domingo, 30 de janeiro de 2011

O vexame dos brasileiros que defenderam o golpe em Honduras



Se tivéssemos uma imprensa séria e profissional de verdade no país, determinados “comentaristas políticos” já teriam sido despachados e as empresas que eles trabalham veiculariam desculpas pelas asneiras que disseram. Como não são e ainda duvidam da inteligência de quem os lê, vê e ouve, fica tudo por isso mesmo e quem falou ou escreveu a sandice continua ocupando espaço, ignorando solenemente a necessidade de se explicar ao distinto público.

por Bruno Ribeiro, no blog A Trincheira


Poderia citar aqui vários jornalistas e comentaristas que usaram os mesmíssimos argumentos, e isso mostra como a maioria reza pela mesma cartilha, mas dentre todos os entoadores de mantra ninguém defendeu o golpe em Honduras com mais paixão e afinco do que Alexandre Garcia e Arnaldo Jabor.

Quando em 2009 os milicos tomaram o poder em Honduras, expulsando o presidente eleito legitimamente, a opinião pública internacional condenou de imediato. O comportamento da imprensa nacional foi esquizofrênico, fazendo eco a princípio com a reação internacional, mas logo em seguida mudando lentamente de posição, até defender abertamente a “legalidade” de um vergonhoso golpe de estado.

Assim que o Brasil assumiu posição de protagonista ao enfrentar os golpistas e dar abrigo ao presidente legítimo na sua embaixada em Tegucigalpa, esse pessoal que ficou responsável por defender a legitimidade do golpe frente à opinião pública brasileira começou a repetir os argumentos fajutos dados pelos golpistas para tentar justificar o atentado contra a democracia daquele país.

Afirmaram enfaticamente que o golpe era legítimo porque Zelaya tentara mudar a constituição. Na verdade, o que Zelaya tentou fazer foi um plebiscito onde a população decidiria se o presidente poderia ser reeleito ou não. Muito mais democrático do que tentar o mesmo através de emenda constitucional, sem respaldo popular como fez FHC em 1997.

A desculpa oficial para justificar o golpe era uma cláusula pétrea na constituição que impedia a reeleição do presidente, portanto passaram a defender que não existiu golpe nenhum, e da mesma forma que vivem tentando reescrever a nossa história, determinaram que o que houve em Honduras em 2009 e no Brasil em 1964 foram “contra-golpes”.

Nem o fato do governo golpista ter fechado TV, rádios e jornais à força, além de ter reprimido com violência manifestações populares mexeu com os brios de quem trabalha com imprensa ou estimulou condenações contra a restrição às liberdades de imprensa. Até a população que protestava contra o golpe e tomou as ruas de Tegucigalpa, chegando a fazer um cerco de proteção à embaixada do Brasil foi classificada como “partidários de Zelaya” e não “dissidentes” como eles costumam classificar opositores de regimes que eles consideram ditaduras.

A humilhação já tinha vindo com uma das revelações do Wikileaks onde o embaixador americano em Honduras classificou o golpe como golpe, simples assim. Logo os EUA, por quem essas pessoas dedicam toda a sua reverência, vem a público ridicularizar suas teorias de “golpe branco”. Naquela ocasião já deveriam ter pedido o boné, como se diz no popular, mas o castigo tinha de ser maior.

Pois bem, nessa semana o governo atual de Honduras, eleito em pleito não reconhecido pela maioria dos países, inclusive o Brasil, e o congresso daquele país aprovaram, em uma ação pouco noticiada pela imprensa brasileira, uma modificação na constiuição que permitirá a reeleição do presidente. Exatamente o que Zelaya tentou fazer e virou desculpa para o golpe de estado.

Alexandre Garcia e Arnaldo Jabor não vão se explicar, vão continuar com espaço para falar o que o diretor de jornalismo da Rede Globo e os diretores da emissora gostariam de dizer, mas não tem coragem, no entanto, a cada dia mais gente vai entendendo o papel a que essas se prestam.

5 comentários:

claudio rodrigues disse...

Excelente comentário Gilvan.De fato, estes "profissionais" de opinião são medíocres e, se, de fato, houvesse controle de qualidade na mídia brasileira, seriam sumariamente demitidos por absoluta incompetência na sua capacidade de análise factual da realidade.

H.Pires disse...

Como já apontado(excelente matéria esta), e tendo em vista milhares e milhares de novos(todos os dias) "consumidores" de verdadeiras noticias via internete, nenhum assunto se torna repetitivo. Assim, como colocado, basta pegar dois bestialoides da outrora "grande" midia, para estender a boçalidade a todos os amiguinhos outros de suas redações. Outro comentario ja efetuado, é sobre a insurreição/resistencia que estamos a assistir no oriente médio. Para a globo e toda a direita: Lá, dona globo e direita, TODOS os governos ditatoriais/neoliberais/liberais/fantoches de Uochinton, estão CAINDO. Estão se DESINTEGRANDO. Efeito DOMINO e não tem retorno não. A internete é um ponto de convergencia para a mobilização(toda a midia no mundo é de direita) mas, VOCES SABEM e nós também, existem partidos muito bem organizados e legitimos representantes das classes operarias, de ESQUERDA, lá atuando com todo o respaldo dos póvos desses Países. NÃO TEM VOLTA NÃO dona globo. Para o bem da humanidade voces irão desaparecer. Lá e cá.

O TERROR DO NORDESTE disse...

Claudio, e Pires, falta no Brasil um governo com os culhões roxo para bater de frente com esses bandidos do PiG.o PiG é quem pauta o noticiário no Brasil, da forma que bem entende.

H.Pires disse...

Volto uma vez mais. Por ser extremamente significativo o fato a seguir, solicito permissão para divulgar. Esta lá no Paulo Henrique Amorim: "...Almiro Sena é o novo Secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia.
Sena é Promotor de Justiça do Ministerio Público da Bahia e Coordenador do Grupo e Atuação especial de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa no MP da Bahia.
Ele é provavelmente o primeiro Secretário de Governo no Brasil fiel da religião umbandista.
Saravá, governador Jacques Wagner !
Sena é autor do livro “A Cor da Pele”, do Instituto Memória Editora.
A epígrafe do livro é “na sociedade racista brasileira o normal é ser branco...".

Paulo Morani disse...

Nós temos o poder do controle remoto. Eu não divulgo mias nada desses caras. Acabei de postar um comentário do DIRETO DA REDAÇÃO em meu blog, e ele faz uma análise da imprensa em geral. Eles vão acabar, se nós não ligarmos mais a TV para vê-los e ouvi-los. É divulgar o positivo e deixar eles a ver navios. Sem audiência, vão acabar!