terça-feira, 30 de novembro de 2010

Dr. Rosinha:Imperialismo dos EUA está em xeque


A Comissão de Relações Exteriores da Câmara vai debater a situação gerada pelo vazamento de documentos secretos da diplomacia norte-americana no site WikiLeaks. O deputado Dr. Rosinha (PT-PR), vice-presidente do Parlamento do Mercosul (Parlasul), defendeu uma análise detalhada do problema pelo colegiado. “O vazamento dos documentos é um fato extraordinário, que mexe com a hegemonia política dos EUA e põe em xeque o imperialismo norte-americano”, diz o parlamentar.

“Mas é preciso cautela, para separar o que é achismo e o que é fato real, como a atuação dos EUA para desestabilizar regimes ou pessoas públicas que contrariem ou questionem os interesses de Washington”, disse o parlamentar.

O site WikiLeaks divulgou 251.287 documentos secretos que revelam os bastidores das diplomacia dos EUA. Entre os arquivos, pelo menos 1.947 referem-se ao Brasil, com base em informações enviadas pela embaixada dos EUA no país.

Há, no conjunto do material, despachos de embaixadas e consulados, transcrições de conversas entre autoridades, ordens internas e outros registros. O vazamento histórico foi condenado pelo governo norte-americano, que acusou o site de “colocar em risco vidas de americanos e aliados” do país.

Golpe em Honduras

O deputado Dr. Rosinha chamou a atenção para o fato de que um dos documentos revela que Washington não tem dúvida de que em Honduras, em junho de 2009, houve um golpe de Estado contra o então presidente, Manuel Zelaya.

Diz um trecho que “os militares, a Corte Suprema e o Congresso Nacional conspiraram no dia 28 de junho no que constituiu um golpe ilegal e inconstitucional contra o Executivo”. “Não há dúvida de que deste nossa perspectiva de que a chegada ao poder de Roberto Micheletti foi ilegítima”. Em outro trecho, “…os argumentos apresentados por Micheletti e pelos militares e políticos golpistas “não tem nenhuma validez substancial” e agrega que “algumas são abertamente falsas”.

O parlamentar do PT assinalou que o vazamento deixou clara a legitimidade da condenação do golpe em Honduras pelo governo Lula , que foi criticado pela mídia e pela oposição brasileira, além de seus aliados direitistas da América Latina e dos EUA. “Como é que ficam esses setores agora, diante de uma informação importante como esta?”, questionou Dr. Rosinha.

No caso do Brasil, conforme publicou a Folha de S. Paulo, um dos documentos diz que a Polícia Federal “frequentemente prende pessoas ligadas ao terrorismo, mas os acusa de uma variedade de crimes não relacionados a terrorismo para evitar chamar a atenção da imprensa e dos altos escalões do governo”. O trecho do documento secreto é de 8 de janeiro de 2008 e foi escrito pelo então embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Clifford Sobel.

Para o vice-presidente do Parlasul, o vazamento poderá mudar a história da diplomacia mundial. “O debate sobre essa enorme quantidade de documentos poderá ter implicações na forma diplomacia e na política externa dos EUA, a depender da extensão e comprovação do teor dos documentos”, disse o deputado.


Site Vermelho

Fora Jobim!


Este lacaio tem mais é que cair fora.

Jobim admite preocupação do Brasil com relação a Venezuela, segundo relatório vazado pelo Wikileaks


Ministro da Defesa, Nelson Jobim, teria admitido em 2008 preocupação do governo brasileiro sobre a possibilidade de a Venezuela desestabilizar a região, segundo suposto relatório da diplomacia dos Estados Unidos, vazado esta semana pelo site Wikileaks


“Jobim afirmou ao embaixador Sobel que o governo brasileiro compartilha da preocupação do embaixador sobre a possibilidade de a Venezuela exportar instabilidade. Ele acredita que Chávez esteja exibindo poder militar para ofuscar problemas internos”, afirma o documento, com data de 2008.

No mesmo texto confidencial, Sobel relata que o Brasil “apoia a criação de um ‘Conselho Sul-Americano de Defesa” para trazer Chávez no mainstream do continente e fornecer garantia de que não há ameaça de segurança”.

“Jobim acredita que isolar a Venezuela poderia levar a mais exibicionismo de Chávez e mais risco de disseminação de instabilidade entre os vizinhos”, acrescenta.

Em comentário ao final do relatório, diplomata americano afirma que “embora a sugestão possa parecer pouco razoável, ela segue a tradicional política brasileira de tentar ser amigo de todos para incorporar a ideia de cooperação de defesa de Chávez em uma suposta estratégia de contenção”.

Em outro telegrama, com data de 25 de janeiro de 2008, o mesmo Sobel relata que dias antes Jobim teria citado o então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, em uma conversa. Segundo o documento, "Jobim disse que Guimarães 'odeia os EUA' e trabalha para criar problemas na relação [entre os dois países]".

Uma nota do Ministério da Defesa emitida hoje nega a afirmação. Segundo o ministério, Jobim telefonou para Guimarães para desmentir a suposta declaração, esclarecendo que "em algum momento conversou sobre ele com o embaixador".

“Se o embaixador disse que Samuel não gosta dos Estados Unidos, isso é interpretação do embaixador, eu não disse isso. Samuel é meu amigo”, afirmou Jobim.

Elogios de Chávez ao Wikileaks


Nesta segunda-feira, Chávez afirmou que o vazamento de documentos promovido do site "Wikileaks" deixou o “império” exposto, e disse que a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, deveria renunciar ao cargo, dada a magnitude das revelações.

"O império foi desnudado. Eu não sei o que os Estados Unidos vão fazer. Quantas coisas estão saindo, como desrespeitam até seus aliados! Quanta espionagem!", expressou Chávez, durante um conselho de ministros transmitido por uma emissora de TV estatal.

Segundo o presidente venezuelano, nos documentos os Estados Unidos "se referem aos seus aliados de uma maneira insólita", e revelam "uma arremetida contra governos, pessoas e entidades internacionais".

"Os Estados Unidos são um Estado fracassado, ilegal, que joga fora todos os princípios da ética, o respeito por seus próprios aliados, e isso eles [os documentos que vazaram] demonstram de maneira gigantesca", disse Chávez.

O líder venezuelano expressou que "é preciso felicitar os membros da 'Wikileaks e seu diretor, Julian Assange, por sua coragem e valor". Uol.

Lula se irrita com pergunta sobre Sarney e manda sabujo 'se tratar'


A família Sarney não vale merda, agora que o sabujo merecia a "porrada" de Lula, merecia.



30 de novembro de 2010

ESTREITO (MA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou profundamente irritado nesta terça-feira, 30, em Estreito (MA) com uma pergunta da imprensa sobre sua relação com a oligarquia Sarney no Maranhão. "Se você tiver que fazer algum protesto você vai para o Amapá, porque foi lá que o povo elegeu Sarney. E vai para São Paulo, porque o povo elegeu Tiririca. Na medida que a pessoa é eleita e toma posse, ela passa a ser uma instituição e tem que ser respeitada", afirmou, dirigindo-se ao repórter.

A pergunta a Lula era se a visita dele ao Maranhão seria em agradecimento ao apoio do grupo Sarney nos oito anos de seu governo. "Uma pergunta preconceituosa como esta é grave, para quem está oito anos cobrindo Brasília. Demonstra que você não evoluiu nada. É uma doença. O Sarney colaborou muito para a institucionalidade. Eu não sei por que o preconceito. Você tem de se tratar. Quem sabe fazer psicanálise", disse.

Nesse momento, a governadora Roseana Sarney interferiu. "É preconceito contra a mulher. Eu fui eleita governadora do Maranhão para tomar conta do povo." Lula emendou: "Sarney não é o meu presidente. Ele é o seu presidente do Senado ele é o presidente do Senado deste País. Eu lamento que não tenha tido evolução (da imprensa)."

Humildade. Mais cedo, o presidente havia feito um discurso atípico, no qual reconheceu que antecessores não tiveram as mesmas condições que ele ao assumir o comando do País. "Eu tenho consciência que outros presidentes da República não tiveram as mesmas condições que eu", afirmou. "O presidente Sarney pegou o Brasil em época de crise. O Fernando Henrique Cardoso, mesmo se quisesse fazer, não poderia, pois o Brasil estava atolado numa dívida com o FMI. Quando você deve, tem até medo de abrir a porta e o cobrador te pegar", afirmou Lula em tom de crítica.

As declarações foram feitas em um discurso de improviso durante visita ao canteiro de obras da usina hidrelétrica de Estreito, na divisa do Maranhão com Tocantins. Ainda em tom de humildade, o presidente observou que a inauguração da obra ficará mesmo para o governo de Dilma Rousseff. "É a Dilma que virá inaugurar, mas eu tinha que vir para fechar a comporta, pelo menos", declarou o presidente. AE.

Lula disse que precisou desmarcar três visitas à obra por causa de problemas nas áreas ambiental e social. Comunidades ribeirinhas denunciam que estão sendo prejudicadas pela construção da usina. O presidente afirmou que recentemente foi firmado um acordo entre o consórcio Estreito Energia, construtor do projeto, com o movimento de atingidos pelas barragens. Pelo acordo, a empresa se responsabilizará por garantir a realocação das famílias e criar condições para que os pescadores continuem suas atividades. "Eu não queria violência com qualquer pessoa", declarou Lula.

Lula: militares ficarão no Rio o quanto for necessário


Presidente ressalta que é preciso parceria com Estados


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (30) que as Forças Armadas continuarão no combate ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro o tempo que for necessário, para garantir a paz. Após visitar o canteiro de obras de uma usina hidrelétrica no rio Tocantins, Lula ressaltou a parceria entre os governos do Estado e federal na operação.

Ele observou que o governo federal só pode enviar tropas após pedido formal do governador Sergio Cabral (PMDB), como prevê a Constituição.

