segunda-feira, 20 de julho de 2009

Empresas da Tasso na mira da Polícia Federal


Atritos com Tasso veem desde malogro de siderúrgica
Autor(es): Cláudia Schuffner e Raquel Ulhôaerúrgica
Valor Econômico - 20/07/2009

Suplente na CPI da Petrobras, o que não lhe impede de participar dos debates, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) tem sido um dos mais aguerridos críticos da estatal no mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As pendengas do senador tucano com a Petrobras neste governo se originaram no malogro da Siderúrgica do Ceará. O projeto não foi adiante porque previa a venda de gás subsidiado para os sócios estrangeiros da Vale, que é minoritária no projeto, tendo ainda renúncia fiscal que a Petrobras calculava em R$ 19 milhões na época. A resistência da área de gás e energia da Petrobras, então liderada pelo petista Ildo Sauer despertou a ira dos cearenses. A tropa-de-choque contra a Petrobras reunia toda a bancada do Estado no Senado - , além de Tasso, Patrícia Saboya (PSB) e Inácio Arruda (PCdoB) - com o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) e seu irmão Cid, governador do Ceará.

Nem a interferência direta de Lula, do então ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, e da ministra-chefe da Casa Civil e presidente do conselho de administração da Petrobras, Dilma Rousseff, conseguiu vencer a resistência da Petrobras, e o episódio foi um dos que contribuíram para a saída de Ildo Sauer da estatal um ano depois. Em uma reunião na sede da Petrobras, no Rio, Gabrielli chegou a atirar seu crachá de presidente em cima da mesa durante uma discussão mais acalorada com Dilma.

As discussões sobre o preço do gás da Ceará Steel conseguiram opor dois membros do conselho de administração da Petrobras, Roger Agnelli (Vale) e Jorge Gerdau Johannpeter (Grupo Gerdau). O projeto foi finalmente engavetado mas o relacionamento deles nunca mais foi o mesmo.

Com o enterro definitivo da refinaria, Tasso acusou Gabrielli de romper o contrato e o chamou de "autoritário" e "tirano". Agora, a bancada dividiu-se. Arruda também é suplente na CPI e atuará na defesa. "A Petrobras mostrou que não era viável fornecer o gás naquelas condições. Reagimos em bloco, porque corríamos o risco de perder a siderúrgica", disse Arruda. Segundo ele, a crise foi contornada por Lula, que interferiu e a siderúrgica agora será a carvão, fornecido pela Vale do Rio Doce. As obras não começaram, mas Arruda está confiante. Além disso, a estatal acabou instalando no Ceará um terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL), uma antiga reivindicação do Estado.

No ano passado, quando a crise econômica atingiu em cheio a Petrobras em momento de dificuldade de caixa, foi Jeressaiti quem denunciou os empréstimos da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco do Brasil (BB). Este ano, foi a vez de o senador se colocar na linha de frente da denúncia da manobra tributária da Petrobras.

Desde a crise da siderúrgica, a cúpula da estatal também armou-se contra o senador cearense. À época do empréstimo da CEF, circulava na empresa a informação de que o senador se movia em represália a empréstimos recusados pelo banco estatal ao grupo La Fonte, de sua família. Nas últimas semanas, acompanhou-se com atenção, na Petrobras, a movimentação da PF na "Operação Luxo" em Fortaleza. Em inquérito que corre sob segredo de justiça, a PF, ao investigar irregularidades na compra de equipamentos de navios pela Petrobras, teria se deparado com compras não-declaradas de Tasso.

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