sexta-feira, 23 de abril de 2010

Serra: lobo em pele de cordeiro


Em pronunciamento recente depois que foi indicada pré-candidata a presidente da República pelo PT, o PCdoB e outras agremiações políticas da coalizão que governa o país, Dilma Roussef falou com propriedade dos “lobos em pele de cordeiro”, declaração que causou surpresa em alguns, que não esperavam esse tom numa fase em que ainda não há campanha eleitoral propriamente dita. Para os que já estão acostumados com a pré-candidata de Lula, por terem acompanhado suas vitoriosas gestões no Ministério das Minas e Energia e na Casa Civil e conhecem sua verve e seu tom combativo, não havia surpresa alguma.

O que está surpreendendo, porém, é a velocidade com que o pré-candidato tucano, José Serra, está revelando o lobo que é. Muito antes do que se esperava o douto senhor está ficando nu.

Depois de ter feito um discurso pregando a unidade nacional e de ter reivindicado para si as primícias de ser democrata e lutador pelo desenvolvimento, Serra vai revelando-se como inimigo do desenvolvimento nacional, da integração latino-americana e dos movimentos sociais.

Senão vejamos. Dirigindo-se a empresários reunidos na Federação das Indústrias de Minas Gerais, o ex-governador de São Paulo invectivou contra o Mercosul, quando se sabe que o bloco sul-americano converteu-se numa das principais plataformas para o desenvolvimento nacional, que hoje não pode ser visto dissociado da integração regional. Não nos esqueçamos que foi com base na vitoriosa parceria do Mercosul que se tornou possível o engenho diplomático e as negociações bem sucedidas que, em combinação com as lutas antiimperialistas da república Bolivariana da Venezuela e das massas populares nas ruas de vários países latino-americanos, resultaram na rejeição da Alca engendrada pelo imperialismo estadunidense.

O pré-candidato tucano aproveitou o feriado de 21 de abril para atacar os movimentos sociais fazendo uma provocação intencional ao MST, desqualificando-o como organização social de luta pela reforma agrária e atribuindo-lhe objetivos políticos. De maneira unilateral, alinhou-se aos latifundiários e invocou a “lei” para condenar o uso da justa forma de luta que consiste em ocupar terras. Mas não a invoca para condenar os crimes do latifúndio. A nação não se esquece do trauma que sofreu em 17 de abril de 1996, em pleno governo de FHC, com o massacre de Eldorado dos Carajás. Em meio aos ataques ao MST, o tucano saca algumas frases de efeito sobre a “verdadeira reforma agrária” que ele prega para fortalecer o “setor produtivo”. O pré-candidato pretende consolidar-se como o preferido dos beneficiários do modelo agrário e agrícola concentrador de terras, apanágio do latifúndio e do capital financeiro, responsável pela opressão das grandes massas de trabalhadores rurais

É inevitável que Serra se desnude. O próprio andamento da batalha eleitoral evidenciará de maneira cristalina a divisão do país e a luta renhida entre dois campos nitidamente opostos. De um lado os defensores do neoliberalismo, do conservadorismo, do entreguismo, em nome dos interesses dos que sempre oprimiram e exploraram o povo brasileiro e no limite necessitam da repressão para governar. De outro, os que pugnam para o Brasil continuar avançando na senda do aprofundamento da democracia, da defesa da soberania nacional, da promoção do desenvolvimento e do progresso social, para os quais o protagonismo e a mobilização dos movimentos sociais constitui elemento estratégico indispensável. Editorial Vermelho.

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