- Eu fiquei feliz com o Sérgio Cabral ter pedido apoio. Nós não podemos interferir. Ele teve sensibilidade, humildade e competência de pedir o apoio e prontamente atendemos.

Questionado se o governo federal tinha sido negligente na fiscalização das fronteiras, porta de entrada de armamentos, Lula respondeu que "o importante é que estamos trabalhando em conjunto", referindo-se ao governo do Rio.

Ele ressaltou que, no seu governo as Forças Armadas passaram a atuar com poder de polícia na vigilância das fronteiras, que fez parcerias com governos vizinhos e está comprando aviões para patrulhamento.

- Vamos controlar melhor nossas fronteiras.

Uma resposta do Estado

A operação no Complexo do Alemão faz parte da reação da polícia à onda de violência que tomou conta do Rio de Janeiro na última semana, quando dezenas de carros foram incendiados em vários pontos do Rio de Janeiro e houve ataques a policiais.

A ação dos criminosos foi vista pelo governo estadual como uma resposta às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas nos dois últimos anos em comunidades antes dominadas pelo tráfico.

Para conter os ataques, a polícia, com apoio das Forças Armadas, realizou uma grande ofensiva na última quinta-feira (25) na Vila Cruzeiro, forçando a fuga de centenas de traficantes para o vizinho Complexo do Alemão, onde foram cercados nos dois dias seguintes. AE

Ninho tucano enfrenta crise no Rio



O Globo - 30/11/2010

Marcello Alencar critica Zito e pede que prefeito deixe a presidência do PSDB

A reunião promovida ontem pelo diretório regional do PSDB no Rio para discutir o desempenho tucano nas eleições de outubro terminou em crise. O ex-governador Marcello Alencar propôs ao prefeito de Duque Caxias, José Camilo Zito, que deixe a presidência estadual. Ele reclamou que Zito não se empenhou para eleger José Serra presidente e Fernando Gabeira (PV) governador. O prefeito também teria estreitado relações com o governador reeleito Sérgio Cabral (PMDB). Após as críticas, Zito afirmou que dificilmente permanecerá no cargo e não descarta deixar o partido.

Zito afirmou que entregaria sua carta de renúncia ontem. Mas voltou atrás após pedido do vice-presidente regional, Márcio Fortes. A decisão será tomada em 15 dias. Marcello afirmou estar decepcionado com Zito, que tem mandato de presidente até abril. O ex-governador foi o maior defensor da entrada do prefeito no partido e de sua permanência no comando.


- Estou surpreso. Estive empenhado em eleger Serra. Não podem me culpar de seu desempenho pífio. Sugerir tirar dois meses de licença para a campanha e não quiseram. Respeito o Marcello, mas o tempo dele passou. Será difícil eu permanecer na presidência e ficarei no partido até o prazo que a legislação determinar - sentenciou Zito.

O mal estar tomou conta do ninho após a executiva regional decidir apoiar Gabeira. Zito defendeu Serra, mas foi contra o verde, a quem acusou de discriminá-lo. Serra obteve no segundo turno pouco mais de 25% dos votos em Duque de Caxias. Já Gabeira não chegou a 14% no primeiro turno na cidade.

Após a reunião, os tucanos reagiram à crise defendendo mudanças no partido, como a formação de novos quadros.

- O PSDB tem que parar de ficar só discutindo e falando de nomes. Precisa é repensar sua ideologia - disse a vereadora Andrea Gouvêa Vieira.


- O PSDB tem agora é que fazer frente à política de um partido único que domina o Rio - acrescentou o deputado Otávio Leite.

"Carcará do Sertão" chega à Série B do Brasileirão e vai ganhar espaço na TV

Lula em comício em Salgueiro-PE.

Valor Econômico - 30/11/2010



Além da economia em ebulição, a população de Salgueiro teve outro motivo para celebrar 2010. O time de futebol da cidade, mais conhecido como "Carcará do Sertão", conseguiu acesso para a Série B do Campeonato Brasileiro do próximo ano, o que significa que terá suas partidas transmitidas para todo o Brasil pela televisão.

Dono do Salgueiro Atlético Clube, o baiano Clebel Cordeiro de Souza, de 48 anos, é mais um dos empresários bem sucedidos da cidade. Ele chegou a Salgueiro em 1984, quando ainda trabalhava na produção dos hoje proibidos showmícios. "Cheguei, fiz amigos, arranjei mulher e fiquei", relembrou, enquanto manuseava a cafeteira que fica em seu escritório, ao lado do Estádio Municipal Cornélio de Barros Muniz, a casa do Carcará.

Após alguns anos na cidade, já enturmado, Clebel foi escalado para cuidar dos trâmites do sepultamento de uma pessoa conhecida. Chocado com os preços cobrados, decidiu em 1995 abrir sua própria empresa de serviços funerários. Sediada em Salgueiro, onde tem instalações de fazer inveja a qualquer cidade de maior porte, a SAF conta hoje com 55 filiais espalhadas pelo interior de Pernambuco e da Bahia.

"Nunca gostei de capital. Precisa de muita coisa pra ficar conhecido. No interior não precisa", afirmou ele, com os olhos baixos e a voz mansa. Além do time e da SAF, Clebel é dono da única loja de material esportivo de Salgueiro, onde a camisa do Carcará está em falta há mais de um mês.

Com expertise em temas fúnebres, o empresário diz que pegou o time praticamente na cova, em 2005. De lá para cá, organizou as finanças, trouxe alguns jogadores e torceu muito. Agora, espera ver cumprida a promessa feita pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), de ampliar para 12 mil lugares a capacidade do acanhado estádio municipal. Sem isso, o Carcará vai ter que mostrar sua arte em outra cidade, visto que o regulamento da Série B exige estádio com mínimo de 10 mil lugares.

Além da vitrine nacional pelo futebol, Clebel espera que o dinamismo econômico de Salgueiro ajude a atrair dinheiro para o time. "Já estou conversando com possíveis patrocinadores", adiantou. Ele também pretende construir o centro de treinamento, para dar maior ênfase à formação de jogadores. "Preciso ganhar dinheiro com isso em alguma hora", brincou o empresário.

Ex- goleiro do time de juniores do Itabuna, na Bahia, Clebel diz ter passado para a esposa toda a responsabilidade sobre a operação dos caixões, velas, flores e cortejos. Apesar de acreditar muito no potencial de desenvolvimento econômico do município, ele não quer saber de novos negócios. "Esqueci tudo. Agora é só o Carcará".

Transnordestina transforma Salgueiro


Murillo Camarotto


Valor Econômico - 30/11/2010

Ainda decifrando os muitos horizontes abertos pelo primeiro emprego, a estudante Cyntia Carolina de Souza, de 18 anos, só tem uma certeza imediata: quer consumir. Perguntada sobre o que vai mal em Salgueiro, cidade de 56 mil habitantes no sertão de Pernambuco, ela só se lembrou da torturante demora na conclusão das obras do primeiro shopping center local. "Estou muito ansiosa", afirmou a estudante, que trabalha há quatro meses no controle de qualidade da fábrica de dormentes de Salgueiro, com salário de R$ 792 mensais.

Para desespero de Cyntia, o Salgueiro Shopping só deve ficar pronto em novembro de 2011. O local vai abrigar uma praça de alimentação e 50 lojas, entre as quais já estão garantidas marcas nacionalmente conhecidas, como O Boticário, Americanas e Sorvetes Nestlé. "Também estou negociando com um banco internacional a instalação de uma agência, mas ainda não posso adiantar detalhes", afirmou o empresário Eugênio Muniz, que está colocando do próprio bolso 60% dos R$ 10 milhões investidos no shopping.

O empreendimento é mais uma aposta do empresário em Salgueiro, sua terra natal. Bastante conhecido na região, Muniz também é dono da varejista Tradição, que vende móveis e eletrodomésticos em 38 lojas espalhadas pelo sertão nordestino. Segundo ele, os negócios vão muito bem em todas as praças, mas é em Salgueiro que se colhe os melhores frutos. "Meu faturamento dobrou aqui nos últimos dois anos, mesmo com a chegada de redes concorrentes", relatou.

O dinamismo econômico pelo qual passa a região Nordeste, puxado pela alta vertiginosa da renda e do consumo, é singular em Salgueiro. Localizada em um ponto geograficamente estratégico do Nordeste, a cidade se transformou em um imenso canteiro de obras, com destaque para os projetos da ferrovia Transnordestina e de transposição do Rio São Francisco. "Salgueiro é o lugar onde todo mundo ganha", resume o dentista Julio Cezar Cruz, que nos últimos dois anos ganhou mais de 30 concorrentes, porém viu seu consultório aumentar os lucros em 30%.

Emancipado em 1864, o município está exatamente no cruzamento entre as movimentadas rodovias BR-232 e BR-116 e fica a menos de 600 quilômetros de todas as capitais do Nordeste, com exceção de São Luís (MA). O potencial dessa localização para o setor logístico ganhou força com a definição do traçado da Transnordestina, que colocou Salgueiro como principal entroncamento da ferrovia. A cidade será passagem obrigatória para se chegar a qualquer um dos três extremos da ferrovia, que são os portos de Suape (PE) e Pecém (CE) e o município de Eliseu Martins (PI).

Segundo o prefeito de Salgueiro, Marcones Libório de Sá (PSB), cerca de R$ 70 milhões irão para os cofres municipais neste ano, um crescimento de 52% em relação a 2009. A arrecadação com o Imposto Sobre Serviços (ISS) deve aumentar impressionantes 275%, para R$ 7,5 milhões. Com a valorização dos imóveis, o IPTU vai dobrar. "Quando assumimos, em janeiro de 2009, a receita própria representava 9% da arrecadação total. Este ano vai chegar próximo de 20%", calculou o prefeito.

O principal projeto instalado em Salgueiro é o canteiro central da Transnordestina, cujas obras estão hoje no pico de atividade. Somente a construtora Odebrecht, que toca o empreendimento na região, está empregando mais de 3 mil pessoas na cidade. Além da transposição do São Francisco, há ainda obras de uma fábrica de computadores, de uma adutora, de pavimentação de ruas, entre muitas outras. De acordo com o prefeito, cerca de 15 mil pessoas estão trabalhando em todos esses projetos.

