quinta-feira, 16 de julho de 2009

Crédito a beneficiário de Bolsa-Família cresce


Lisandra Paraguassú
O Estado de S. Paulo - 16/07/2009



Apesar da crise econômica, clientes do programa já retiraram, apenas este ano, R$ 215 milhões, ante R$ 151 milhões no ano passado


O primeiro programa de microcrédito voltado a pessoas que recebem o Bolsa-Família, o CrediAmigo do Banco do Nordeste, é um sucesso de público. Criado no ano passado, o sistema de pequenos empréstimos cresceu, na comparação entre janeiro e maio do ano passado e o mesmo período deste ano, 38% no número de clientes e 42% nos valores desembolsados pelos bancos. Apesar da crise econômica, os pequenos clientes do programa já retiraram, apenas este ano, R$ 215 milhões, ante R$ 151 milhões no ano passado.


O programa é dirigido a pessoas pobres e extremamente pobres, com renda per capita inferior a um salário mínimo - o mesmo perfil dos beneficiados pelo Bolsa-Família, mas também pode atender a famílias ainda não atingidas pelo programa, desde que estejam na mesma situação de penúria. Em média, os beneficiários tiram R$ 860 e pagam em carnês mensais. O índice de inadimplência, de 1,2%, é de causar inveja a qualquer loja de eletrodomésticos, banco ou administradora de cartão de crédito.

No total, 225 mil pessoas do Bolsa-Família que já retiraram recursos, o equivalente à metade de todos os clientes do CrediAmigo. A meta do Banco do Nordeste é fazer com que 70% dos clientes do microcrédito sejam do programa. A maioria dos clientes, 65%, é de mulheres e os recursos costumam ir direto para a montagem de pequenos empreendimentos na área de comércio.

"São oficinas, mercadinhos. Elas usam os recursos para montar um mercado, comprar roupas para vender como sacoleiras ou montar bancas em feiras", conta o gerente de negócios em exercício do Banco do Nordeste, Bruno Gama Fortes.

Teresa Gomes, de Paraipaba, pequena cidade de 28 mil habitantes no litoral norte do Ceará, é uma das beneficiárias do programa. Vendedora ambulante de produtos de beleza, ela e o marido têm como renda fixa apenas um salário mínimo, que ele recebe como pedreiro.

Em janeiro, ela obteve um empréstimo de R$ 2 mil, que está sendo pago em mensalidades de R$ 151. "Foi uma beleza", comemora. "Ainda não tem piso nem reboco, mas pude fazer um teto para morar."

Uma parte do dinheiro foi usada na compra de produtos que ela vende de porta em porta, garantindo assim o pagamento do empréstimo, que vai até a metade de 2010.

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