença de espiões, agentes e sabotadores ávidos por um festim desestabilizador... A segunda convicção é a de que, se, após a distensão, Cuba souber manter as suas grandes conquistas sociais, sem paralelo em qualquer ponto da América Latina – e poderá, dado o grau de politização do seu povo - certamente se transformará, logo nas primeiras décadas deste século, no país mais exitoso de todo o complexo latino-americano.


As liberdades de ir e vir e de expressar-se são, sim, viscerais e importantes. Mas são relativas e não são as únicas. Um país que mantém mendigos, miseráveis e analfabetos, por exemplo, não lhes permite tais liberdades. Um país que comercializa a saúde e a educação, por exemplo, desconsidera muitas outras liberdades, tão ou mais relevantes para a dignidade humana.

 

Rodolpho Motta LimaAdvogado formado pela UFRJ-RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ , com atividade em diversas instituições do Rio de Janeiro. Com militância política nos anos da ditadura, particularmente no movimento estudantil. Funcionário aposentado do Banco do Brasil.rdades, tão ou mais relevantes para a dignidade humana.Direto da Redação



E se o Corinthians fosse fiel à Gaviões?

 

Detesto Carnaval. Provavelmente porque desde que eu deixei de frequentar os bailes de salão da adolescência e passei a não ter dia e hora marcados pra entrar numa folia, só vi Carnaval na TV, nas madrugadas insones dos intermináveis 5 dias da jornada, quando a outra opção era pastor evangélico. E não tem coisa mais chata no mundo que assistir o Carnaval na TV. Para meu alívio e de muitos, hoje temos a Internet e a TV por assinatura que, embora seja dominada pela Globo, vende alivio nestes dias. Então, como não assisti, ouvi dizer e li algumas coisas sobre o Carnaval deste ano.


Antes de mais nada vou logo admitindo: tenho pré-conceitos a respeito da Globo. Na minha opinião, a emissora sempre será culpada, até provar sua inocência. Tudo que apresenta em sua grade de programação envenena a mente e o corpo do telespectador. A leitura dos fatos que escolhe veicular em seus telejornais é distorcida, serve a interesses de uma elite decadente. A Globo tem as mãos sujas de sangue por ter apoiado todos os golpes militares na América do Sul – a começar pelo nosso que, em troca, deu-lhe concessão e financiamento. Resumindo: as vezes a emissora manipula a opinião pública, noutras também.


Qualquer brasileiro minimamente antenado percebe que a Globo odeia o PT de cabo a rabo, desde a sua fundação até os dias de hoje. E neste ódio, há muito mais preconceito que diferenças ideológicas. Portanto, mesmo que seu público mais rentável na programação esportiva, seja o torcedor corintiano, era de se esperar que a emissora boicotasse a Gaviões da Fiel este ano, por conta da homenagem que a escola anunciou que faria ao torcedor mais ilustre do Corinthians.


A troca de última hora de dois dos jurados que avaliam o desempenho das escolas, foi tão obviamente suspeita e por isso mesmo teoricamente improvável, que até passaria batida, não fosse o fato de que, justamente Mary Dana, introduzida de última hora no grupo, desse à escola a menor nota (8,9) entre todas no tal quesito “evolução” – o que foi aritmeticamente determinante para que a Gaviões despencasse para o sétimo lugar na classificação geral. Assim, a escola não participou do desfile das campeãs de ontem, quando Lula teria 99% de chances de ser liberado pelos médicos para subir ao carro a ele reservado para o desfile. Impedir mais essa consagração do presidente mais popular da história do Brasil foi uma questão de honra para a Globo.


Por curiosidade, pesquisei e encontrei um número impressionante: segundo o IBOPE, o Corinthians coleciona 25,8 milhões de torcedores no Brasil – o equivalente à soma das populações de Portugal, Suécia e Suíça! 14,4 milhões desses loucos – como eles mesmos se denominam, no bom sentido, é claro – vivem no estado de São Paulo. Significa dizer que um em cada três torcedores paulistas, é corintiano.


Sei o quanto é duro, caro e sacrificante para uma escola de samba e seus componentes montar o desfile e imagino o quanto doeu terem sido trapaceados. Então, viajei na maionese: a chamada “nação corintiana” é capaz de eleger um prefeito sozinha! Talvez tenham sido determinantes nas vitórias eleitorais de Lula e Dilma – já que ambos receberam algo em torno de 40% dos votos válidos do estado de São Paulo. (Este potencial, claro, é tão fenomenal quanto perigoso…) Mas será que essa nação tem noção de que corintiano unido pode jamais ser vencido? Será que a Globo tem noção de que a trapaça que armou não foi só contra a Gaviões, mas contra o Corinthians como um todo e contra o próprio Carnaval paulista? Será que os dirigentes do Corinthians tem noção do quanto a Globo depende do Corinthians para se equilibrar no Ibope de sua programação esportiva? Mais fundo na maionese: e se depois dessa injustiça com a Gaviões, o Corinthians resolvesse desfazer o acordo de venda de direitos de imagem com a Globo e fechasse com a Record? O que a emissora faria além de exigir o pagamento da multa por rescisão de contrato? E se a Record resolvesse bancar a multa rescisória? A Globo iria paralisar o campeonato Brasileiro no tapetão e perder os contratos com seus patrocinadores?


Bem que diretoria, jogadores e torcedores do Corinthians podiam dar uma espiadinha no seu passado não tão longínquo, quando um tal de Sócrates comandou a famosa Democracia Corintiana bem debaixo do nariz do general-ditador João Figueiredo, e dessa vez, peitar a ditadura do plin-plin…


Ops! Plin-plin: acordei da viagem na maionese: vivemos na selvageria do oligopólio midiático, terra sem lei. A ausência do Marco Regulatório das Comunicações nos mantém reféns de uma emissora de TV que nos tiraniza há quase 50 anos. A Globo manda no futebol. Os clubes ajoelham e rezam a cartilha da emissora. Todos comem na mão da Globo. Inclusive o Corinthians.


Não sou corintiano, mas assim como a Gaviões, tenho grande admiração pelo presidente Lula e sua história. Torci para que eles ganhassem. Porque eu teria o maior prazer em ir até o Sambódromo para assistir o desfile da escola, ver o Lula com aquele chapéu engraçado que anda usando e sentir aquela tempestade de emoções que sempre acontece quando ele e a platéia se encontram ao vivo.


Depois, dentro das quatro linhas do campo, é claro que o texto seria outro…