Números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam um crescimento de 102% na geração líquida de empregos em Salgueiro entre janeiro e outubro deste ano. Mais de 90% dos novos postos de trabalho com carteira assinada foram gerados no setor da construção civil, que sofre com a falta de mão de obra.

Um dos prejudicados por essa escassez é Julio Cesar Vasconcelos, de 26 anos, também natural da cidade. Após estudar Hotelaria no Recife, ele abandonou um emprego de recepcionista na capital pernambucana para ser empreendedor em sua terra natal. Há um ano e cinco meses, comanda um concorrido restaurante de beira de estrada. A primeira ampliação já está em andamento, mas a obra parou por falta de pedreiro. "Já era pra ter concluído faz tempo", queixa-se.

Animado com as oportunidades na região, ele agora quer abrir um hotel em Salgueiro, outra carência local. Reclama, no entanto, da supervalorização das terras e dos imóveis. "Há terrenos que valiam R$ 5 mil e hoje estão pedindo R$ 100 mil", conta o empresário, em um misto de perplexidade e frustração. O prefeito também está atônito: "O dono do imóvel onde fica um posto de saúde nosso quer aumentar o aluguel de R$ 600 para R$ 2 mil de uma tacada só", conta.

Feliz com a situação está Fernando Parente, único corretor de imóveis de Salgueiro, hoje com pinta de celebridade. Cauteloso em revelar números de sua ascensão na pirâmide social, ele diz que seu faturamento dobrou no último ano e meio. Hoje Fernando administra uma significativa lista de espera por imóveis para locação e compra na cidade. "O preço médio dos aluguéis triplicou. O dos imóveis comerciais também. Um ponto que era alugado por R$ 1 mil, foi recentemente alugado por R$ 6 mil", relata.

O boom imobiliário de Salgueiro vem da imensa procura das empresas com obras na cidade. Sem leitos de hotel suficientes, muitas buscam casas para acomodar seus funcionários. Diante do potencial de valorização dos imóveis, até mesmo os engenheiros que estão temporariamente morando na cidade já começaram a comprar terras nos arredores.

De acordo com o prefeito, o último levantamento feito em Salgueiro apontou para a existência de apenas 840 leitos de hotel na cidade, número deveras insuficiente para os padrões atuais, ainda mais em se tratando de acomodações mais confortáveis, voltadas aos profissionais de escalões superiores que visitam a cidade.

De olho neste nicho, a ex-professora Socorro Borba está investindo R$ 1 milhão na expansão do seu Salgueiro Plaza Hotel. O número de suítes passou de 32 para 58. "Nenhuma área do comércio em Salgueiro tem do que reclamar", garante Socorro.

Assim como os demais empresários da cidade, Socorro não acredita na existência de uma bolha em Salgueiro. Uma eventual diminuição do movimento após a conclusão das principais obras, em dezembro de 2012, já está nos cálculos. Porém, todos acreditam que o desenvolvimento veio para ficar.

A principal aposta é o projeto, já em fase inicial, de construção de uma plataforma logística multimodal, que servirá para troca de cargas entre os caminhões e os trens da Transnordestina. O "porto seco", como é chamado o empreendimento, ficará em uma área de 347 hectares e está aguardando licença ambiental para instalação do canteiro de obras.

Responsável pelo projeto, a Agência de Desenvolvimento de Pernambuco (AD Diper) quer criar ali um polo logístico e agroindustrial. Além da localização estratégica, o porto seco poderia atrair, por exemplo, indústrias interessadas em beneficiar os grãos que chegarão mais baratos pela ferrovia. De acordo com o presidente do órgão, Jenner Guimarães, o governo estadual está em negociações avançadas com alguns grupos que atuam no setor, porém preferiu não adiantar os nomes.

Outra prioridade é definir como será a gestão da plataforma, cujo projeto também prevê a construção de um aeroporto de cargas. O presidente da AD Diper informou que poderão ser adotados os formatos de concessão pura ou de parceria público-privada (PPP).

Ministério da Educação entrega 30 escolas federais de educação profissional


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Ministro da Educação, Fernando Haddad, entregaram ontem (29) 30 escolas federais de educação profissional em 13 estados. Das 30 escolas, 18 estão em funcionamento e 12 estão previstas para o início de 2011.

Além das escolas federais, foram entregues 25 campi ligados a 15 universidades federais em 12 estados, incluindo o Rio Grande do Sul.

A iniciativa faz parte do plano de expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e dá continuidade ao Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais (Reuni). Desde 2005, foram criadas 214 escolas federais de educação profissional, totalizando 342. Foram criados 126 campi e unidades universitárias, que passaram de 148 em 2002 para 274 este ano. Há universidades federais em 230 municípios em todo o país. Os recursos para a educação profissional passaram de R$ 1,2 bilhão em 2003 para R$ 4,9 bilhões este ano.

Agência Brasil

Inauguração de hidrelétrica de Tucuruí com presidente Lula e Dilma Rousseff


Para participar da inauguração das eclusas da Hidrelétrica de Tucuruí, a 390 quilômetros no Pará, a presidente eleita Dilma Rousseff mudou sua agenda para esta terça-feira. Primeiro, antecipou a reunião com o governador do Rio, Sérgio Cabral, para ontem à noite e adiou para amanhã encontro com especialistas da área de saúde.

Esta manhã, a presidente eleita esteve reunida com Antônio Palocci, com o vice-presidente eleito, Michel Temer, com o presidente do PT, José Eduardo Dutra e com o tesoureiro da campanha, o ex-prefeito de Diadema, José de Filippi. A reunião foi na Granja do Torto, residência de Dilma até a posse no dia 1º de janeiro de 2011.

Dilma Rousseff viaja para o Pará, convidada pelo Palácio do Planalto, no começo da tarde. Dilma deverá retornar à Brasília ainda na noite de terça-feira.

A obra que vai ser inaugurada hoje nivela as águas do Rio Tocantins e abre a Hidrovia Araguaia-Tocantins, ligando o porto de Belém com a região do Alto Araguaia, no Mato Grosso. O projeto é de 1981, mas ficou muitos anos parado, sendo retomado em 2006 em ação conjunta do Ministério dos Transportes com a Eletrobras. A obra custou R$ 1,6 bilhão.

Com informações da Agência Brasil

Os donos da mídia estão nervosos



por Laurindo Lalo Leal Filho, na Carta Maior *

O blogueiro Renato Rovai contou durante o curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, realizado semana passada no Rio, que a Veja andou atrás dele querendo saber como foi feita a articulação para que o presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos.

A essa informação somam-se as matérias dos jornalões e de algumas emissoras de TV sobre a coletiva, sempre distorcidas, tentando ridicularizar entrevistado e entrevistadores.

O SBT chegou a realizar uma edição cuidadosa daquele encontro destacando as questões menos relevantes da conversa para culminar com um encerramento digno de se tornar exemplo de mau jornalismo.

Ao ressaltar o problema da inexistência de leis no Brasil que garantam o direito de resposta, tratado na entrevista, o jornal do SBT fechou a matéria dizendo que qualquer um que se sinta prejudicado pela mídia tem amplos caminhos legais para contestação (em outras palavras). Com o que nem o ministro Ayres Brito, do Supremo, ídolo da grande mídia, concorda.

Jornalões e televisões ficaram nervosos ao perceberem que eles não são mais o único canal existente de contato entre os governantes e a sociedade.

Às conquistas do governo Lula soma-se mais essa, importante e pouco percebida. E é ela que permite entender melhor o apoio inédito dado ao atual governo e, também, a vitória da candidata Dilma Roussef.

Lula, como presidente da República, teve a percepção nítida de que se fosse contar apenas com a mídia tradicional para se dirigir à sociedade estaria perdido. A experiência de muitos anos de contato com esses meios, como líder sindical e depois político, deu a ele a possibilidade de entendê-los com muita clareza.

Essa percepção é que explica o contato pessoal, quase diário, do presidente com públicos das mais diferentes camadas sociais, dispensando intermediários.

Colunistas o criticavam dizendo que ele deveria viajar menos e dar mais expediente no palácio. Mas ele sabia muito bem o que estava fazendo. Se não fizesse dessa forma corria o risco de não chegar ao fim do mandato.

Mas uma coisa era o presidente ter consciência de sua alta capacidade de comunicador e outra, quase heróica, era não ter preguiça de colocá-la em prática a toda hora em qualquer canto do pais e mesmo do mundo.

Confesso que me preocupei com sua saúde em alguns momentos do mandato. Especialmente naquela semana em que ele saía do sul do país, participava de evento no Recife e de lá rumava para a Suíça. Não me surpreendi quando a pressão arterial subiu, afinal não era para menos. Mas foi essa disposição para o trabalho que virou o jogo.

Um trabalho que poderia ter sido mais ameno se houvesse uma mídia menos partidarizada e mais diversificada. Sem ela o presidente foi para o sacrifício.

Pesquisadores nas áreas de história e comunicação já tem um excelente campo de estudos daqui para frente. Comparar, por exemplo, a cobertura jornalística do governo Lula com suas realizações. O descompasso será enorme.

As inúmeras conquistas alcançadas ficariam escondidas se o presidente não fosse às ruas, às praças, às conferências setoriais de nível nacional, aos congressos e reuniões de trabalhadores para contar de viva voz e cara-a-cara o que o seu governo vinha fazendo. A NBR, televisão do governo federal, tem tudo gravado. É um excelente acervo para futuras pesquisas.

Curioso lembrar as várias teses publicadas sobre a sociedade mediatizada, onde se tenta demonstrar como os meios de comunicação estabelecem os limites do espaço público e fazem a intermediação entre governos e sociedade.

