sábado, 11 de julho de 2009

Vídeos gravados por aliados de Beto Richa levantam mais suspeitas contra o prefeito

Isso não vai dar em nada, afinal, tucanos só gostam de CPI para investigar o PT.
11/07/2009
Agência Folha

Um vídeo gravado por dois auxiliares diretos do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), para tentar desqualificar denúncias de irregularidades na campanha eleitoral que reelegeu o tucano em 2008, acabou por levantar mais suspeitas sobre a existência de um suposto caixa dois na campanha.

O vídeo foi gravado pelo procurador-geral do município, Ivan Bonilha, e pelo diretor de Transportes da URBS (empresa municipal que administra o transporte coletivo), Fernando Ghignone. Na gravação, eles conversam com o ex-gerente comercial da construtora Piemonte, Rodrigo Oriente.

Oriente trabalhou em um comitê de apoio a Richa em 2008. Foi ele quem levou à Procuradoria Regional Eleitoral, no fim do mês passado, a acusação de que esse comitê supostamente recebeu recursos de caixa dois --o que detonou uma crise na administração tucana.

A Piemonte, empresa de loteamentos que atua em Curitiba, pertence a holding Plenaventura e foi a terceira maior doadora da campanha de Richa em 2008. Nas eleições daquele ano, Ghignone era o coordenador financeiro da campanha de Richa e Bonilha era o advogado tucano da campanha.

Com mais de três horas de gravação, o vídeo registra conversas entre eles e Oriente em 10, 11 e 13 de junho deste ano.

As gravações foram feitas no escritório da distribuidora de livros de Ghignone. No dia 22, quando a acusação de caixa dois chegou ao jornais, o PSDB divulgou uma edição de 11 minutos do vídeo, em que Oriente fala que existia ''pressão'' de opositores de Richa para que as denúncias fossem feitas.

A íntegra do vídeo, no entanto, mostra que Oriente também citou na conversa uma série de outros supostos casos de corrupção na Prefeitura de Curitiba e de fraudes na arrecadação de IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) para alimentar a campanha tucana.

Oriente afirma a seus interlocutores que enumerou 26 casos de crimes ambientais e urbanos em depoimento ao Nurce (Núcleo de Repressão ao Crime Econômico), órgão da Polícia Civil do Paraná.

Ao ouvirem as denúncias, Bonilha e Ghignone dizem que ''irão tomar providências''. A íntegra da fita foi entregue à Folha pelo próprio Richa, que também a encaminhou ao MPF (Ministério Público Federal).

Na gravação, Oriente diz que a Piemonte negociou com Richa --entre o final de 2007 e o início de 2008-- que a arrecadação de IPTU de 6.220 terrenos em um loteamento não fosse para os cofres públicos, mas sim para a campanha tucana.

''A prefeitura lança o IPTU para a Piemonte, a Piemonte pega aquele IPTU e, em vez de pagar, resolve não pagar, ficar com o dinheiro. Então foi feito um acordo, que eu participei dele com o prefeito, em que a Piemonte iria doar esse dinheiro para a campanha."

O esquema gerou R$ 334 mil para a campanha de Richa, diz Oriente. Ele afirma que R$ 200 mil foram o comitê central de Richa e o restante foi entregue a comitês pró-Richa espalhados pelos bairros de Curitiba.

Segundo ele, o dinheiro nem saiu dos cofres da Piemonte, que cobrou o IPTU dos compradores de lotes. A prestação de contas de Richa ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) aponta a Piemonte como doadora de R$ 201 mil à sua candidatura.

Ouvido ontem pela Folha, Oriente reafirmou sua versão e disse que o montante não declarado ao TRE foi para o caixa dois da campanha.

A seus interlocutores no vídeo Oriente diz que a Piemonte subornou um funcionário municipal para aterrar a nascente de um rio na zona sul de Curitiba para implantar um loteamento com 479 lotes.

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