sábado, 21 de fevereiro de 2009

UM TIRO NO PÉ DE SERRA


Mauricio Dias

Inacreditável como um político veterano, o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, do PMDB, pode ter cometido tantos erros primários como cometeu na longa entrevista dada à revista Veja. Durante 48 horas ele mobilizou a imprensa. E nada mais.

Jarbas acusou o PMDB de ser um partido clientelista e corrupto. Uma obviedade acaciana que pode ser estendida a quase todos os partidos. Generalizou as acusações e só por modéstia, no último minuto, deve ter deixado de se apresentar como exceção à regra. Supostamente.

Não aduziu, também, a uma única prova. Mesmo contra corruptos notórios é preciso provar para acusar, ainda que o acusador esteja protegido pela imunidade parlamentar. Não basta a suposição nem a verossimilhança. Sem isso, o jogo perde as regras. Mais cauteloso – talvez mais medroso – que o deputado Roberto Jefferson, o senador não citou nomes. Há mais distâncias entre um caso e outro. Jefferson apresentou-se tão-somente como guardião da ética pública. Jarbas quis mais. Além do biombo ético, ele, descuidadamente, declarou-se partidário da candidatura presidencial de Serra, em 2010. Com isso, contaminou com razões político-eleitorais as denúncias e deu um tiro no pé de Serra.

O PSOL, atingido, como todos os outros partidos, pelas afirmações genéricas de Jarbas Vasconcelos, resolveu passar a acusação a limpo. Uma nota divulgada pela pequena e aguerrida bancada do partido na Câmara e no Senado desafiou o acusador a apontar provas.

“Para serem consequentes, suas denúncias devem vir acompanhadas do detalhamento de situações, nomes e fatos que gerem iniciativas aguardadas por toda a sociedade, em nome do interesse público”, diz o PSOL.

As circunstâncias adversas de Jarbas, em Pernambuco, explicam muito da sua ação. O PMDB, no estado, tem um deputado federal, um vereador na capital e somente 12 prefeitos. Um sufoco. Isso o empurrou para o objetivo da entrevista: abrir uma dissidência tucana no PMDB para reingressar no debate político. Estratégia bem razoável, porém mal executada.

Jarbas não cumpriu o ritual elementar. Ou seja, organizar um grupo e expressar a vontade desse grupo. Eis porque, em nota oficial, o PMDB classificou o episódio como um mero “desabafo”. Registre-se, em favor do senador, o telefonema de apoio do ex-governador paulista, e também “serrista”, Orestes Quércia. O gesto e o nome dispensam apresentações.

Jarbas Vasconcelos ofendeu um partido que tem as maiores bancadas no Congresso, além de contar com cerca de 1.300 prefeitos e nove governadores. Todos eles eleitos ou integrantes desse partido que, segundo o senador, está contaminado pela corrupção.

A questão agora é: com que cara os dissidentes do PMDB vão subir no eventual palanque de Serra no ano que vem? Onde estarão Jarbas e Quércia, naturalmente.

Comentário.

Bem, vou mais além, eu quero ver com que cara Jarbas vai defender o Bolsa Família, denominado por ele, num profundo desrespeito ao pobres que, infelizmente, ainda vota nesse imbecil, como O MAIOR PROGRAMA DE COMPRA DE VOTOS DO MUNDO.

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