Pois não é que o governo Lula rompeu até mesmo com essas teorias. Passou por cima dos meios, transmitiu diretamente suas mensagens e deixou nervosos os empresários da comunicação e os seus fiéis funcionários, abalados com a perda do monopólio da transmissão de mensagens.

Está dada, ao final deste governo, mais uma lição. Governos populares não podem ficar sujeitos ao filtro ideológico da mídia para se relacionarem com a sociedade.

Mas também não pode depender apenas de comunicadores excepcionais como é caso do presidente Lula. Se outros surgirem ótimo. Mas uma sociedade democrática não pode ficar contando com o acaso.

Daí a importância dos blogueiros, dos jornais regionais, das emissoras comunitárias e de uma futura legislação da mídia que garanta espaços para vozes divergentes do pensamento único atual.

* Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

“Hay una demonización de Chávez”


Maxsuel Siqueira

30 de novembro de 2010

Há uma demonização de Chávez. Isto é fato. Por isso começo esta publicação com as aspas do jornalista e escritor Eduardo Galeano, autor de “As veias abertas da América Latina”. Gaelano era um dos autores censurados no Brasil durante a Ditadura.

Em entrevista ao Jornal El País, ele afirma: “Antes Cuba era la mala de la película, ahora ya no tanto. Pero siempre hay algún malo. Sin malo, la película no se puede hacer. Y si no hay gente peligrosa, ¿qué hacemos con los gastos militares? El mundo tiene que defenderse. El mundo tiene una economía de guerra funcionando y necesita enemigos. Si no existen los fabrica. No siempre los diablos son diablos y los ángeles, ángeles. Es un escándalo que hoy, cada minuto, se dediquen tres millones de dólares en gastos militares, nombre artístico de los gastos criminales. Y eso necesita enemigos. En el teatro del bien y del mal, a veces son intercambiables como pasó con Sadam Husein, un santo de Occidente que se convirtió en Satanás”.

Uso Galeano como base para uma interpretação heterodoxa dos vídeos que se seguem. Nós, filhos do oligopólio midiático, temos medo de falar sobre Chávez. Do mesmo modo que muitos temiam (e ainda receiam) dizer que apoiam a terrorista-mor e comedora de criancinhas senhora Dilma Rousseff. Vivenciamos o império das agressões. No entanto, nesta entrevista para o programa “Hard Talk”, da BBC, foi de outro império que falou Chávez ao abrir o estômago ulcerígeno do jogo político internacional. “Hard” mesmo foi pro tal do Stephen, o jornalista. Os comentários são por minha conta.


Stephen questiona a eficácia do socialismo frente aos problemas econômicos da Venezuela. Chávez retruca: “eu acredito que mais problemas tenha a Inglaterra; e Espanha (ri); e em toda a Europa. É um desastre! Mais problemas há nos Estados Unidos do que aqui. Aqui temos um crescimento econômico de 7,8% do PIB nos últimos anos, para te dar um exemplo”.

‎(MAIS NA FRENTE) “Eu também acreditei na “Terceira Via”. É uma farsa! Eu pensei que era possível pôr uma ‘face humana’ no capitalismo. Mas me dei conta de que não. Estava equivocado. Em um sistema capitalista é impossível a democracia. Capitalismo é o reino da injustiça e a tirania do mais ricos sobre os mais pobres.”

(CITA ROUSSEAU:) “Between the powerful and the weak all freedom is oppressed”. (CONTINUA) “Por isso o único caminho para salvar o mundo é através do socialismo, o socialismo democrático”. Aqui não é ditadura. Eu sou eleito por três vezes… E quando o rico me tirou num golpe de estado, o povo me trouxe de volta ao poder. Eu sou um democrata. Governo com a legitimidade que me dá a maioria do povo. Esta é a palavra-chave: democracia, poder do povo.” (E CITA LINCOLN:) “é o poder do povo, pelo povo e para o povo”.



Stephen questiona se com a saída de Bush a relação da Venezuela com os EUA melhorou. Chávez responde: “eu espero que Obama se dedique a governar os Estados Unidos e esqueça suas pretensões imperialistas de controlar o mundo… Aqui na América Latina, na Colombia, estão instalando sete bases militares norteamericanas e este é um dos sinais muito negativos que Obama lançou logo no início de seu mandato…”

‎(MAIS NA FRENTE) “Bush decidiu em seu último ano de governo reativar a “Quarta Frota” para operar na América Latina, ameaçando, inclusive, incursionar em rios latinoamericanos. Agora, Obama devia ter suspendido isso. Do contrário, são sete bases militares só na Colombia. Se preparando para o quê? Para a guerra? Para dominar o continente latinoamericano?”

(QUESTIONADO SOBRE A RELAÇÃO COM O IRÃ) “Venezuela é um país livre e soberano para ter a relação política, diplomática, econômica com o país que a Venezuela quiser. E felizmente isto está ocorrendo hoje na maior parte dos países da América Latina e do Caribe. Por exemplo o Brasil, que também tem excelentes relações com o Irã e muitos outros países da AL. Não aceitamos ser uma colônia de ninguém, somos livres.”



Num dos melhores momentos de toda a entrevista, Stephen pergunta sobre o ex-ministro da defesa na Venezuela, Raúl Baduel, o fato d’ele ter sido amigo de Chávez por muito tempo, depois preso e contrário a ele. Chávez dispara: “Eu acho que você não sabe nada do que está dizendo. Acho que você não tem estudado bem a situação que estamos vivendo aqui. Desculpe, Stephen, você está falando sobre um corrupto. Cite qualquer outro exemplo menos este. Você não está aqui para defender a corrupção, certo? (ri!) A BBC em Londres defende a corrupção? Você defende a corrupção na Inglaterra? Onde estão as pessoas corruptas na Inglaterra? Você as ataca ou as defende?”

Stephen pergunta também sobre a hostilidade na relação da Venezuela com alguns países vizinhos. Chávez nocauteia again: “Bem, são conjunturas. São eventos… Na Europa, quantos problemas não há entre vocês, europeus? Havendo guerras e sendo destroçados ingleses e franceses, invadindo um povo e outro, sendo bombardeados, os alemães…? A história da Europa é uma história violenta. E de sangue e de morte. Que história essa que vocês têm! A nossa é uma história distinta. Somos um mundo colonizado que tem despertado agora.”

(CHEGANDO AO FIM) “Tudo que eu tenho de vida eu vou dedicar à revolução pacífica da Venezuela.” (CITA CHURCHILL:) “Sangue, suor e lágrimas”, fazendo referência ao estado em que pegou o país. (DEPOIS JIMMY CARTER:) “É o mais transparente do mundo”, se referindo ao sistema democrático venezuelano. (FINALIZA) “E digo mais, eu me habilito a ocupar qualquer papel que a revolução exija de mim. Desde presidente até professor de escola primária. Eu sou filho de uma revolução.”
Chávez e a Fox News



Repórter da FOX NEWS, leia-se, parte do império midiático de RUPERT MURDOCH (decorem esse nome), questiona Chávez quanto a sua amizade com Armadinejad. Chávez descasca: “Você de onde é?… Sabe como chamamos o pessoal da Fox News? Os estúpidos da Fox News! Você me pergunta sobre as mortes no Irã… e você, não tem visto as imagens do Iraque? Não tem visto como matam os soldados, as crianças… Você tem visto? Você tem visto isso? Você tem visto que teu canal de televisão tem tapado esse crime? Você não disse nada sobre o presidente que é um genocida, George Bush, que estão a apoiar. E estão criticando Obama porque ele é negro. Sua mente está cheia de veneno. Você não disse nada sobre o assassinato em Iraque, no Afeganistão e na América Latina… e não disse nada sobre o genocídio dos índios da América Latina. Vocês ocultam! Digam a verdade ao mundo. Eu sou amigo de meus amigos, mais nada.”

Fonte:CartaCapital

Wikileaks: documentos revelam que Itamaraty é considerado inimigo da política dos EUA


Que seja assim para sempre.



Opera Mundi

30 de novembro de 2010

Mensagens confidenciais reveladas pelo grupo ativista Wikileaks, mostram que o governo norte-americano considera o MRE (Ministério das Relações Exteriores) do Brasil um adversário que adota uma “inclinação antinorte-americana”. Os telegramas foram divulgados no Brasil pelo jornal Folha de S.Paulo nesta terça-feira (30/11).

Os telegramas também mostram que, para os EUA, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, é um aliado, em contraposição ao Itamaraty. Jobim, que continuará no cargo durante o governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, é elogiado e descrito como “talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil”.

Em documento enviado no dia 25 de janeiro de 2008, o então embaixador norte-americano em Brasília, Clifford Sobel, relata aos seus superiores como havia sido um almoço com Jobim dias antes. No encontro, o ministro brasileiro teria contribuido para reforçar a imagem negativa do MRE frente aos norte-americanos.

Indagado sobre acordos bilaterais entre os dois países, Jobim mencionou o então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães. Segundo o relato de Sobel, “Jobim disse que Guimarães ‘odeia os EUA’ e trabalha para criar problemas na relação [entre os dois países]“.

Já em memorando datado de 13 de março de 2008, Sobel afirma que o Itamaraty trabalhou ativamente para limitar a agenda de uma viagem de Jobim aos EUA. Ao tratar sobre essa visita, realizada entre 18 e 21 de março de 2008, os EUA afirmaram que “embora existam boas perspectivas para melhorar nossa relação na área de defesa com o Brasil, a obstrução do Itamaraty continuará um problema”.

Combate ao terrorismo

Outros telegramas enviados pela embaixada dos EUA em Brasília para Washington revelam que, embora o governo brasileiro sempre tenha negado a existência de atividades terroristas no país, a polícia federal e a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) seguem recomendações do serviço de inteligência norte-americano para realizar operações de combate ao terrorismo no país desde 2005.

“A Polícia Federal frequentemente prende indivíduos ligados ao terrorismo, mas os acusa de uma variedade de crimes não relacionados a terrorismo para não chamar a atenção da imprensa e dos altos escalões do governo”, segundo mensagem enviada por Sobel em janeiro de 2008.

