quinta-feira, 2 de julho de 2009

NADA SERÁ COMO ANTES


Publicada em:01/07/2009


Não é possível antecipar o que vai acontecer quando o presidente Manuel Zelaya colocar novamente os pés em Tegucigalpa, mas o golpe de Estado em Honduras é, desde já, um ponto de inflexão na triste história de conspirações na América Latina. Ao contrário do que ocorreu durante todo o século 20, o presidente democraticamente eleito foi amparado por toda a comunidade internacional, com a condenação ao golpe unindo no mesmo discurso o líder cubano Fidel Castro e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

O apoio que faltou a Hugo Chávez na fracassada tentativa de golpe civil-militar na Venezuela, em 2002, foi unânime em relação a Zelaya, acusado pela forças conservadoras hondurenhas de se aproximar demais do presidente venezuelano. Nenhum argumento levantado pela oposição, pelos militares e pela Corte Suprema hondurenha justificava o golpe de Estado contra o presidente legítimo, que foi seqüestrado na residência presidencial e colocado, ainda de pijamas, num avião para Costa Rica.

Desta vez, nem a mídia titubeou em classificar o episódio como golpe de Estado e atentado contra a democracia no continente. Zelaya denunciou a situação, que atravessou as fronteiras das Américas, levando a Assembléia Geral da ONU a exigir o seu retorno incondicional ao poder.

Uma harmonia como essa seria impensável há bem pouco tempo. Os golpistas latino-americanos sempre contaram com apoio generoso de instituições midiáticas e, principalmente, dos Estados Unidos. Mas a grande crise econômica que o mundo vive, consequência dos desmandos do capital, e o fracasso do unilateralismo norte-americano provocaram uma profunda mudança na ordem política mundial. Se no campo econômico ainda não ocorreu uma ruptura que possibilite uma relação mais igual entre ricos e pobres, na política já não há mais espaço para a sustentação de regimes despóticos, por mais que sejam aliados tradicionais.

Um golpe de Estado em Honduras não passaria de nota de pé de página nos jornalões do mundo, mas virou manchete da imprensa mundial pela condenação uníssona que mereceu. Mais que isso, levou o presidente Barack Obama a reconhecer os equívocos da política externa de seu país no passado e a afirmar textualmente que os EUA nem sempre estiveram do lado certo.

Fidel Castro, por sua vez, recomendou que não se negociasse com os militares e oposicionistas que apoiaram o golpe contra Zelaya, posição assumida pela contundente resolução da ONU, aprovada sem nenhum voto contrário.

As pontes para um maior entendimento e respeito entre os povos e nações parecem estar lançadas. O golpe de Estado em Honduras promete ser um divisor de águas na história, principalmente latino-americana, encerrando de uma vez por todas a tradição golpista que atrasou o desenvolvimento e a justiça social no continente.
Mair Pena Neto, Direto da Redação.

3 comentários:

Anônimo disse...

"Nada será como antes"! Alguém disse um basta para a proliferação de ditaduras bolivarianas na América "Latrina"!

Anônimo disse...

A condenação "unânime" ao contragolpe hondurenho procede do Lula inteligente e letrado que desgoverna os EUA e dos desgovernantes bolivarianos da América Latrina.

O TERROR DO NORDESTE disse...

Engraçado. Um anônimo se confabulando com outro. Que coisa hilária!