quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Do Carandiru ao comando da Rota

Currículo: tenente-coronel, 48 anos, 30 de casa, duas passagens pelo mesmo batalhão, 73 mortos a tiracolo numa só ação, a rebelião de 1992 no Complexo do Carandiru. Com a ficha de serviços prestados ao Estado, Salvador Modesto Madia foi apresentado na terça-feira 22 como o novo comandante do 1º Batalhão de Polícia de Choque – a Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), espécie de Tropa de Elite da Polícia Militar de São Paulo e que conta com 820 PMs.

Será sua terceira passagem pelo batalhão, a primeira como comandante. Na última, entre 1991 a 1993, destacou-se como tenente da operação que deixou, ao todo, 111 presos mortos no pavilhão 9 da Casa de Detenção do Carandiru. Ele estava no grupo que subiu ao segundo andar do pavilhão e atirou, para matar, em 78 dos 111 detidos. Até hoje Madia não foi julgado.


Em sua volta à Rota, agora como comandante nomeado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), ele prometeu dar seu “toque pessoal” na doutrina da corporação, responsável sobretudo por incursões pela periferia. Até junho deste ano, o batalhão foi responsável por 40 mortes em operações, 20% de tudo o que matou a PM paulista – no mesmo período do ano anterior, houve quatro mortes a menos. O tenente-coronel promete manter o trabalho ostensivo do batalhão e avisou: “Nunca tive a postura de ficar atrás de uma cadeira”.


O tenente-coronel assumiu o cargo após a aposentadoria, na semana passada, do coronel Paulo Adriano Telhada, para quem “bandido bom é bandido morto”. Em sua gestão, de acordo com o jornal Agora, os casos de “resistência seguida de morte” com PMs da Rota aumentaram 63,16% durante a gestão de Telhada.



O comando da PM diz que o aumento das mortes ocorreu porque a Rota passou a atuar mais, o número de prisões cresceu 150% e, consequentemente, os casos de resistência e morte também.


Em dezembro deste ano, a Rota passará por reformas em seu complexo, e comemorará 120 anos – enquanto os 116 acusados do massacre no Carandiru, como Madia (que chama o incidente de “dever cumprido”), poderão celebrar os quase 20 anos do episódio sem terem cumprido um dia sequer de prisão.


Até hoje, apenas um dos 116 acusados, o coronel Ubiratan Guimarães, foi julgado e condenado (a mais de 600 anos de prisão). Em 2006, um recurso absolveu o acusado, que não ficou um dia preso – no mesmo ano, ele seria morto num crime até hoje não esclarecido.CartaCapital

2 comentários:

J.Carlos/Aju disse...

Terror,
É contra os meus princípios torcer pela derrota alheia, mas neste caso aqui, trata-se de uma facção terrorista disfarçada de imprensa, que na década de 70 ajudou descaradamente a ditadura.
Começa a ruir um dos império do mal que forma o PIG.
http://noticias.r7.com/jornal-da-record/noticia/em-crise-jornal-folha-de-sp-demite-mais-funcionarios/

henrique de oliveira disse...

Para comandar bandidos nada melhor que um bandido.