De acordo com o relatório enviado a Washington, o general Armando Félix diz ser importante que as operações de anti-terrorismo sejam “maquiadas” para não afetar negativamente a “orgulhosa” e “bem-sucedida” comunidade árabe no Brasil, presente principalmente na Tríplice Fronteira entre Paraguai, Brasil e Argentina.

“A sensibilidade ao assunto resulta em parte do medo da estigmatização da grande comunidade islâmica no Brasil ou de que haja prejuízo para a imagem da região como destino turístico. Também é uma postura pública que visa evitar associação à guerra ao terror dos EUA, vista como demasiado agressiva”, afirmou Sobel, que ocupou o cargo de embaixador entre 2006 e 2010.

Pouco antes, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional havia agradecido o apoio dos EUA por meio do RMAS (Regional Movement Alert System), sistema que detecta passaportes inválidos, perdidos ou falsificados. A partir de informações do RMAS, a ABIN e a PF estariam monitorando “indivíduos de interesse” no país.

“Além das operações conjuntas, o governo brasileiro também está pedindo que filhos de árabes, muitos deles empresários de sucesso, vigiem árabes que possam ser influenciados por extremistas ou grupos terroristas”, diz o relato. Para Félix, é de total interesse da comunidade “manter potenciais extremistas na linha”, evitando assim chamar a atenção mundial para os árabes brasileiros.

Segundo o telegrama enviado pelo ex-embaixador Sobel em 8 de janeiro de 2008, a preocupação em não admitir atividades suspeitas de terrorismo seria maior ainda dentro do MRE que, assim como o governo brasileiro, considera o partido libanês Hezbollah e o palestino Hamas partidos legítimos, e não terroristas. Por isso, disse ele, o Brasil participa “relutantemente” das reuniões anuais sobre segurança que reúne diplomatas, oficiais de segurança e inteligência da Argentina, Paraguai e Brasil com os EUA para discutir segurança na fronteira. CartaCapital.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O império está nu: WikiLeaks e a face suja da diplomacia dos EUA


Com a revelação de mais de 250 mil novos documentos sobre as atividades de espionagem dos Estados Unidos em todo o planeta neste domingo (28), o site WikiLeaks mostra a face verdadeira da diplomacia estadunidense, que trabalha com o objetivo de prolongar o domínio imperial sobre o planeta.


Os 250 mil documentos foram divulgados por vários jornais internacionais e mostraram que os Estados Unidos espionaram dezenas de nações, fizeram planos de mudança de governo e ataques contra nações soberanas e também espionaram o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Os documentos contêm informações e avaliações levantadas por centenas de diplomatas americanos sobre temas chave da política externa dos EUA, como as ocupações do Afeganistão e do Iraque, o Irã e o Paquistão. Além disso, estão incluídas nos documentos avaliações sobre negociações bilaterais, conversas privadas e conclusões sobre líderes de vários países do mundo.

Uma das situações mais presentes nos documentos é a pressão que os Estados Unidos têm feito contra o Irã. Tony Blair, ex-premiê do Reino Unido, defende o uso da força militar contra o país do Oriente Médio, enquanto a monarquia saudita pede aos diplomatas-espiões dos EUA "que se corte a cabeça da cobra", em alusão ao presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad.

Apesar de espionar também os líderes aliados, o papel da diplomacia-espiã dos Estados Unidos já foi cantado antes por dirigentes como Fidel Castro, que alertou há meses a existência de planos militares dos EUA para derrubar o governo iraniano e destruir suas centrais de energia nuclear.

Fidel Castro há meses vem alertando o mundo sobre o risco de uma conflagração nuclear desatada pelos Estados Unidos, que agora veio à tona com os documentos sobre ataques ao Irã. Outro objetivo, já denunciado antes, é derrubar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

A base de dados a que o jornal britânico The Guardian teve acesso revela a atividade de espionagem exercida pelas embaixadas dos Estados Unidos na Bósnia, Bulgária, Croácia, Macedônia e Turquia, em busca de informação que possa ser utilizada em chantagens contra esses países, alguns deles aliados dos Estados Unidos na Europa Oriental.

Armênia, Azerbaijão e Geórgia também aparecem nos documentos vazados, além também de Rússia, China e República Popular Democrática da Coreia (RPDC).

Índia, Afeganistão, Paquistão, países árabes e africanos, assim como Honduras, Colômbia, Paraguai, Brasil e Venezuela, na América Latina, foram também objetos de ampla espionagem por parte dos Estados Unidos.

Ban Ki-moon espionado

Os documentos revelados no domingo incluem um pedido da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, para que seus diplomatas descubram detalhes técnicos sobre a comunicação entre funcionários da ONU, o que incluiria o secretário-geral Ban Ki-moon.

O porta-voz das Nações Unidas, Farhan Haq, evitou falar especificamente sobre os documentos, mas lembrou que a ONU deve ser tratada como uma organização inviolável.

"A ONU não está em posição de comentar a autenticidade do documento que tem por objetivo reunir informações sobre funcionários da ONU e suas atividades", afirmou.

Israel não tem vergonha

O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou para a mídia internacional que os documentos mostram "apenas" que seu país estava "cuidando" da situação de tensão com o Irã. Segundo os documentos, o serviço secreto israelense, o Mossad, trocou informações com os arapongas americanos para executar um plano militar contra o Irã.

Outro envolvido na questão contra o Irã é o rei Abdullah, da Arábia Saudita, que pediu reiteradamente a Washington que atacasse o Irã para destruir seu programa nuclear. O rei saudita afirma textualmente que é necessário "cortar a cabeça da cobra", em alusão ao presidente do Irã.

O governo americano também capturou ilicitamente dados biográficos e biométricos, inclusive do DNA, de candidatos à presidência do Paraguai. Um dos documentos vazados dava ordens aos diplomatas no Paraguai para que fizessem perfis das posições políticas de cada candidato.

Em relação à China, os espiões americanos foram instruídos a recolher informações sobre a segurança cibernética do país, a situação da Região Autônoma do Tibete e de Xinjiang, objeto de atos de terrorismo nos anos de 2008 e 2009.

WikiLeaks prova golpe

Manuel Zelaya, presidente hondurenho deposto em um golpe no ano de 2009, falou sobre a cumplicidade americana no golpe que o tirou do governo em julho de 2009, após verificar os documentos sobre o seu país.

"Fica clara a cumplicidade dos EUA ao conhecer previamente o planejamento e a execução do golpe de Estado e mesmo assim fazer silêncio", diz Zelaya em nota enviada da República Dominicana.

Hillary irada

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, considerou o vazamento das informações como "não só um ataque à diplomacia dos Estados Unidos, mas à comunidade internacional".

Hillary é hoje a chefe da diplomacia americana e, na entrevista coletiva, evidentemente não fez nenhuma censura à espionagem diplomática cometida sob os auspícios de George W. Bush e do atual presidente, Barack Obama. Hillary quer que o assunto seja visto como um ataque às "alianças e negociações em busca da paz e da segurança mundial que estão andamento em nível internacional".

Da redação Portal Vermelho, com agências

Brasil vira o grande pólo do petróleo em águas profundas



Autor(es): Ángel González Especial para The Wall Street Journal, de Houston

Valor Econômico - 29/11/2010

O vazamento de petróleo da Deepwater Horizon interrompeu a perfuração em águas profundas no Golfo do México, prejudicando décadas de política energética dos Estados Unidos e lançando dúvidas sobre a indústria que opera na região.

Em outras partes do mundo, no entanto, a perfuração em águas profundas continua em ritmo frenético.

A indústria avança em velocidade máxima em lugares como o Golfo da Guiné, no Mar Mediterrâneo e nas águas turcas do Mar Negro. Mas em nenhum lugar ela é mais evidente do que no Brasil, onde a Petrobras começou, no mês passado, a produzir em um dos maiores campos de petróleo descobertos no continente americano em 30 anos. E um campo recentemente descoberto pode conter o equivalente a 15 bihões de barris de petróleo, dizem autoridades brasileiras, o equivalente a quase dois terços das reservas provadas totais dos EUA.

A Petrobras e empresas como a americana Chevron Corp., a norueguesa Statoil ASA e a britânica Tullow Oil PLC estão correndo para perfurar milhares de metros abaixo da superfície do mar porque é lá que estão as reservas remanescentes de óleo ainda não descobertas. As empresas podem conseguir enormes lucros explorando esses campos - e os países podem conseguir a tão esperada segurança energética.

A produção de petróleo em águas profundas quase duplicou nos últimos cinco anos, para cerca de 5 milhões de barris diários - cerca de 6% da produção total de óleo no mundo -, e deve dobrar outra vez até 2020, segundo Leta Smith, uma consultora da IHS Cambridge Energy Research Associates, que analisa as tendências do mercado de petróleo. Ela não prevê um "impacto enorme" fora do golfo decorrente do desastre com a Deepwater "por causa das reservas que estão lá fora".

De fato, mesmo com a paralisação das perfurações em águas profundas nos EUA desde maio, a prática floresceu no Golfo da Guiné. Em julho, a Tullow anunciou uma descoberta significativa na costa de Gana, depois de perfurar 1.427 metros abaixo do nível do mar. Um campo próximo, estimado em 1,5 bilhão de barris, deve começar a produzir em dezembro.

A Chevron, por sua vez, anunciou a compra dos direitos de exploração em águas profundas de três grandes blocos na Libéria. Os planos são de começar a perfurar este ano. A empresa também comprou grandes áreas em águas profundas nas águas turcas do Mar Negro e na China.

Desde a explosão do dia 20 de abril da plataforma operada pela BP PLC, que matou 11 pessoas e desencadeou um enorme vazamento de óleo no Golfo do México, alguns países cogitaram tornar as regras para perfuração mais rígidas. Para acalmar os reguladores, as companhias estão desenvolvendo complexos sistemas de captura de óleo, similares aos desenvolvidos pela BP durante os esforços para conter o vazamento no golfo.

