terça-feira, 21 de abril de 2009

FARRA DAS PASSAGENS:TEM MUITA GENTE COM MEDO



Parlamentares tentam se antecipar às denúncias de que usaram passagens pagas com dinheiro público e admitem que utilizaram os bilhetes. Ministério Público investiga irregularidades

Ricardo Brito e Edson Luiz
Correioweb

21/04/2009
Quem será a próxima vítima? Ou melhor, ninguém quer ser a próxima vítima. O escândalo das passagens aéreas da Câmara tomou um curioso rumo ontem durante o dia de ontem: a vacina antifarra aérea e assim evitar mais um desgaste diante do eleitor. Num primeiro grupo, parlamentares decidiram se antecipar à desconfortável revelação de que levaram parentes para viajar com dinheiro público e divulgaram seus gastos. Outros, sem ter qualquer controle sobre as questões administrativas dos seus gabinetes, pediram aos assessores que mapeassem, o quanto antes, suas despesas.

O principal parlamentar a usar a vacina antifarra foi o próprio presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP). Ele divulgou nota ontem, no final da tarde, em que admitiu ter levado, em sua cota de passagens, parentes para viagens fora de atividades do Congresso. Menos de uma hora depois, o site Congresso em Foco revelou que Temer havia viajado com a esposa e o irmão para Porto Seguro (BA) no final de janeiro de 2008.

A assessoria de imprensa do presidente da Câmara alega que, desde a semana passada, Temer já havia pedido ao seu gabinete que fizesse um levantamento das despesas com passagens nos últimos dois anos. A análise se deu depois da conversa entre Temer e a procuradora Anna Carolina Resende, da equipe do Ministério Público Federal que investiga o uso das passagens aéreas dos parlamentares. A assessoria dele negou que a nota tenha relação com a reportagem de ontem.

O corregedor e segundo vice-presidente da Câmara, ACM Neto (DEM-BA), é outro que se vacinou. Questionado na tarde da segunda-feira pelo Correio se viajou para fora do país com recursos públicos, ACM disse que não sabia. E, assim como Temer, mandou assessores que verificassem suas despesas aéreas desde o início do atual mandato. Pretende divulgá-las amanhã. “Acho que cada deputado deve ter o mesmo cuidado com suas passagens”, sugeriu o corregedor. “É uma questão administrativa que o deputado não olha pessoalmente e sim por intermédio de um assessor”, desconversou.

Antes do presidente e do corregedor da Câmara, pela manhã, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) já confessara que havia repassado passagens para parentes fora da atividade parlamentar. Um dos representantes do chamado grupo ético da Casa não sabe quanto gastou e, também, apresentará seus gastos com passagens em breve. De antemão, anunciou que vai propor à Câmara e ao Ministério Público Federal um acordo para ressarcir os gastos. “Sempre foi uma política autorizada, mas ela tem que terminar”, declarou, criticando a decisão da Câmara da semana passada que legalizou a viagem dos parentes. E comentou: “A primeira reação que recebi foi o comentário cínico: ‘ninguém escapa’ ou ‘ele nunca me enganou’ — não acho que isso vai ser rapidamente superado. E eu não me importo. Para sobreviver politicamente, vou encarar de frente a morte política. É mais importante que meu destino pessoal.”

Ao todo, 19 deputados viajaram mais de 20 vezes para o exterior bancados pela Câmara. O recordista é Dagoberto Nogueira (PDT-MS), com 40 viagens em 22 meses. Diante da farra aérea desnudada a cada dia, os três devem tentar encontrar, até o final da semana, uma nova proposta para as viagens que atenda ao interesse dos parlamentares, mas deixe-os bem perante a opinião pública.
TCU

O procurador Marinus Eduardo Marsico, representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), se reuniu ontem com os diretores da Câmara, Sérgio Sampaio, e do Senado, Alexandre Gazineo, para discutir os problemas administrativos vividos pelas duas Casas. Segundo Marsico, o assunto não ficou restrito à cota de passagens aéreas dos parlamentares, mas a outros temas. O procurador fez algumas recomendações ao Legislativo, e condenou o pagamento de R$ 29 mil à viúva do senador Jefférson Peres (PDT-AM), morto em maio do ano passado. Os recursos equivalem aos valores da cota em passagens que Peres tinha direito.

“A reunião, do ponto de vista técnico, foi muito boa. Colocamos nossa preocupação com alguns assuntos e sugerimos alguns procedimentos preventivos”, afirmou Marsico, explicando que não pode entrar na investigação sobre as passagens, uma tarefa hoje por conta da procuradora da República no Distrito Federal, Anna Carolina Resende. Entretanto, ele pediu que o Legislativo adotasse procedimentos em relação ao uso das cotas de passagens. Uma delas, segundo Marsico, era evitar a venda de bilhetes ou cedê-los para terceiros, como fez o deputado Fábio Faria (PMN-RN), que levou a ex-namorada Adriane Galisteu e a mãe da apresentadora a uma viagem a Miami, usando passagens das Câmara (leia mais na página 4).

Entretanto, o procurador junto ao TCU questionou a transferência dos recursos para a viúva de Peres, e vai pedir o ressarcimento do dinheiro para os cofres da União. “Não é um procedimento regular, porque as passagens é de uso do parlamentar e não transmite a herdeiros”, disse Marsico.


OS BENEFÍCIOS

Salário de R$ 16,5 mil

Ajuda de custo equivalente a dois salários extras pagos no fim e no começo de cada ano

Verba de gabinete de R$ 60 mil mensais

Verba indenizatória de R$ 15 mil ao mês

Auxílio-moradia de R$ 3 mil mensais

Auxílio-passagem, que varia de R$ 3.760* a R$ 14.989,60* de acordo com o estado de origem do parlamentar, que tem direito ainda a cotas postal e telefônica

(*) Já considerada a redução de 20% para cada deputado anunciada pela Câmara na semana passada

Um comentário:

O TERROR DO NORDESTE disse...

Caro Laguardia, você não é contra o corrupção do Brasil, você é contra a corrupção em que o PT está metido que, aliás, em se comparando com os outros, é pouca. Tucano para você não rouba, cometem apenas ERRO FORMAIS.Já li seu blog e nunca vi uma crítica sua em relação aos TUCANOS, estes sim, os maiores corruptos do Brasil.