A Chevron, por exemplo, começou em maio a perfurar um poço em águas profundas na costa leste do Canadá – o primeiro na América do Norte desde o acidente. Ela testou a prevenção contra explosões, o mesmo tipo de equipamento que falhou ao conter a explosão na Deepwater, e realizou perfurações de segurança especiais sob a supervisão de reguladores canadenses.

"Muito trabalho tem sido feito na contenção de vazamentos" para satisfazer os reguladores, diz Geir Slora, diretor para perfurações da Statoil, que tem equipamentos em funcionamento ao redor do globo. No dia 10 de novembro, ela parou a perfuração em um dos campos no Mar do Norte para realizar uma revisão nas operações, depois de um incidente ocorrido em maio que, dizem funcionários noruegueses, poderia ter resultado numa grande explosão.

Mas no Brasil, onde sete dos dez maiores campos em águas profundas foram encontrados na última década, é quase como se o vazamento nunca tivesse acontecido.

O país vamgloria-se de ter a bacia de águas profundas com maior crescimento no mundo, cuja produção deve saltar dos atuais 1,4 milhão de barris diários para 3,5 milhões em 2020, diz Smith, da IHS.

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse a repórteres em maio que seria necessário uma exaustiva investigação antes que a indústria de exploração marítima pudesse tirar qualquer conclusão sobre o vazamento da Deepwater. Enquanto isso, não haveria recuo na perfuração. "É muito cedo para dizer que vamos mudar alguma coisa", disse ele.

Autoridades brasileiras acompanharam atentamente o naufrágio da Deepwater Horizon e foram as primeiras de fora dos EUA a se encontrar com a BP para discutir os resultados da investigação da empresa. Mas elas permitiram que a Petrobras continuasse com o seu trabalho e, em 28 de outubro, a empresa começou a produzir no campo de Tupi, que pode conter o equivalente a 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo.

A decisão do Brasil de abraçar a exploração em águas profundas é resultado de uma história de escassez. O Brasil foi por muito tempo um forte importador de petróleo. As importações eram um ralo nas contas do país e alarmaram os governo militares que comandaram o Brasil na década de 70 e início dos anos 80.

O fraco potencial de petróleo em terra do Brasil "não deu outra chance aos governantes do que serem criativos", diz Jeremy Martin, diretor do programa de energia do Instituto das Américas, da Universidade da Califórnia em San Diego. "Eles tornaram a sua bacia atlântica o maior laboratório de pesquisa e desenvolvimento offshore do mundo."

Enquanto engenheiros da Petrobras lidam com perfurações cada vez mais profundas, eles batem em obstáculos, alguns deles fatais. Em 2001, a P-36, então maior plataforma marítima, pegou fogo e afundou a 130 km da costa, matando 11 pessoas. Mas a Petrobras se movimentou para descobrir enormes reservas abaixo das camadas de sal nas profundezas do mar e começou a explorá-las.

A produção total de petróleo do Brasil foi de 2,5 milhões de barris diários no ano passado - suficiente para atender a todas as necessidades do país -, em comparação com os 263.900 barris em 1980. "A grande história desta nova década", diz Martin, "é o Brasil ter passado de uma posição coadjuvante para o topo da lista das potências petrolíferas da América Latina."

O neto do big boss


29 de novembro de 2010

E de repente descobre-se a surpreendente identidade de um dos homófobos da Avenida Paulista.


Por Paolo Manzo.



Parecia a princípio apenas um esquálido fato da crônica policial. A agressão de domingo 14 de novembro, contra uns jovens que passeavam nas primeiras horas da madrugada numa das artérias principais de São Paulo, a Avenida Paulista, num primeiro momento incluído no cotidiano boletim diá-rio de uma metrópole violenta. Quando, porém, a polícia começou a investigar em profundidade, a história assumiu dimensão diferente. Parte-se da homofobia e chega-se à Máfia. Com M grande, aquela siciliana da Cosa Nostra e de Gaetano “Tano” Badalamenti. Ou seja, o poderoso chefão entre 1974 e 1976, morto numa penitenciária dos Estados Unidos em 2004, condenado a 45 anos de reclusão dura em consequência da operação da polícia internacional “Pizza Connection”: por meio de centenas de pizzarias em Nova York distribuía a droga que chegava da Sicília, sob o comando de “Don Tano”.

Badalamenti sênior fora também condenado na Itália, em 2002, como mandante, entre outros delitos, do homicídio de Peppino Impastato, um radialista que usava a ironia contra “Don Tano” e incentivava a rebelião de uma geração inteira criada a pão e Máfia.

Impastato tornou-se símbolo e inspirou um filme de Marco Tullio Giordana, I Cento Passi (Os Cem Passos), premiado pela cenarização no Festival de Veneza de 2000 e obra cult entre os filmes que denunciam a colusão entre política e criminalidade. Cem passos como a distância que separa em Cinisi, na periferia de Palermo, onde o jornalista vivia, a casa do boss mafioso daquela do jornalista.

E chegamos à Avenida Paulista e ao episódio de 14 de novembro. Primeira conclusão dos investigadores: tratou-se de um ataque homófobo, as vítimas, todas elas, abaixo dos 23 anos e na maioria homossexuais. Verificou-se, além disso, que dos cinco agressores, quatro são menores. Um tem 19 anos e todos são abastados “filhos de papai”. Mas quem era um desses papais acaba por revelar-se a derradeira e clamorosa descoberta.

Um dos agressores chama-se G. M., filho de um certo Carlos Massetti. E os especialistas em Máfia padecem da primeira suspeita. Massetti é um italiano que vive no Brasil há 16 anos, dizem, mas na rea-lidade o homem frequenta o País pelo menos desde 1983. No ano passado, no dia 23 de maio, Carlos foi detido pela Interpol com pedido de extradição para a Itália no âmbito de uma maxioperação da polícia italiana, a “Mixer-Centopassi”, clara referência ao homicídio de Impastato a mando de Gaetano Badalamenti.

Conforme conclusões dos investigadores italianos, a identidade de Carlos Massetti é de fato falsa, como outra, de Ricardo Cavalcante Vitale, também usada por ele. Seu verdadeiro nome seria, pelo contrário, Leonardo Badalamenti, justamente o filho de “Don Tano”, o “superboss” da Máfia que nos anos 70 gerenciava por conta da organização criminal as relações com o chamado “terceiro nível”, o nível da política italiana. Principalmente com Giulio Andreotti, democrata-cristão, sete vezes presidente do Conselho, como pode-se ler com todas as letras na sentença do processo que o viu réu alguns anos atrás em Palermo. Andreotti não cumpriu pena porque o processo prescreveu.

A acusação em relação a Massetti-Cavalcante Vitale-Badalamenti é de fraude e corrupção. Segundo a direção distrital antimáfia de Palermo, para favorecer a organização da Máfia, convicção apoiada pela Interpol, Badalamenti Jr. teria realizado uma série de operações fraudulentas com “bonds” venezuelanos, causando prejuízos para as filiais da Hong Shanghai Bank, da Lehman Brothers e de um banco britânico, por uma importância total de mais de 1 bilhão de dólares.

O nosso herói acaba na cadeia, mas dela sai logo. Com nova identidade, a de Carlos Massetti, e o STF não consegue demonstrar a velha, apesar de uma semelhança com o pai Tano que é deveras impressionante e uma série de dados incontestáveis, segundo a Interpol. Em agosto de 2010 o Supremo Tribunal Federal, na presidência do ministro Celso de Mello arquiva, porém, o processo depois de haver concedido habeas corpus ao recém-nascido Massetti. “Não se revela processual-mente viável, na via estreita do processo de habeas corpus, a discussão em torno da identidade do paciente em questão, que sustenta não ser ele o súdito estrangeiro que poderia vir a ser reclamado, pela República Italiana, ao governo do Brasil (…) Arquivem-se os presentes autos”, escreve o ministro De Mello. Baseia-se no fato de que o governo italiano não formalizou o pedido de extradição juntando os documentos probatórios da culpa do acusado.

Embora Massetti tivesse várias vezes proclamado a própria inocência, declarando ser, no momento da prisão, “prisioneiro político e vítima de um clamoroso erro judiciário” para o então chefe da Interpol-Brasil, Jorge Pontes (hoje tranferido em Paris) não subsistem dúvidas. Trata-se de Leonardo Badalamenti. “É um típico caso de lavagem de identidade – comentava Pontes um ano atrás –, como já aconteceu com os criminosos nazistas, Massetti conseguiu criar uma nova identidade. Assim um dos mais famosos mafiosos vive tranquilo no Brasil.”

E continua. Bem como o filho que, vejam só, é G. de Gaetano. Aos 16 anos revela perigosas tendências, que não deixam de evocar certas características da cultura mafiosa, baseada na importância da família, e pelo qual a homossexua-lidade é vista com terror. Meglio un figlio mafioso che ricchione(melhor um filho mafioso que homossexual).

A mudança de identidade ao se estabelecer fora da Itália também é um fenômeno cultural, digamos assim. Por uma estranha coincidência no Brasil já se verificou outro caso igual, do mafioso das categorias superiores que adotou em relação ao juiz italiano Giovanni Falcone a mesma estratégia da “lavagem de identidade”, para usar a definição do ex-chefe da Interpol brasileira. O nome verdadeiro é Giuseppe Bizzarro e Falcone o interrogou, na penitenciária de Belo Horizonte em 1984, impassível. Bizzarro negou qualquer acusação e a própria existência da Máfia. E, principalmente, negou até de ser ele mesmo: “Eu me chamo José Carlos Fatore Lanza, não sei de que sou acusado, deve ser um erro de pessoa. Sou um prisioneiro político”, disse com um fortíssimo sotaque do sul da Itália.

Bizzarro fora preso no dia 24 de outubro de 1983, juntamente com Tommaso “Don Masino” Buscetta – o primeiro colaborador de Justiça que descreveu em detalhes a cúpula de Cosa Nostra para Falcone – e com Leonardo Badalamenti, aliás Carlos Massetti, aliás Ricardo Cavalcante Vitale, o filho de Don Tano. Já estava no Brasil. De passagem ou estavelmente? Só que então era ainda Leonardo. Quanto a Bizzarro, simplesmente desapareceu. CartaCapital.


Paolo Manzo

Marcelo Madureira e o fim do Casseta & Planeta


Para a tristeza dos tucanos e de outros bichos da direita nativa, a Central Globo de Comunicação informou na sexta-feira (26) que o programa Casseta & Planeta Urgente, exibido há 18 anos pela emissora, sairá do ar no final de dezembro. O elenco até tentou maquiar o enterro, informando em seu sítio que tiraria "férias". Mas os patrões confirmaram que as férias serão eternas, que o programa chegou mesmo ao fim.

Por Altamiro Borges, em seu blog


Segundo o grupo, um novo projeto humorístico poderá entrar no ar no segundo semestre de 2011. Não há ideia de que como será. "Se a gente tivesse uma não precisaríamos sair dessa forma", relatou Hélio de la Peña, em entrevista ao G1. Ele explicou que o fim do Casseta, que era transmitido às noites das terças-feiras, ocorreu após um período de "inquietação do grupo" e não teve relação com alguma decisão da TV Globo.

Amarga queda de audiência

De acordo com o sítio da Folha, porém, a decisão de encerrar o programa não foi tão amigável assim. Parece que nem a TV Globo aguentava mais o "humor" do elenco. Nos últimos meses, o humorístico amargava uma das piores audiências da década, chegando a registrar médias na casa dos 20 pontos (cada ponto corresponde a 60 mil domicílios na Grande SP). Há dois anos, ele registrava 30 pontos de média.

O grupo poderia aproveitar as "férias" para analisar o "humorismo" de alguns de seus integrantes, em especial do bravateiro Marcelo Madureira. Na fase recente, ele se transformou num ícone da direita brasileira. Virou estrela do Instituto Millenium, uma organização golpista que reúne os barões da mídia e outros ricaços. Deu várias declarações fascistóides contra o governo Lula e a candidata Dilma Rousseff.

Bico de "bobo da corte"

Com o fim do Casseta, Madureira até poderia fazer um bico junto ao seu candidato derrotado. Seria o bobo da corte para alegrar as noites de Serra, um ranzinza que ficou ainda mais deprimido com o resultado das eleições e das brigas internas no PSDB.


A ética seletiva do PPS de Roberto Freire


O PPS de Roberto Freire usa a ética seletiva para punir seus filiados.


O PPS expulsou o prefeito de Jaguaríuna(SP) só porque o cara apoiou Dilma.


Por outro lado, Raul Jungmann está sendo processado por prática de improbidade administrativa por ter metido as mãos em R$ 39 milhões do MDA/Incra, Augusto Carvalho foi pilhado no esquema de propina de Arruda, Roberto Freire ganha sem trabalhar da prefeitura de São Paulo, Soninha emprega toda a sua raça na também prefeitura de São Paulo, o que revela conduta no mínimo antiética, e todos estão aí palitando os dentes, nem parece que surripiaram recursos públicos.Ah! por falar em Roberto Freire, o desgraçado é tão safado que correu de Pernambuco para não disputar a eleição. Sorte dele que recebeu amparo de um estado tomado pelo conservadorismo(para quem não sabe, Roberto Freire foi eleito deputado federal por São Paulo).Critica-se o povo paulistano por ter votado em Tiririca.Sinceramente, prefiro Tiririca a Roberto Freire, pelo menos aquele não apoiou ditadores, conforme denunciado por Sebastião Nery.

Cardozo: sistema político não serve mais ao povo


Edson Sardinha

De saída da Câmara após dois mandatos consecutivos, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) diz que o atual modelo político-eleitoral não serve mais às necessidades dos brasileiros e precisa ser reformulado pelo novo Congresso. Um dos relator da Lei da Ficha Limpa na Câmara, Cardozo avalia que o projeto só foi aprovado porque houve pressão organizada da sociedade civil. Na avaliação dele, essa mobilização deve ser canalizada agora para a aprovação da reforma política.

Um dos coordenadores da campanha da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), e da equipe de transição, o petista é cotado para assumir o Ministério da Justiça no novo governo. O discurso de José Eduardo Cardozo em defesa da reforma política foi feito durante a entrega do Prêmio Congresso em Foco 2010, no último dia 22, em Brasília. Cardozo foi homenageado como um dos melhores parlamentares do ano e como um dos relatores da Ficha Limpa, projeto de iniciativa popular eleito como melhor iniciativa legislativa de 2010.

“O caminho da Ficha Limpa mostra que é possível parlamento e sociedade marcharem juntos para as grandes mudanças”, defendeu o deputado. “Nosso sistema político não mais serve às necessidades históricas do nosso povo e da nossa democracia”, emendou, ao se referir à próxima mudança mais urgente.

Veja o discurso:

Dilma Rousseff e governador Sérgio Cabral conversam amanhã sobre guerra ao tráfico


A presidente eleita, Dilma Rousseff, deve se reunir amanhã com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, para falar sobre as ações contra o tráfico que foram tomadas a partir da semana passada com o apoio de forças federais. O local e a hora do encontro ainda não foi confirmado, mas deverá ser em Brasília.

Segundo informou a assessoria de comunicação da equipe de transição, a presidente eleita vem mantendo contatos com o governador desde a semana passada. De acordo com a mesma fonte, Dilma Rousseff considerou como positivo o resultado das ações deste domingo no Complexo do Alemão.

Nesta segunda-feira, a candidata eleita não tem agenda. De acordo com a equipe de transição, a presidente eleita não tem nenhuma reunião marcada para hoje. Para esta terça-feira, Dilma tem marcado um encontro com os coordenadores da equipe de transição — Antônio Palocci, José Eduardo Cardozo e José Eduardo Dutra — para tratar da Saúde.

Com informações da Agência Brasil

A (quase) retomada das favelas cariocas


Operação de guerra. Intervenção federal não declarada. Apoio das três armas, marinha, aeronáutica e exército e ação integrada de todas as forças policiais: 800 homens da marinha, 45 carros blindados, 3 helicópteros, 1200 PMs, 400 policiais civis, 300 policiais federais. Rastreamento casa-a-casa, como nas ações de guerra urbana. Participação de homens que integraram as Forças de Paz da ONU, no Haiti, e a instalação de hospitais de campanha, como os utilizados no Iraque e no Afeganistão. Bandeiras do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro hasteadas no Morro do Alemão são a prova de que se travou e se venceu uma batalha.

Mais do que o combate ao crime e à delinqüência comuns, mesmo que organizados, a luta que se travou durante a última semana no Rio de Janeiro foi um combate contra “guerrilheiros”, “terroristas” e “insurgentes” do crime. Sem nenhuma concepção política ou ideológica, mas na defesa de seus domínios, a marginalidade dos morros cariocas (como, de resto, de todo o país) tem se armado fortemente, constituído tribunais para julgar e punir seus desafetos e impor suas próprias leis aos moradores das áreas sob seu comando. Utilizam-se, há anos, de táticas de guerrilha e de terrorismo puro, como atear fogo em carros e ônibus com pessoas ainda em seu interior, em uma luta insurgente contra o Estado.

Ao final de sete dias de combate, o saldo da operação, segundo as informações divulgadas até aqui é o seguinte: 50 mortos, 106 veículos incendiados, 204 prisões e detenções, apreensão de 200 kg de cocaína, 10 kg de crack, 40 toneladas de maconha, 500 frascos de lançaperfume, além de 50 fuzis, 9 metralhadoras calibre .30, 10 mil munições, 50 coletes, balanças e uma prensa. Foi localizada também uma enfermaria do tráfico.

A ocupação das favelas da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, mesmo que sob a alegação ainda não comprovada de que se respondia a uma reação da marginalidade à instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), foi uma ação importante. A retomada daquela região, que se estende por 10 bairros da cidade e abriga mais de 400 mil habitantes, é um passo indispensável na recuperação dos territórios para a ação do Estado e a adoção de políticas de cidadania. Trata-se, no entanto, de um passo inicial.

As afirmações unânimes do secretário de Segurança do Rio de Janeiro, do comandante Militar do Leste, do governador do Estado e da Cidade do Rio de Janeiro, além do atual e da futura presidente da República, de que as ações terão continuidade também na “invasão de serviços sociais”, são afirmações promissoras. Nada garante, entretanto, que as promessas se concretizarão.

Em 1992, antes da Eco-92, em 1994 e em 2007-8 já foram realizadas ações semelhantes à atual, ainda que em menor escala. Passado o impacto inicial das ocupações, o Estado se retirou e a criminalidade retornou ou, ainda pior, implantaram-se milícias parapoliciais, que estabeleceram novas formas de dominação criminosa nas áreas anteriormente “libertadas”.

Hoje existem apenas 12 UPPs em funcionamento no Rio de Janeiro e uma em processo de instalação, enquanto existem 625 favelas na cidade. A instalação de UPPs exige tempo, pois demanda a formação prévia de policiais novos, ainda não corrompidos pelo tráfico nem aliciados pelas milícias, e especialmente treinados para atuar em conjunto com as comunidades. A rápida proliferação de UPPs, no entanto, é fundamental.

A permanência das forças militares nas áreas recuperadas do tráfico não pode se estender indefinidamente. Elas precisam ser substituídas rapidamente por policiais treinados, pois não se pode correr o risco da contaminação e da cooptação da hierarquia militar pela criminalidade das drogas. Os exemplos da Colômbia e do México não podem ser repetidos aqui.

Em abril de 2009, quando da instalação do Território da Paz e das UPPs na favela Dona Marta, o presidente Lula prometeu que a palavra “favela” seria esquecida pelos brasileiros até 2014, ano da realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro. Urge que esta promessa seja transformada em meta pela futura presidente da República, pelo governador e pelo prefeito do Rio de Janeiro e, posteriormente, pelos governantes de todas as demais unidades da federação. Recorde-se que a Europa eliminou suas “favelas” por um ato de vontade política e uma grande inversão de recursos públicos, logo após o término da II Grande Guerra.

Sem a transformação das favelas em bairros urbanizados, com o oferecimento de moradias dignas e todos os serviços públicos necessários, como escolas de todos os níveis, creches, transporte, saúde, assistência social e facilidade de obtenção e acesso ao trabalho, não se manterão as favelas e seus moradores longe do crime e do tráfico de entorpecentes. Sem que estas providências sejam tomadas, ou seja, sem que o Estado assuma as funções que lhe competem, pode-se eliminar todos os traficantes e marginais em uma noite, na seguinte outros estarão se preparando para assumir seus lugares. Editorial Sul21

Moradores do Alemão acham cedo para falar em desfecho no conflito




Mesmo após uma operação com poucos confrontos, moradores do Complexo do Alemão ouvidos pela BBC Brasil permanecem em alerta e acham que é cedo para falar em um desfecho, acreditando que muitos traficantes estariam escondidos em casas da comunidade.

"Eles ficam na casa das pessoas e fazem-nas de escudo humano, fazem pressão, dizem que matam se elas falarem para alguém. É terror psicológico. Os moradores comentam entre si, mas não com a polícia", diz o eletricista W.M., que prefere não se identificar.

"Isso não vai acabar em um ou dois dias, vai durar bastante tempo. Agora os moradores têm que ter paciência nos próximos dias e abrir suas portas para a polícia fazer a varredura", diz ele, referindo-se ao lento processo necessário para vasculhar as 30 mil casas do complexo.

O farmacista Wellington Oliveira diz que a comunidade temia um confronto maior. "Todos estão assustados porque viram que o número de traficantes é muito grande. Agora o pessoal está se acostumando com a ideia da presença da polícia. Nunca vi tanto policial na área como agora. Estou satisfeito, é um começo", diz.

No entanto, ele considera precipitado o ato simbólico da polícia de hastear uma bandeira do Brasil no alto do teleférico da comunidade.

"O Complexo do Alemão é muito grande. Pensar que a comunidade pode ser tomada em cinco ou seis horas é muito precoce. Só uma pequena parte das armas foi apreendida, e poucos bandidos foram presos", diz.

Família mandada embora

O pedreiro Beto Santana, 40 anos, disse que o clima já estava mais calmo na tarde de domingo, sem trocas de tiros. Mas o medo de que o confronto pudesse ser violento fez com que, no dia anterior, ele mandasse toda a sua família - a mulher, os três filhos e a neta - para dormir na casa de parentes em Del Castilho.

Na noite de domingo, Santana já ia trazê-los de volta. "Em princípio, está tudo calmo. Mas muitos de meus conhecidos deixaram as casas vazias e foram para a casa de parentes".

Ele conta que não deixou de ir trabalhar no sábado. "Medo dá, mas vai fazer o quê? Não tem como parar, tem que arrumar o pão de cada dia."

Atualizações no Twitter


Neste domingo, quando o Alemão foi ocupado por forças de segurança, era grande a ansiedade para saber o que se passava no local. O número de seguidores do perfil no Twitter do jornal Voz da Comunidade, feito por jovens locais, pulou de 180, ao meio-dia de sábado, para mais de 19 mil na noite de domingo.

O estudante Igor Santos, de 15 anos, acordou cedo para postar novidades por meio da internet. Foi surpreendido por um tiro que acertou a janela do seu quarto.

"Moro num prédio alto e a minha janela é bem de frente para a Favela da Grota (reduto dos traficantes). Desci correndo com meu irmão de um ano e meio e passei o resto do dia na casa da minha avó", diz.

Ao longo do dia, ele e seus colegas anunciaram no Voz da Comunidade a circulação de helicópteros pela comunidade, trocas de tiros e a presença de carros de polícia. Igor acha que o risco vai compensar.

"Tem o perigo de levar tiro, mas não se pode comparar o morro do complexo tomado pelos bandidos e depois com a polícia pacificadora. Minha mãe não me deixava chegar muito perto da Grota, e agora vou poder ir na casa dos meus amigos que moram lá."

Ele conta que, com exceção dos bares, o comércio estava todo fechado no Morro do Adeus, onde mora. Wellington Oliveira disse que as pessoas evitavam sair de casa. Mesmo assim, ele foi ao mercado e cortou o cabelo. Para alguns lugares, se sentia seguro para ir; para outros, não.

"Tenho costume de comprar pão na Grota, mas desde segunda não vou lá. Curiosidade tem limite, né?"

Isto não impediu Oliveira de se reunir com familiares no terraço de seu prédio na noite de sábado para "ficar assistindo às balas traçantes" disparadas entre o Morro do Adeus e a Grota.

"Já estou acostumado a ouvir tiros, pessoas armadas passando por mim. Não tenho medo porque a gente sabe que bala não vai pegar aqui". BBC Brasil

É só o começo


Independentemente do desfecho do conflito entre os traficantes e a força policial no Complexo do Alemão, é inegável que a operação conjunta da Polícia Militar do Rio, Polícia Civil, da Força Nacional de Segurança, das Forças Armadas foi bem-sucedida, mais que isso, como disse o presidente Lula, foi um sucesso.

Nunca na história do Brasil houve, em tão pouco tempo, tantas prisões de traficantes, tantas apreensões de drogas, carros, dinheiro, armas, motos.

Pela primeira vez na história não houve, num conflito de tal magnitude, mortos, nem do lado dos cidadãos de bem, nem do lado dos bandidos.Sem dúvida, uma grande conquista dos defensores dos direitos humanos.

É verdade que açao do tipo não vai acabar de um dia para outro com o tráfico, mas não resta dúvida que vai melhorar e muito as condições de vida de toda uma comunidade, que durante anos viveram sob o jugo de bandidos de alta periculosidade.

Aos governos envolvidos na operação vitoriosa, restam, agora, acabar com a desigualdade social que ainda existe naquele local, a começar pela criação de escolas profissionalizantes para a juventude que se vê, por falta de trabalho, forçada a entrar no tráfico, bem como aparelhar a polícia, dar condições de trabalho e melhorar o salário dos policiais que, no mais das vezes, têm que fazer "bico" para viver um mínimo dignamente.


Resta ao governo do Estado, também, ir atrás dos consumidores das drogas ilícitas, afinal, só existe o traficante porque na outra linha tem um viciado, sempre e inavariavelmente de alto poder aquisitivo.

O triste de todo esse episódio foi ver a Globo, em nome de interesses comerciais, cobrir diuturnamente a incursão e o desenrolar da operação das forças militares no Complexo Alemão.A Globo chegou a mandar um aparato de jornalistas, todos com coletes à prova de bala, para cobrir uma falsa guerra criada por ela.Não havia necessidade disso, bastava tão-somente noticiar a operação e o seu resultado.

Mas a Globo é isso mesmo.Na Globo o que vale é a força da grana, nada mais. O povo que vá às favas.

domingo, 28 de novembro de 2010

Mais uma mulher assassinada


Um absurdo! Pena severa para esse bandido, se possível com requinte de crueldade.


PM do Gate sequestra e mata jornalista

O Estado de S.Paulo


O cabo do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da Polícia Militar, Rodrigo Domingues Medina, de 34 anos, confessou ontem à tarde ter matado por estrangulamento a jornalista Luciana Barreto Montanhana, de 29 anos. Ela havia sido sequestrada por ele no dia 11, depois de ter saído de uma academia dentro do Shopping Eldorado, na zona oeste da capital paulista. Luciana trabalhava para uma grande assessoria de Imprensa e relações públicas paulistana.


Segundo o depoimento de Medina à Polícia Civil, horas depois de ela ter sido colocada no carro do policial, um Gol, teria reagido - por isso, foi assassinada. As mãos da moça foram atadas com algemas de plástico. O cabo jogou o corpo da jornalista na Serra do Mar, na altura do km 44 da Via Anchieta. Nessa mesma noite, ele ligou para o pai da vítima pedindo R$ 500 mil.

Ele contou aos policiais da Delegacia Antissequestro (DAS) ter abordado aleatoriamente Luciana porque estaria precisando de dinheiro, mas não disse para quê e nem se estava endividado. Segundo Medina, a jornalista foi abordada dentro do estacionamento do shopping. Para o delegado Wagner Giudice, porém, a abordagem ocorreu do lado de fora, em uma das saídas do centro de compras. Giudice solicitou ao Eldorado as gravações das câmeras de monitoramento.

O Eldorado informou que colaborou com as autoridades. Pelas imagens obtidas no sistema interno, Luciana esteve sozinha no interior do empreendimento das 18h45 às 21h5.

Medina estaria armado no momento em que obrigou a vítima a entrar em seu carro. O delegado descartou que ele conhecesse a assessora de Imprensa ou que tivesse alguma informação sobre a vida financeira do noivo, um empresário bem-sucedido. "Ele disse que ela falava muito e por isso a matou", contou o delegado. O corpo foi encontrado ontem, já em estado de decomposição, o que, para Giudice, confirmaria que ela foi morta no dia do sequestro.

Ataque a civis. O policial do Gate foi descoberto depois de ter feito cinco ligações de orelhões no centro e na zona norte da capital para a família de Luciana. A DAS passou a monitorar as ligações. Na última, feita no dia 20, os policiais conseguiram localizá-lo ainda no orelhão. Como é triatleta, ele correu até onde deixara o carro, abriu e passou a atirar nos civis.

Quando entrou no carro, com a troca de tiros, foi atingido. Só então se identificou como PM. Foi então socorrido e levado ao hospital, onde ainda permanece internado. Quando receber alta, será encaminhado ao Presídio Romão Gomes. Ele vai responder por homicídio e extorsão mediante sequestro.